
Em Preparação, por Emmanuel
Gilson Luís Roberto, médico com formação em Psicologia
Analítica Junguiana e Homeopatia e presidente da Associação Médico-Espírita do Rio Grande do Sul, falando da espiritualização no atendimento hospitalar:
Folha Espírita - O aspecto espiritual é levado em conta com pacientes
internados?
Gilson Luís Roberto - Na maioria dos pacientes internados o aspecto espiritual é negligenciado, exatamente no momento em que essas necessidades são maiores, quando o paciente sente-se ameaçado e inseguro, onde reflexões como morte, castigo divino, culpas, necessidade de recolhimento e oração, entre outras, surgem com mais força requisitando maior atenção e um olhar cuidadoso para esses
aspectos.
FE - Por que esse fator é importante para o paciente? Em quais circunstâncias?
Roberto - A espiritualidade faz parte do psiquismo humano, necessitando da mesma
atenção que se dá à saúde corporal e aos demais aspectos psíquicos como a
inteligência e a sexualidade.
A humanização do atendimento médico-hospitalar, baseado no respeito ao paciente,
deve contemplar todas as suas necessidades físicas, emocionais, sociais e
espirituais, que não estão dissociadas, favorecendo uma recuperação mais rápida
e um atendimento mais humano.
Como a espiritualidade é algo inerente ao psiquismo humano, em qualquer ocasião
cabe o olhar respeitoso e atencioso do fator espiritual, principalmente nos
momentos de desesperança e insegurança provocados pela doença e pela solidão.
FE - A espiritualidade ajuda na recuperação do paciente internado?
Roberto - Sem dúvida! Tanto a espiritualidade intrínseca como a espiritualidade
extrínseca.
A pessoa espiritualizada, que busca desenvolver a sua religiosidade através de
uma prática espiritual sincera e verdadeira, por si só apresenta grandes
vantagens na forma como enfrenta e administra suas dificuldades, ensejando uma
atitude de profunda fé e calma perante os percalços da vida física. Isso é um
verdadeiro antídoto contra o estresse, a loucura e o desespero. Além disso, as
pesquisas médicas demonstram que práticas como a oração e a meditação fortalecem
o sistema imunológico, favorecem a recuperação do paciente, diminuam o uso de
anestésico e aceleram a cicatrização cirúrgica. Referente à espiritualidade
extrínseca, poderíamos afirmar que a espiritualidade amiga está sempre presente,
apoiando a nossa mais completa recuperação da saúde física e, principalmente, da
saúde espiritual. Aí a importância da oração intercessória.
Infelizmente as nossas atitudes internas mais dificultam do que favorecem o
auxílio da espiritualidade, que, mesmo assim, permanece presente em auxílio
constante. Por isso a necessidade de nos voltarmos mais para os aspectos
espirituais, favorecendo, assim, a nossa própria cura. O que observamos, na
verdade, é a falta de ambiente e receptividade que favoreça a ação da
espiritualidade. Tanto sobre os aspecto de despreparo do paciente quanto do
médico.
Há se os médicos orassem mais pelos seu pacientes e antes de qualquer
procedimento técnico!
FE - Como é espiritualizar e humanizar o atendimento?
Roberto - O processo de humanização é bastante amplo e complexo. Envolve a
administração do hospital, o cuidado com os seus funcionários, passa pela
preparação técnica e humana do profissional que presta o atendimento e acaba na
forma como olhamos o paciente e seus familiares, buscando sempre uma visão
integral e humana em cada um. Para realizarmos esse atendimento humanizado,
necessariamente teremos que nos voltar para os aspectos espirituais, favorecendo
a sua prática e dando espaço para que isso aconteça. Isso se refere tanto ao
diálogo com o paciente sobre as suas crenças e assuntos que lhe preocupam ligado
a espiritualidade (medo da morte, culpas etc.), como possibilitar prática de
atividades espirituais que possam fortalecer sua fé e favorecer a sua
recuperação, desde a oração e meditação até o toque terapêutico, que nós
espíritas chamamos de passe ou imposição das mãos. Quem pretende explicar a
existência dos hospitais como uma organização destinada apenas a tratar do corpo
biológico se equivoca, cometendo uma redução. Ainda que nos hospitais a ênfase é
a dada aos processos curativos que operam sobre o corpo biológico, eles mantêm
sua condição de produto social e de espaço de trocas intersubjetivas. Trocas que
acontecem diariamente e que envolvem o mundo interno de cada um e suas trocas
com o mundo de fora. Em relação aos pacientes, a humanização envolve a
disponibilidade do profissional em ouvi-los com a devida atenção, respeitando o
que eles têm para nos dizer. Aliás, o termo respeitar vem do latim respectaire,
que significa olhar de novo, olhar com mais atenção. Para que o sofrimento
humano seja realmente atenuado e as percepções de dor ou de prazer sejam
humanizadas, é preciso que as palavras que o sujeito expressa sejam reconhecidas
pelo outro. Em outras palavras, humanizar é buscarmos a capacidade de nos
relacionarmos uns com os outros, o que encontramos de uma forma plenificada nas
palavras de Jesus em seu Evangelho, quando nos recomendou que amássemos uns aos
outros como a si mesmo.
FE - Temos exemplos no Brasil? E no mundo?
Roberto - Hoje se fala muito em humanização no mundo todo. Nos cursos de
pós-graduação é comum essa matéria estar presente. Aqui no Brasil o Ministério
da Saúde instituiu em 2001 o Programa Nacional de Humanização da Assistência
Hospitalar para a rede hospital do SUS. Entre as várias campanhas de humanização
que existem salientamos o do parto humanizado, o do atendimento à criança de
baixo peso e a campanha “Cuidar de quem Cuida”. Embora muitos hospitais no
Brasil já tenham aderido ao programa do Ministério da Saúde, ainda é grande a
dificuldade de se implantar a humanização hospitalar, que esbarra na falta de
uma cultura interna sobre o assunto e no pouco envolvimento dos médicos. No
Hospital Espírita de Porto Alegre iniciamos um projeto de humanização hospitalar
que contempla o atendimento espiritual, através da Evangelhoterapia, palestras
doutrinárias e fluidoterapia, aos funcionários, pacientes e familiares.
Folha Espírita entrevista o Dr. Gilson Luís Roberto (Presidente da AME-RS),
homeopata (matéria publicada na Folha Espírita em setembro de 2005).
Dia 01 de 1858
Em Paris, França, Allan Kardec funda a Sociedade Parisiense de Estudos
Espíritas.
Dia 01 de 1918
Nasce em Buquim, no sul de Sergipe, José Martins Peralva Sobrinho, mais
conhecido como Martins Peralva. Desencarna em 3 de setembro de 2007, em Belo
Horizonte, MG.
Dia 01 de 1972
O Jornal Mundo Espírita, da Federação Espírita do Paraná, muda seu formato para
tablóide, com 12 páginas e circulação mensal.
Dia 01 de 1994
Aberto o 3º Encontro Confraternativo de Juventudes Espíritas do Paraná, em Campo
Largo, com Raul Teixeira. Tema: A busca da identidade. Evento encerrado em 3 de
abril de 1994.
Dia 01 de 2001
Encerramento do 5º Simpósio Paranaense de Espiritismo, no Ginásio de Esportes do
Círculo Militar do Paraná, em Curitiba, com o tema Espiritismo, educação para a
paz, com a coordenação de Divaldo Pereira Franco e Raul Teixeira. Abertura no
dia 30 de março de 2001.
Dia 01 de 2005
O Jornal Mundo Espírita, da Federação Espírita do Paraná, muda a sua
diagramação.
Dia 02 de 1869
Em Paris, França, é sepultado o corpo de Allan Kardec, no cemitério de
Montmartre.
Dia 02 de 1901
Em Juiz de Fora, MG, fundado o Centro Espírita União, Humildade e Caridade,
considerado o primeiro Centro Espírita daquela cidad... Saiba mais...