
Em Preparação, por Emmanuel
Cá estamos nós outra vez às voltas com o polêmico tema da diminuição da maioridade penal. O que teria feito todas essas vozes se calarem desde aquele seqüestro de uma jovem por um adolescente até a morte do garoto João Hélio? Será que nesse tempo todo não se identificaram crimes cometidos por menores de 18 anos? Será que todas as vítimas da violência e da criminalidade desse período não merecem atenção da mídia e dos nossos representantes políticos? Será necessário despedaçar um ser humano em via pública para acordarmos?
É muito bom observar uma comunidade inteira indignada com o envolvimento de jovens no crime, mas é muito triste constatar que somente na ocorrência de crimes bárbaros, capturados e divulgados pela mídia, essa consciência se desperta.
Seria extremamente importante que todos nós estivéssemos atentos aos chamamentos
diários da sociedade capitalista para o crime. Melhor seria ainda se nos
apercebêssemos de que há uma infinidade de crianças e adolescentes mergulhados
no mundo do crime, acordando, dormindo e respirando 24 horas por dia esse clima.
Muito melhor poderia ser se nos perguntássemos o que nós mesmos podemos fazer
para mudar esse estado de coisas.
Se um ou outro jovem brasileiro chama a atenção por se envolver em crime grave,
chocando a sociedade, deveríamos nos chocar com maior razão frente ao número
infinitamente maior e desproporcional de crianças e jovens que são vítimas
diárias do crime. Lamentavelmente, a mídia e os políticos não enfocam com a
mesma intensidade e coragem os crimes bárbaros, incluindo homicídios, aos quais
assistimos inertes, constantemente, ceifando vidas de crianças e jovens
inocentes. Muitos morrem vitimados pela polícia, pelo crime organizado, pela
violência doméstica, enquanto outros crescem meio-vivos-meio-mortos, mutilados
pela falta de estrutura familiar (nas mais diferentes classes sociais), ou ainda
à míngua dos recursos básicos na classe miserável. Outros tantos, provavelmente
os mais infelizes, estão aprendendo a atirar, a esfaquear, a vender e usar
droga, a roubar e praticar atrocidades contra seu próximo. Por mais absurdo que
possa parecer, não nos incomodamos com essa situação.
A receita está sempre pronta: é preciso aplicar tratamento mais severo, aumentar
as penas e enrijecer o regime de cumprimento das reprimendas penais. O ideal,
dizem, seria diminuir a maioridade penal e colocar esses infelizes criminosos
para apodrecer na cadeia.
Ora, se estamos desejando isso aos nossos jovens, o que temos a oferecer, em
matéria de recuperação e ressocialização, àqueles que infringem a ordem legal em
fase mais adulta da vida? Pena de morte, responderia uma infinidade de pessoas.
Jovens precisam de oportunidades
Não é essa, porém, a receita espírita. Somos detentores de inteligência e a
possuímos para usar convenientemente na construção de um mundo melhor. Os nossos
jovens, todos, necessitam de oportunidades. Embora reconhecendo a absoluta
incompetência dos órgãos encarregados do cumprimento da pena para desenvolver
mecanismos aptos a educar, reeducar, encaminhar e recuperar pessoas, o que torna
necessária a existência de presídios – às vezes de segurança máxima –, o foco
tem de ser a educação. A punição em si não gera benefício algum.
Ademais, o que adiantam novas leis se nem as velhas são cumpridas? O sistema
prisional passa longe do que determina a Lei de Execução Penal e o Estado,
absolutamente, não cumpre o Estatuto da Criança e do Adolescente, fornecendo os
meios necessários à educação e ressocialização. Para que, então, novas leis?
Melhor seria cumprir as que já existem.
Se hoje uma comunidade fica relativamente tranqüila ao saber que um criminoso
está preso (não se ignore a possibilidade de fugas), hoje mesmo deve começar a
se preocupar com a provável breve convivência com o mesmo criminoso, pois o
sistema não educa e ele voltará ao ceio da mesma sociedade quando atingir o
benefício da progressão de regime. Mas, então, seria recomendável a pena de
morte! Não concordamos também com isso.
O espírito é imortal e fora da dimensão física continua agindo normalmente. Nada
impede que um espírito despido do corpo físico invista suas energias na prática
de crimes, estimulando e assessorando seus comparsas, encarnados ou
desencarnados, com a grande vantagem de não estar limitado aos cinco sentidos
físicos. O que fazer então? Não há alternativa, a partir da compreensão
espírita, senão investir na educação dos espíritos, com ou sem corpo físico.
Defendemos a existência de uma lei penal séria, que garanta a tranqüilidade das
pessoas de bem, mas isso não é possível sem os recursos da educação. A falácia
de agravar as penas e os sistemas penitenciários está sendo desmascarada, pois a
nossa realidade tem demonstrado que não produz resultados positivos; ao
contrário, as coisas parecem piorar a cada dia. Assim será até que o ser humano
descubra que todos têm direito à educação, todos precisam ser bem formados e
informados, todos merecem acesso aos direitos fundamentais, todos,
indistintamente.
Trabalhemos para educar nossas crianças, dediquemos energia ao oferecimento de
recursos à sobrevivência digna de nossos jovens, busquemos formar adequadamente
as pessoas, todas, que estão à nossa volta, e estaremos contribuindo para um
mundo melhor. Se todas as pessoas fossem cidadãs, não haveria necessidade de
punir, pois não existiriam criminosos. Cada cidadão a mais diminui a
possibilidade de mais um criminoso.
A partir de nossa própria casa também podemos colaborar, bastando que
trabalhemos pela modificação da cultura. Educar nossa família para a vida
comunitária, investir em projetos sérios que encaminham crianças, denunciar
maus-tratos, abandono, corrupção e todo tipo de violência contra os direitos das
crianças e adolescentes são ações produtivas, bem como dialogar com as pessoas
de forma esclarecedora. O nosso engajamento na causa é fundamental, pois a
postura corriqueira de sentar na arquibancada, criticar e jogar pedras só piora
o quadro geral.
Também não podemos deitar no sofá e esperar a banda passar. Talvez tenhamos
feito isso uma vida inteira e agora estejamos assistindo às conseqüências. O
nosso envolvimento imediato é necessário. A singela iniciativa de defendermos a
causa da educação já nos tira do ostracismo e nos torna ativos participantes do
projeto de mudança. Vamos trabalhar. Afinal, para criticar, já tem muito ocioso
por aí!
Jacira Jacinto da Silva é formada em Ciências Biológicas, Matemática e Direito,
especializada em violência doméstica contra crianças e adolescentes pela USP,
mestre em Direito, professora universitária e juíza de Direito há mais de 13
anos, atualmente titular da 3ª Vara Cível da Comarca de Bragança Paulista - SP.
Matéria publicada na Folha Espírita, maio de 2007
Dia 01 de 1858
Em Paris, França, Allan Kardec funda a Sociedade Parisiense de Estudos
Espíritas.
Dia 01 de 1918
Nasce em Buquim, no sul de Sergipe, José Martins Peralva Sobrinho, mais
conhecido como Martins Peralva. Desencarna em 3 de setembro de 2007, em Belo
Horizonte, MG.
Dia 01 de 1972
O Jornal Mundo Espírita, da Federação Espírita do Paraná, muda seu formato para
tablóide, com 12 páginas e circulação mensal.
Dia 01 de 1994
Aberto o 3º Encontro Confraternativo de Juventudes Espíritas do Paraná, em Campo
Largo, com Raul Teixeira. Tema: A busca da identidade. Evento encerrado em 3 de
abril de 1994.
Dia 01 de 2001
Encerramento do 5º Simpósio Paranaense de Espiritismo, no Ginásio de Esportes do
Círculo Militar do Paraná, em Curitiba, com o tema Espiritismo, educação para a
paz, com a coordenação de Divaldo Pereira Franco e Raul Teixeira. Abertura no
dia 30 de março de 2001.
Dia 01 de 2005
O Jornal Mundo Espírita, da Federação Espírita do Paraná, muda a sua
diagramação.
Dia 02 de 1869
Em Paris, França, é sepultado o corpo de Allan Kardec, no cemitério de
Montmartre.
Dia 02 de 1901
Em Juiz de Fora, MG, fundado o Centro Espírita União, Humildade e Caridade,
considerado o primeiro Centro Espírita daquela cidad... Saiba mais...