Dissertação de Mestrado aponta que a prática espiritual pode ser um tratamento eficaz para a deficiência mental

A prática espiritual, quando empregada em conjunto com padrões médicos convencionais, pode ser um tratamento eficaz para a deficiência mental. É o que concluiu o médico psiquiatra Frederico Leão, 44, em sua dissertação de mestrado defendida no Instituto de Psiquiatria (IPq), da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). O pesquisador analisou os casos de 650 pacientes internados nas Casas André Luiz, onde é diretor clínico, e verificou que aqueles que foram submetidos a sessões espirituais obtiveram melhoras significativas. Leão utilizou a metodologia científica (estatística e escala psiquiátrica de avaliação) para analisar o efeito das sessões mediúnicas.

Folha Espírita – A prática espiritual é um tratamento eficaz para a deficiência mental?
Frederico Leão – Sim, estudos no mundo inteiro, mas principalmente nos Estados Unidos e Europa, têm demonstrado evidências científicas da eficácia de práticas espirituais associadas à saúde física e mental. A própria Organização Mundial de Saúde tem revisto o seu conceito de saúde/doença como um equilíbrio do bem-estar físico, emocional, espiritual e social. Esses trabalhos científicos, publicados nas revistas médicas de impacto, têm apresentado efeitos positivos da associação de preces e outras práticas espirituais, quando comparados com grupos em que não ocorrem essas ações.

FE – Como o senhor chegou a essa conclusão?
Leão – Tenho trabalhado nos últimos sete anos em uma instituição espírita de saúde, o Centro Espírita Nosso Lar Casas André Luiz, onde essas práticas espirituais são executadas paralelamente às práticas médicas e multidisciplinares convencionais. E tenho observado diversos casos em que ocorrem efeitos positivos na saúde e no comportamento de pacientes que foram submetidos às práticas espirituais que acontecem na instituição. Em função disso, foi desenvolvido por nós um projeto de pesquisa, em parceria com a Faculdade de Medicina da USP, visando a avaliar o impacto dessas práticas espirituais de uma forma sistêmica e científica nos pacientes. Esse estudo, que constituiu uma dissertação de mestrado defendido na pós-graduação FMUSP, evidenciou efeitos positivos.

FE – Que tipo de prática espiritual deve adotar o paciente?
Leão – A prática espiritual adotada pelo paciente deve ser aquela que estiver em harmonia com suas crenças. No nosso estudo, baseamo-nos nas práticas espirituais adotadas pelo Centro Espírita Nosso Lar Casas André Luiz, com base na Doutrina Espírita, que se constituem principalmente de energização e reuniões mediúnicas. Mas há estudos, principalmente fora do Brasil, associando outras práticas espirituais, como, por exemplo, a prece intercessória.

FE – O paciente mental segue orientações?
Leão – O estudo desenvolvido nas Casas André Luiz teve como população pessoas portadoras de retardo do desenvolvimento mental, que participaram sem estar presentes fisicamente em reuniões mediúnicas. Essa participação foi mediada por médiuns, que funcionaram como intermediários na comunicação com os pacientes. Portanto, eles não tinham consciência dessa participação. A identificação da participação do paciente na reunião mediúnica era feita por critérios estabelecidos pela pesquisa. Portanto, a condição de portador de retardo de desenvolvimento mental não era impedimento e nem a compreensão do paciente era condição para o estudo.

FE – Qual foi o seu método de avaliação?
Leão – O método adotado foi um ensaio clínico duplo-cego, em que toda a população do Centro Espírita Nosso Lar Casas André Luiz, constituída de 650 pacientes, foi submetida a duas avaliações utilizando uma escala de observação de pacientes psiquiátricos internados (EOPPI), realizada por entrevistadores previamente treinados. Foi constituído um grupo experimental por pacientes que participavam de reunião mediúnica sem o conhecimento dos entrevistadores. Posteriormente, esse grupo experimental foi comparado com o grupo-controle.

FE – O que ele considera?
Leão – O método considera as variações clínicas e comportamentais ocorridas nos dois grupos (experimental/ controle) e verifica significância estatística.

FE – Com a conclusão, mudou algo em seu trabalho?
Leão – A conclusão do estudo demonstrou evidências científicas de que as práticas espirituais estudadas trazem benefícios na saúde clínica e comportamento dos pacientes, levantando novas questões e estimulando novas pesquisas.

FE – E nas Casas André Luiz?
Leão – A instituição sentiu-se estimulada a dar continuidade às práticas espirituais já adotadas e incremento de novas. Uma maior integração entre equipe técnica e voluntários que prestam assistência espiritual.


A Folha Espírita entrevistou o Dr. Frederico Leão, psiquiatra - matéria publicada na Folha Espírita em outubro de 2005.


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O Jornal Mundo Espírita, da Federação Espírita do Paraná, muda seu formato para tablóide, com 12 páginas e circulação mensal.
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