Pesquisa revela preconceito e desconhecimento em relação à epilepsia

Por Flávia Mantovani

"Ser invadido ou possuído". O significado da palavra epilepsia, de origem grega, revela como essa condição vem sendo cercada de mitos desde tempos remotos. De privilégio divino na Grécia Antiga a castigo dos céus na Idade Média, a associação do problema a fenômenos sobrenaturais foi variando do sagrado ao diabólico ao longo da história. Mesmo que o verdadeiro responsável – o cérebro, e não espíritos mágicos – tenha sido descoberto pelo filósofo Hipócrates há mais de 2.400 anos, a epilepsia ainda hoje está cercada de preconceitos e de desconhecimento.

Muitos pacientes chegam a ter dificuldades no relacionamentos, no ambiente escolar e no mundo do trabalho. “Do ponto de vista da saúde pública, o preconceito é o maior problema associado à epilepsia. Em função dele, os pacientes ficam escondidos, deixam de ir ao médico para não ter que avisar o patrão e, com isso, acabam não recebendo tratamento”, afirma o psiquiatra Renato Marchetti, coordenador do Projeto Epilepsia e Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo)

Dados preliminares de um dos maiores levantamentos epidemiológicos brasileiros na área confirmam a observação de Marchetti.

Segundo a pesquisa, feita nas cidades de Campinas e São José do Rio Preto (Ambos no Estado de São Paulo), 40% dos pacientes não recebem tratamento adequado. Foram ouvidas 96 mil pessoas – 290 tinham epilepsia ativa, caracterizada por pelo menos uma crise nos últimos dois anos.

“O trabalho mostrou que 20% dos pacientes não tomam nenhum remédio, quando a epilepsia é altamente tratável. E estamos lidando com o melhor cenário, já que a região estudada tem acesso universal ao sistema de saúde”, diz o neurogista da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) Li Li Min. O Médico é presidente da Aspe (Assistência à Saúde de Pacientes com Epilepsia), organização não-governamental que realizou o estudo, em conjunto com a Unicamp e com a Famerp (Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto).

O trabalho faz parte do levantamento demonstrativo nacional da “Campanha Global Epilepsia Fora das Sombras” e será apresentado oficialmente em maio, em um workshop do qual participarão representantes de outros países que também integram o projeto.

O objetivo é criar um modelo nacional de atendimento aos pacientes e planejar ações de esclarecimento a profissionais da saúde, professores e população leiga.

Conheça a epilepsia

O que é

Condição neurológica caracterizada por crises epilépticas que se repetem na ausência de fatores tóxicos, metabólicos ou febris.

Crises

As mais conhecidas são as convulsões, mas há vários outros tipos: visão de flashes, movimentação de braços involuntariamente e “desligamento” da realidade por alguns segundos são exemplos. Para que haja diagnóstico de epilepsia, a pessoa deve ter crises recorrentes não causadas por febre, drogas ou alterações metabólicas.

Tratamento

Aproximadamente 80% dos casos se resolvem com tratamento medicamentoso. Para alguns pacientes, pode ser indicada uma cirurgia.

Famosos com epilepsia

Os escritores Machado de Assis, Fiodor Dostoiévski e Gustave Flaubert, o cientista Alfred Nobel, o compositor Ludwig Van Beethoven e o pintor Vincent Van Gogh são algumas personalidades que, segundo dados históricos, podem ter tido epilepsia.

O que fazer diante de uma Crise Tônico-Clônica Generalizada (Convulsão)

Fique calmo. Saiba que a crise tem começo, meio e fim (costuma durar de poucos segundos a um minuto) Remova de perto da pessoa objetos que possam machucá-la

Tente levar conforto ao paciente. Afrouxe suas roupas (gravatas, botões e colarinhos de camisa) e proteja sua cabeça com algo macio.

Tente colocar a cabeça da pessoa para o lado para impedir que a saliva se acumule, dificultando a respiração. Não segure o paciente, não introduza nada em sua boca, não prenda sua língua (não há perigo de ele engoli-la) nem tente fazê-lo voltar a si jogando água, esfregando álcool ou batendo em seu rosto.

É comum que a pessoa fique confusa ou com sono depois da crise. Conte-lhe o que houve e incentive-a a procurar um médico caso não se trate.

Procure ajuda médica imediatamente após a crise apenas se ela se prolongar por cinco minutos ou mais, se for seguida por outras ou se a pessoa não voltar a si, se ela for diabética, estiver grávida, machucar-se ou estiver doente durante a crise.

Fontes: Aspe, neurologista Magda Lahorgue Nunes, Liga Brasileira de Epilepsia.

Jornal Folha de São Paulo - 23/02/2006 - Caderno Folha Equilíbrio


Fonte: jornalismo RBN


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