Mediunidade e Neurologia

--- Questão [#001]
Tenho dores de cabeça com uma certa freqüência e enxaqueca clássica raramente.
Em uma época de minha vida sofri com crises de pânico e tinha uma sensação de
deslocamento durante o dia, esta se parece como quando estamos no início de uma
bebedeira (pouco antes de ficar embriagado) ou com uma tragada de cigarro muito
forte. Participo de grupos de estudos de projeciologia e expliquei o fato
quando estudávamos a parte de projeção no momento do sono  a explicação parecia
muito próxima do que me acontecia quando acordado !! Foi me dito que isto
realmente pode acontecer quando um espírito vai aplicar um passe ou outra
intervenção. O problema é que quando sinto a sensação de deslocamento a dor de
cabeça vem em seguida. A explicação foi "você precisa desenvolver a
mediunidade". Minha pergunta é : Isto é um sintoma neurológico ou realmente
pode ser que necessite desenvolver a mediunidade ?

Resposta: Não é fácil dar uma certeza no diagnóstico quando os sintomas são
subjetivos. A pessoa relata o que sente mas não há exames que confirmem suas
alterações. Isto é comum na enxaqueca e na doença do pânico.Em qualquer um
destes quadros pode haver sensações de tonteira e deslocamento corporal, sem
que algum exame específico possa constatar as alterações. Mais complicado
ainda, será o diagnóstico diferencial destes quadros tipicamente orgânicos com
aquelas manifestações que ocorrem no início das chamada manifestações
mediúnicas.É o tempo quem vai nos mostrar ou a eclosão das potencialidades
mediúnicas ou a caracterização mais típica da enxaqueca ou do pânico. Quero
também alertar para este vício comum dos nossos ambientes espíritas. Na maioria
dos centros ainda se estimula a freqüência dos adeptos com a sugestão de virem
ao centro para "desenvolverem" a sua mediunidade. Convém relermos o Livro dos
Médiuns onde é afirmativa a orientação de que a mediunidade é uma aptidão que
"não se desenvolve". Podemos no máximo disciplinar, educar e instruir o médium,
para que ele favoreça, sem obstáculo ou rejeição, a eclosão da sua mediunidade.

--- Questão [#002]
O senhor tem noticia de alguma pesquisa onde tenha sido observada alterações
nas atividades cerebrais de um médium durante o transe mediúnico? Em caso
afirmativo: Que ferramentas foram usadas: eletroencefalograma?, mapeamento
cerebral?, ressonância magnética?, tomografia computadorizada? estas pesquisas
foram realizadas com um único médium ou com vários ?

Resposta: As pesquisas que conheço não se referem a estudos "durante" as
manifestações mediúnicas. Sei de pesquisas que revelam particularidades
especiais no cérebro de médiuns. O Dr Sérgio Felipe tem esta constatação na
avaliação das calcificações da glândula pineal no cérebro dos médiuns. Pode-se
comprovar um certo padrão nas calcificações da pineal de pessoas tidas como
médiuns.
A meu ver, estes exames não tem como constatarem por si só a participação das
entidades espirituais nas manifestações dos médiuns. Ainda não dispomos de uma
imagem semiológica ( um Raio X, por exemplo) da dimensão espiritual. O
perispírito ainda não se revela em nossos exames médicos.
Por outro lado, creio que um estudo sistemático de médiuns poderá mostrar
determinado padrão de resultados nos seus diversos exames. É  o que acontece no
caso de epilépticos, com foco no lobo temporal, que expressam clinicamente uma
religiosidade exaltada. Nestes pacientes, tem-se constatado, no
eletrencefalograma, uma maior freqüência de ondas do tipo beta nos seus
eletroencefalogramas. A literatura médica é riquíssima em dados destas
pesquisas. São relatos disponíveis nas revistas de neurologia que a Internete
permite acesso gratuito.
Portanto, se estudarmos uma população significativa de médiuns, talvez possamos
revelar um determinado comportamento padrão nos exames destas pessoas. Embora,
isto ainda não venha a comprovar que estes médiuns estejam sob atuação
espiritual. Como diz Kardec, a lógica e o raciocínio ainda são os melhores
métodos de convencimento da verdade espiritual.

--- Questão [#003]
Sabemos que a comunicação mediúnica se dá de perispírito para perispírito. Mas
observamos que as sensações registradas no corpo físico diferem de médium para
médium (inclusive entre médiuns com a mesma faculdade). Isto ocorre devido a
região do cérebro físico que é sensibilizada durante a comunicação ? Pode nos
dizer algo a respeito da transferência de informações do cérebro perispiritual
para o cérebro físico ?

Resposta: Assim como não existirá nunca uma pessoa igual a outra, também nunca
teremos dois médiuns absolutamente idênticos.
A mediunidade é um fenômeno de natureza orgânica, se não fosse assim os
Espíritos não precisariam do organismo dos médiuns para se manifestarem.
Não é de estranhar, portanto, que as reações físicas, que a presença espiritual
provoca, seja específica para cada médium. Uns tem suas sensibilidades mais
exaltadas que outros, como diz Kardec. Na neurofisiologia de hoje podemos
acreditar que as regiões do cérebro emocional (sistema Límbico) de uns e de 
outros médiuns, são mais ou menos reagentes, no momento da sintonia com o
Espírito comunicante. Sabemos, também, que deve ocorrer, nesse encontro de
associação de duas mentes, a do médium e a do Espírito, uma liberação
torrencial de neurotransmissores, principalmente a melatonina da glândula
pineal, produzindo uma constelação de sintomas que o médium mais ou menos
sensível deve revelar.

--- Questão [#004]
Durante o fenômeno mediúnico, principalmente os mais ostensivos (por exemplo, a
psicofonia sonambúlica ou "incorporação") existem variações orgânicas no médium
que podem ser mensuradas ? Existindo estas variações aumentam com a
profundidade do transe ?

Resposta: São constantes e facilmente detectadas as diversas alterações que
ocorrem no organismo dos médiuns durante as manifestações espirituais. Como já
disse, nenhuma delas com a propriedade de afirmar categoricamente a presença de
entidades espirituais, já que, todas estas alterações são inespecíficas e,
podem ocorrer em diversas outras situações tipicamente orgânicas. Podem
ocorrer, por exemplo, em crises de pânico, em situações de stress, em crises
emocionais ou comportamentos histéricos diversos. Podem também ser induzidas
por atuação de um hipnotizador experiente
Vale a pena ler os trabalhos sobre o sonambulismo e sua relação com a
mediunidade. Sonambulismo não é a mesma coisa que mediunidade embora esteja nas
suas bases fundamentais por se relacionar também com os chamados processos de
"emancipação" da Alma. Kardec diz na introdução do Livro dos Espíritos, que
estudou o sonambulismo por 35 anos. Escrevi um histórico sobre o assunto no
livro "Ciência da Alma- de Mesmer à Kardec" editado pela Folha Espírita.
Podemos rever ali as manifestações orgânicas do sonambulismo, da catalepsia e
da letargia. A FEB tem excelentes livros sobre Espiritismo e Hipnotismo que
sugiro sejam revistos ( Hipnotismo e mediunidade - César Lombroso  e, 
Hipnotismo e espiritismo - José Laponi)

--- Questão [#005]
Gostaria de saber como acontece a conexão perispírito - corpo físico, tendo em
vista se tratar de contato entre diferentes estados de matéria.

Resposta: Não tenho conhecimento suficiente para esclarecer esta pergunta.
Aprendemos,porém, com André Luiz que da mesma maneira que a física que estuda
os átomos já revelou que é muito sutil a fronteira que separa a matéria, ao
nível sub-atômico, da energia que a consolida. Em se tratando da transição
entre o corpo físico e o corpo espiritual, a fronteira que separa ambos é
também imperceptível em seus limites, por se tratar de uma transição a nível
puramente energético. É preciso lembrar que ambos os corpos, o físico e o
espiritual, são procedentes da mesma fonte material, qual seja, o Fluido
cósmico universal.

--- Questão [#006]
Gostaria de saber como se pode distinguir as alucinações (sejam de natureza
visual como auditivas , olfativas e táteis) presentes nas psicoses e a
mediunidade. Também gostaria de saber se há algum estudo mais aprofundado sobre
o tema, já que estou fazendo um estudo sobre fatores morais e sua importância
na medicina psicossomática e psiquiatria. Já fizeram algum estudo com Spect,
Scanners, Tomografia e contraste para saber quais as áreas que os médiuns
utilizam na hora do transe mediúnico ?

Resposta: Os quadros de alucinação das diversas manifestações psicóticas são
quase sempre de conteúdo repetitivo. Aqui ou em qualquer parte do mundo o
psicótico revela predominantemente uma alucinação auditiva em que as vozes que
escutam são quase sempre condenatórias e de conteúdo persecutório entre muitas
outras características. Além do que, o psicótico mostra todo um contexto
sintomático relativamente fácil de ser reconhecido pelo seu caráter delirante e
pela desagregação do pensamento que o dissocia por completo da realidade.
O médium, com suas percepções visuais ou auditivas, em nenhum momento vai
referir idéias persecutórias ou dissociações com a realidade. O bom senso vai
revelar a lucidez do médium e o maior ou menor significado da mensagem que ouve
ou observa pela vidência.
O Prof Denizard, de Santa Maria (RG do Sul) tem um livro histórico sobre
alucinações.
No Livro dos médiuns, Kardec propõe que as alucinações por  danos cerebrais
podem ocorrer por leitura que o espírito da pessoa faz do seu próprio cérebro.
É um hipótese interessante a ser melhor estudada.
Recomendo também a leitura do livro Psiquiatria e mediunismo - Leopoldo
Balduino Ed FEB

--- Questão [#007]
Gostaria de saber mais sobre a glândula pineal. O que diz o neurologista sobre
o assunto ?

Resposta: Para o neurologista a Pineal está ligada a nosso ritmo circadiano (
dia-noite) ocasião em que interfere na produção de hormônio de crescimento.
Ela, no período noturno, produz seu hormônio, a melatonina que tem efeito
relaxante, anticonvulsivante e bloqueador dos estímulos sexuais. Os animais que
hibernam, procuram as cavernas escuras, onde a pineal produzirá um taxa maior
de melatonina. Nestas ocasiões eles se mantém alheios ao acasalamento que volta
a ocorrer com a saída do sol na primavera.
A pineal parece atuar, também, no sistema de orientação magnética das aves
migratórias, que percorrem grandes distâncias em volta da Terra, em busca de
seus abrigos nas transições do inverno e da primavera.
No homem, a principal função que a medicina atual reconhece para a pineal, está
ligada à sexualidade. Por ocasião da puberdade a pineal reduz suas taxas de
melatonina, permitindo o desabrochar, no menino e na menina, as característica
externas das sua sexualidade, tanto no aspeto anatômico (pelos pubianos, seios,
órgãos genitais) como fisiológicos (libido).
Entre nós, o Dr Sérgio Felipe, tem em São Paulo, o Pineal-mind (ver homepage na
internet) um Instituto de orientação médico-espírita dedicado ao estudo da
glândula pineal.

Autor: Nubor Facure

Todo esse material provém dos sites: CVDEE - Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo e da Revista Eletrônica O Consolador.

A+ | A-