O Regresso de Simão Pedro, por Maria Dolores
A Pedra no Caminho
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Conta-se que um rei que viveu num país além-mar, há muito
tempo atrás, era muito sábio e não poupava esforços para ensinar bons hábitos a
seu povo.
Freqüentemente fazia coisas que pareciam estranhas e inúteis; mas tudo que fazia
era para ensinar o povo a ser trabalhador e cauteloso.
Nada de bom pode vir a uma nação - dizia ele - cujo povo reclama e espera que
outros resolvam seus problemas. Deus dá as coisas boas da vida a quem lida com
os problemas por conta própria.
Uma noite, enquanto todos dormiam, ele pôs uma enorme pedra na estrada que
passava pelo palácio. Depois foi se esconder atrás de uma cerca, e esperou para
ver o que acontecia.
Primeiro veio um fazendeiro com uma carroça carregada de sementes que levava
para a moagem na usina.
Quem já viu tamanho descuido? Disse ele contrariado, enquanto desviava sua
carroça e contornava a pedra.
Por que esses preguiçosos não mandam retirar essa pedra da estrada?
E continuou reclamando da inutilidade dos outros, mas sem ao menos tocar, ele
próprio, na pedra.
Logo depois, um jovem soldado veio cantando pela estrada. A longa pluma de seu
quepe ondulava na brisa, e uma espada reluzente pendia da sua cintura.
Ele pensava na maravilhosa coragem que mostraria na guerra e não viu a pedra,
mas tropeçou nela e se estatelou no chão poeirento.
Ergueu-se, sacudiu a poeira da roupa, pegou a espada e enfureceu-se com os
preguiçosos que insensatamente haviam largado aquela pedra imensa na estrada.
Então, ele também se afastou sem pensar uma única vez que ele próprio poderia
retirar a pedra.
E assim correu o dia...
Todos que por ali passavam reclamavam e resmungavam por causa da pedra no meio
da estrada, mas ninguém a tocava.
Finalmente, ao cair da noite, a filha do moleiro por lá passou. Era muito
trabalhadora e estava cansada, pois desde cedo andava ocupada no moinho, mas
disse a si mesma:
Já está escurecendo, alguém pode tropeçar nesta pedra e se ferir gravemente.
Vou tirá-la do caminho. E tentou arrastar dali a pedra. Era muito pesada, mas a
moça empurrou, e empurrou, e puxou, e inclinou, até que conseguiu retirá-la do
lugar.
Para sua surpresa, encontrou uma caixa debaixo da pedra. Ergueu-a. Era pesada,
pois estava cheia de alguma coisa. Havia na tampa os seguintes dizeres: "esta
caixa pertence a quem retirar a pedra".
Ela a abriu e descobriu que estava cheia de ouro.
O rei então apareceu e disse com carinho:
Minha filha, com freqüência encontramos obstáculos e fardos no caminho.
Podemos reclamar em alto e bom som enquanto nos desviamos deles, se assim
preferimos, ou podemos erguê-los e descobrir o que eles significam.
A decepção, normalmente, é o preço da preguiça.
Então, o sábio rei montou em seu cavalo e, com um delicado boa noite,
retirou-se.
Não há dor sem causa nem lágrimas sem procedência justa. Nossos obstáculos de
agora foram tecidos por nós mesmos. Tenhamos, pois, a coragem de eliminá-los a
golpes de esforço próprio baseados na caridade, que é luz acesa em nosso roteiro
de ascensão para Deus.
Por: Momento Espírita, Texto extraido do site http://www.momento.com.br
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