Ensinar, por Espíritos Diversos
Tolerância e Coerência
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Compreender e desculpar sempre, porque todos necessitamos de compreensão e
desculpa, nas horas do desacerto, mas observar a coerência para que os diques da
tolerância não se esbarrondem, corroídos pela displicência sistemática,
patrocinando a desordem.
Disse Jesus: "amai os vossos inimigos".
E o Senhor ensinou-nos realmente a amá-los, através dos seus próprios exemplos
de humildade sem servilismo e de lealdade sem arrogância.
Ele sabia que Judas, o discípulo incauto, bandeava-se, pouco a pouco, para a
esfera dos adversários que lhe combatiam a mensagem renovadora...
A pretexto de amar os inimigos, ser-lhe-ia lícito afastá-lo da pequena
comunidade, a fim de preservá-la, mas preferiu estender-lhe mãos fraternas, até
a última crise de deserção, ensinando-nos o dever de auxiliar aos companheiros
de tarefa, na prática do bem, enquanto isso se nos torne possível.
Não ignorava que os supervisores do Sinédrio lhe tramavam a perda...
A pretexto de amar os inimigos, poderia solicitar-lhes encontros cordiais para a
discussão de política doméstica, promovendo recuos e concessões, de maneira a
poupar complicações aos próprios amigos, mas preferiu suportar-lhes a
perseguição gratuita, ensinando-nos que não se deve contender, em matéria de
orientação espiritual, com pessoas cultas e conscientes, plenamente informadas,
quanto às obrigações que a responsabilidade do conhecimento superior lhes
preceitua.
Certificara-se de que Pilatos, o juiz dúbio, agia, inconsiderado...
A pretexto de amar os inimigos, não lhe seria difícil recorrer à justiça de
instância mais elevada, mas preferiu agüentar-lhe a sentença iníqua,
ensinando-nos que a atitude de todos aqueles que procuram sinceramente a verdade
não comporta evasivas.
Percebia, no sacrifício supremo, que a multidão se desvairava...
A pretexto de amar os inimigos, era perfeitamente cabível que alegasse a
extensão dos serviços prestados, pedindo a comiseração pública, a fim de que se
lhe não golpeasse a obra nascente, mas preferiu silencia e partir, invocando o
perdão da Providencia Divina para os próprios verdugos, ensinando-nos que é
preciso abençoar os que nos firam e orar por eles, sem, contudo, premiar-lhes a
leviandade para que a leviandade não alegue crescimento com o nosso apoio.
Jesus entendeu a todos, beneficiou a todos, socorreu a todos e esclareceu a
todos, demonstrando-nos que a caridade, expressando amor puro, é semelhante ao
sol que abraça a todos, mas não transigiu com o mal.
Isso quer dizer que fora da caridade não há tolerância sem coerência.
Por: Emmanuel, Do Livro: Opinião Espírita. Médiuns: Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira
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