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Haverá esperança para quem nasce no morro, na favela, em comunidades onde o que mais se fala e se vê é miséria, droga, violência?

Poderá sonhar com um mundo diferente a criança que, ao abrir a janela, se depara com a pobreza, o tráfico, o banditismo?

Foi no Natal de 2009, que o Brasil deu um raro presente ao Reino Unido.

No canal 4, exatamente no dia 25 de dezembro, em horário nobre na TV Aberta Britânica, foi ao ar o documentário Only when I dance.

Uma diretora inglesa desejou mostrar uma história das favelas, diferente de tráfico de drogas e violência.

E encontrou Irlan Silva, bailarino clássico de apenas 19 anos, criado num dos morros mais violentos do Rio de Janeiro, o Complexo do Alemão e atual integrante do prestigiado American Ballet Theatre.

Esse jovem, além de talento, tem uma grande disposição para contornar obstáculos. Enquanto participa de concursos nacionais e internacionais de dança, ele segue as atividades escolares e anos de estudo de balé clássico no Centro de Dança Rio.

Irlan teve que enfrentar, no início, a resistência que seu pai tinha em relação ao balé clássico. Resistência que cedeu quando ele assistiu ao primeiro espetáculo do filho e passou a apoiar o seu sonho de se tornar bailarino.

Irlan é um fenômeno que tira o fôlego do espectador, especialmente quando dança Nijinski. Apresentando-se na Suíça, arrancou lágrimas de uma das juradas.

O documentário Only when I dance mereceu do jornal americano The New York Times a comparação de Irlan a Billy Elliot da vida real.

Irlan começou a estudar balé aos 11 anos e não mede esforços para triunfar no palco. Tem muita determinação para enfrentar as adversidades com a cabeça erguida e postura de primeiro bailarino.

Impõe-se uma disciplina espartana de aulas e ensaios, além de cuidar da alimentação e do corpo.

Conta com o apoio da família mas venceu, sobretudo, graças à sua garra, a vontade firme de alcançar um sonho.

E a uma mulher extraordinária, Mariza Estrella, fundadora e diretora do Centro de Dança Rio, uma escola que tem 450 alunos e 80 bolsistas.

Ela é tia Mariza para os alunos de sua escola. Ela vibra com cada vitória de Irlan e de outros alunos tão extraordinários, como Thiago Soares, hoje primeiro bailarino do Royal Ballet de Londres.

Também investe, além de si mesma, carinho para com cada aluno. Ela é a grande incentivadora, experiente, mestra, tutora.

Ela inscreve e acompanha os alunos nas principais competições de dança no Brasil e no Exterior.

Não é raro contribuir com dinheiro do próprio bolso, custeando despesas de alunos de famílias pobres que mais se destacam no circuito de concursos e festivais.

Nosso Brasil é verdadeiramente grande. Em extensão territorial e em coração.

Coração como o de tia Mariza que auxilia crianças e adolescentes alcançarem o seu ideal, exportando para o mundo o que o Brasil tem de melhor: a sua gente.

Pensemos nisso e verifiquemos como podemos contribuir, onde estejamos, para tornar realidade o sonho de um menino, uma menina, nossa gente brasileira.


Por: Momento Espírita, Redação do Momento Espírita, com base no artigo Do Complexo do Alemão ao American Ballet, de Juliana Resende (Londres), publicado na revista Época, de 4 de janeiro de 2010. Disponível no livro Momento Espírita, v. 10, ed. FEP. Do site: http://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=4925&stat=0.


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