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Enquanto brincava Alberto
Junto aos bancos do portal,
O touro bravio e forte
Avançou para o quintal.

O pequeno quis correr
Tentando defesa incerta,
Mas o touro atravessara
A grande cancela aberta.

Canteiros e vasos lindos,
Floridos e bem cuidados,
No curso de alguns momentos
Jaziam espatifados.

Alberto não resistiu
Ver a sanha do animal.
E, em pranto de desespero,
Busca a saia maternal.

Dona Gertrudes, porém,
Que via, aflita, o jardim,
Num gesto de proteção
Toma o filho e diz-lhe assim:

Vês, Alberto, as nossas flores
Tombando, desprotegidas?
Sob os olhos, temos hoje
O quadro de nossas vidas.

Recorda, filho, que o touro,
Em força desesperada,
Penetrou-nos o jardim
Pela porta descuidada.

Notaste, neste desastre,
A lição que é forte e bela?
O touro nunca entraria
Se guardasses a cancela.

E, ao passo que o pequenino
Ouviu com atenção,
A mãezinha concluía
A doce observação.

Quem deseje conservar
As luzes do sentimento
Necessita resguardar
A porta do pensamento.

Em nossa estrada, meu filho...
Há monstros destruidores...
Defendamos a cancela
Que protege nossas flores.


Por: João de Deus, Do Livro: Coletâneas do Além, Médium: Francisco Cândido Xavier


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