Ensinar, por Espíritos Diversos
Sobras da Alma
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Davi é uma das esculturas mais famosas do autor renascentista Michelangelo.
O trabalho, uma estátua de mármore que mede cinco metros e dezessete centímetros
de altura, retrata o herói bíblico com realismo anatômico impressionante, sendo
considerada uma das mais importantes obras desse período da História das artes.
A escultura imponente se encontra em Florença, Itália, cidade que,
originalmente, encomendou a obra.
Michelangelo levou três anos para concluí-la, em 1504.
É fascinante perceber a habilidade dos grandes artistas, conseguindo enxergar
numa grande pedra uma bela escultura.
Um deles, certa feita, relatou que ficou a fitar um grande bloco de mármore por
horas e horas, até visualizar a estátua ali dentro. Depois, segundo contou,
bastou tirar as sobras, desbastando a pedra, para que surgisse a escultura
perfeita.
Inspirados na sabedoria dos grandes mestres, podemos levar esse entendimento
para nossas vidas.
Imaginando que nossa alma é nossa grande obra, a grande escultura que precisamos
aformosear, entenderemos que a técnica desses artistas é genial.
Primeiro, a análise demorada. Olhar para dentro da alma, conhecê-la. Penetrar em
sua intimidade buscando encontrar-se.
É o conhecimento de si mesmo, a chave de todo progresso moral. A grande viagem
para dentro do Espírito, procurando lá o que precisa de reforma, de melhoria.
Quais as nossas maiores imperfeições, nossas dificuldades? E quais também nossas
habilidades, nossos potenciais?
Estabelecendo o que precisa ser retirado, encontrando as sobras da rocha do
Espírito, começamos então o trabalho de esculpir a alma.
Retirar tudo que não é essencial, que não é nosso, que não faz parte da
construção da nossa felicidade.
Remover os vícios, as mágoas, os grandes e pequenos ódios que fomos guardando ao
longo das eras.
Retirarmos a poluição mental, os pensamentos de inveja, ciúme e revolta.
Removermos a tristeza e a depressão que já nos fizeram tão mal, que já nos
fizeram desistir tantas vezes, soltando o cinzel das mãos por alguns momentos.
Alguns blocos podem ficar sem o trabalho do escultor por um longo período... Mas
acabam por não resistir à ação do tempo, e voltam a pedir que o escultor
continue... continue.
O processo pode ser doloroso, incômodo, assim como as investidas do artista, com
suas ferramentas, contra o mármore.
As primeiras ações são as mais doloridas, pois o bloco ainda está intocado em
várias partes. Retirar a alma da inércia espiritual não é nada fácil.
Porém, quanto mais vamos retirando, mais da nossa verdadeira essência vamos
enxergando, e isso concede ânimo, energia, para não retardar o trabalho de
escultura.
Após algum tempo, após algumas reencarnações, começaremos a vislumbrar a beleza
de Davi no meio de tantos pedaços de pedra que foram vertendo da pedra bruta.
É assim que esculpimos a alma, nossa grande obra-prima, que inicia sua jornada
na simplicidade e na ignorância, e que a devemos concluir na perfeição, na
felicidade.
Nossa alma, nosso Davi, nossa grande obra!
Por: Momento Espírita, Redação do Momento Espírita, do site: http://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=3766&stat=0
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