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Senhor, a maioria das pessoas que te procuram é para pedir e exigir, para impor e reclamar, menos eu.

Eu te quero louvar, quero dizer que te amo a vida, que para mim é bela e consentida.

Muito obrigado Senhor, pelo que me deste, pelo que me dás. Obrigado pelo ar, pelo pão, pela paz.

Muito obrigado pela Beleza que os meus olhos vêem no altar da natureza, olhos que fitam a terra, o céu e o mar, que acompanham a ave ligeira que corre fagueira pelo céu de anil e se detém na terra verde salpicada de flores em tonalidades mil. Muito obrigado Senhor porque posso ver meu amor, mas diante da minha visão eu te formulo uma oração pelos cegos que se debatem na escuridão que tropeçam na multidão por eles eu oro..., e a ti peço comiseração, porque eu sei que depois desta vida na outra lida eles também enxergarão.

Muito obrigado pelos ouvidos que me foram dados por Deus, ouvidos que ouvem o tamborilar da chuva no telhado, a melodia do vento, do ramo do arvoredo, ouvidos que ouvem a música do povo que descem dos morros na praça a cantar a melodia dos imortais, que a gente ouve uma vez e não esquece nunca mais, a voz melodiosa que a nora melancólica do boiadeiro e a amargura do mundo inteiro, pela minha faculdade de ouvir, pelos surdos eu te quero pedir, porque eu sei que depois desta dor no teu reino de amor eles poderão ouvir.

Muito obrigado pela minha voz mas também pela sua voz, pela voz que ama que canta, que declama, que ensina, que alfabetiza, que ilumina, que calteia uma canção, pela voz que o teu nome profere com sentida emoção. Diante da minha melodia eu te quero rogar pelos que sofrem de afazia, os que não cantam de noite, os que não falam do dia, oro por eles, porque eu sei que depois desta prova na vida nova eles também cantarão.

Muito obrigado pelas minhas mãos, mas também pelas mãos que aram, que semeiam, que agasalham, mãos de amor, mãos de ternura, mãos de caridade, mãos de solidariedade, mãos dos adeuses, mãos que limpam feridas, que enxugam lágrimas, suores da vida, pelas mãos que apertam mãos, mãos de sinfonia, mãos de poesia, mãos de cirurgia, pelas mãos que atendem a velhice, a dor, o sofrimento, o desabor, pelas mãos que nos seios embalam o filho alheio sem receio.

Pelos pés que me levam a andar sem reclamar . Muito obrigado Senhor porque posso me movimentar. Diante do meu corpo perfeito quero louvar porque eu vejo na terra infelizes, aleijados, marcados, deformados, amputados, desesperados e eu posso andar. Oro por eles, por que eu sei que depois desta encarnação, superada esta expiação eles também bailarão.

Muito obrigado pelo meu lar, é tão maravilhoso ter um lar não é importante ser uma mansão, uma tapera, se está em uma favela, se é um ninho ou uma casa no caminho, seja lá o que for, mas é importante que dentro dele haja amor, amor de mãe ou de pai, a presença de esposa, de marido, de um filho ou de irmão, alguém que nos dê a mão, porque é muito doloroso viver na solidão, pelo menos que haja a presença de um cão.

Mas se ninguém tiver para me amar, nem um teto para me agasalhar, uma cama para repousar, nem aí me desesperarei porque eu tenho a ti e te quero dizer que te amo Senhor.

Muito obrigado Senhor porque nasci pelo teu amor.


Prece declamada no final de suas palestras.


Por: Divaldo Pereira Franco, Caso tenha ou possua, envie-nos a referência desse texto.


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