Os Mais Perigosos Espíritos, por Orson Carrara
Anjo
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Penso em ti, Mãezinha querida, e retorno aos teus braços.
Vejo-te, estrela em forma de anjo, velando a noite, ao meu lado, enquanto te buscava o colo por brando ninho.
Teu sorriso era a própria bênção de Deus, sustentando-me horas e, misturando beijos e lágrimas, alentaste-me a vida.
Quantas vezes procurei nos teus olhos a inspiração do caminho não saberia
dizer... Sei apenas que, em nossa casa, levantavas-te com a aurora,
esgueirando-te em silêncio para que não interrompêssemos o repouso,
preparando-nos o pão de que recebias sempre o derradeiro pedaço.
Sei, Mãezinha, que escravizada ao fogão e à pia de lavar, trabalhavas de manso,
voltando o rosto sereno para dizer que éramos os teus tesouros, quando alguém se
queixava de nós.
Nunca te disseste cansada, ainda mesmo quando os nossos gestos de ingratidão te
faziam aflita e muda.
Freqüentemente, surpreendia-te a cantar chorando, sem que pudesse perceber os
espinhos que te dilaceravam a alma, porque teus lábios respondiam sorrindo às
minhas perguntas, sossegando-me a inquietação.
Passou o tempo e volto hoje, de alma renovada em tua renúncia, para ofertar-te
as flores de meu afeto.
Quisera trazer-te o próprio Céu, em meu impulso de amor, entretanto, sou eu
ainda que me ajoelho aos teus pés, para rogar-te em prece de gratidão: -
- Mãezinha querida, deixa-me descansar de novo, no arminho de teu regaço! E,
enquanto choro de alegria para agradecer a Deus a luz de tua presença, guarda
minhas mãos entre a suas e ensina-me, Doce Anjo, a orar outra vez.
Por: Meimei, Médium: Francisco Cândido Xavier
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