Ganhando na Loteria, por Momento Espírita
A chegada de Kardec foi uma autêntica dádiva de Deus à Humanidade
Natural de Nuporanga (SP) e residente em Campinas, no interior paulista,
Mário Ribeiro Frigéri tem formação em Ciências Jurídicas e atua
profissionalmente como Operador do Direito. É escritor com vários livros
publicados por diferentes editoras e lançou recentemente, pela FEB, o magnífico
Kardec: uma dádiva de Deus à Humanidade. Entrevistado por Orson Carrara sobre a
obra:
Seu novo livro – Kardec: uma dádiva de Deus à Humanidade – tem um título muito
sugestivo, pois a palavra dádiva enseja pensar em muitos desdobramentos. Podemos
considerar Kardec um benfeitor da Humanidade?
Sem dúvida. Os dicionários definem dádiva como o ato ou efeito de dar
espontaneamente algo de valor a alguém, seja coisa material ou não; é um
presente, uma oferta, um mimo, um brinde. A Humanidade não estava esperando
Kardec. Foi uma surpresa. A França e a Europa gemiam desoladas pelos massacres
das últimas guerras e revoluções. Os corações quedavam-se estraçalhados. E, de
repente, surge Kardec com a Doutrina do Consolador, como uma providencial
resposta do céu. Foi uma chuveirada de bálsamo do Infinito para curar os
corações em desespero. E isto só pode ser classificado como um presente das mais
Altas Esferas. Kardec estava chegando, comissionado por Deus. E representava uma
autêntica dádiva de Deus à Humanidade.
O sumário da obra desperta muito gosto no leitor atento. A separação em grandes
tópicos para o conjunto dos capítulos o torna bastante didático. Quais desses
tópicos lhe reservaram os momentos mais agradáveis na elaboração da obra?
É muito simpático de sua parte haver destacado isto. Quando submeti os originais
à FEB, o Sumário era bastante modesto. E quando me enviaram a arte-final para
conferência, essa parte foi a que mais me chamou a atenção. Ela estampava uma
incrível resenha do livro em apenas quatro páginas. Assim, o leitor pode
encontrar o assunto que mais lhe convenha com rapidez e facilidade. Quanto aos
tópicos que mais me agradaram, destaco três: os Capítulos 21, 22 e 33. O 21, por
ser muito emocionante. Narra a história de Cipriana, uma das mulheres mais
angelicais dentre as que iluminam a vasta obra de André Luiz. O 22, porque me
toca profundamente o coração. Conta a saga de Fred Fígner e a materialização de
sua adorada filha, Raquel, ocorrida em Belém do Pará. Ela havia desencarnado na
flor dos 21 anos e sua materialização ocorreu 13 meses depois, trazendo imenso
consolo à família. E, finalmente, o 33, porque fala desse cordial da alma
chamado perdão, de que a Humanidade tanto necessita. Ali o leitor encontra 50
razões para vivenciar essa virtude sublime, e isto é mais importante que ter uma
farmácia completa à sua disposição.
O capítulo 2 – Carta a Kardec –, de suave inspiração, com três subtítulos
compactos, demonstra o grande significado do Codificador para você. Embora já
esteja entrevisto nos subtítulos, como considera apresentar esse aprendizado aos
nossos leitores?
Encontrar Kardec pela primeira vez nesta encarnação, quando eu contava apenas 15
anos, foi também para mim uma dádiva de Deus, que posso agradecer, mas jamais
retribuir quanto devera. Até essa idade eu me encontrava alheio às coisas do
espírito. Foi quando um alfaiate, meu amigo, num gesto espontâneo todo seu, me
emprestou O livro dos espíritos.
Eu não conhecia a obra nem ouvira antes alguém falar de seu autor. Mas li o
livro de uma assentada como se fosse um velho conhecido. Depois, fui lendo as
demais obras kardequianas, sublinhando, resenhando, copiando e memorizando os
tópicos que mais me enriqueciam. Naquele tempo eu fazia isso preenchendo à mão
vários cadernos. Hoje tenho tudo digitado no computador, o que me facilita muito
encontrar logo o que busco, principalmente quando quero fazer alguma citação em
meus escritos. Foi isso que me ajudou a escrever a “Carta a Kardec”, página pela
qual tenho um carinho muito especial.
No Capítulo 12 você também, valendo-se de um artifício jornalístico e
utilizando-se de uma página antológica do Espiritismo, simula interessante
diálogo com o Espírito da Verdade. Como lhe ocorreu essa ideia?
Realmente, esse é, a meu ver, um dos momentos mais instigantes do livro. A
página espírita referida por você intitula-se “Os obreiros do Senhor” e
encontra-se no capítulo 20 de O evangelho segundo o espiritismo. Nessa página, o
Espírito da Verdade (ou Espírito Verdade, tanto faz) adverte que se aproxima o
tempo em que se cumprirão as coisas anunciadas para a transformação da
Humanidade. Fala da sua Seara, na qual os trabalhadores caridosos e altruístas –
aqueles que souberam impor silêncio aos seus ciúmes e discórdias, a fim de que
daí não resultasse dano para a Obra – serão pagos pelo cêntuplo do que houverem
esperado. E fala também de outra categoria de trabalhadores – os tarefeiros
desatarefados – que, por efeito das dissensões que promoveriam para satisfazer a
seu orgulho, houverem retardado a hora da colheita. Ao contrário dos primeiros,
estes, quando vier a tempestade, serão arrastados na voragem do turbilhão para
abismos inimagináveis. Isto porque as recompensas celestes são para os que não
hajam buscado as recompensas da Terra. Se há uma advertência mais eviscerante
que essa na Doutrina Espírita, eu desconheço. Daí nasceu a ideia de abordar o
tema, como um toque a rebate antecipado para os que laboram hoje na Vinha do
Senhor.
A obra estabelece um destaque especial para Léon Denis, inclusive com um
capítulo dedicado a ele e Kardec. O que lhe ocorre dizer ao leitor sobre essa
outra personalidade extraordinária?
Kardec codificou Filosofia, Ciência e Religião e as harmonizou no corpus do
Espiritismo. Mas e a poesia? Essa face toda primaveril da alma não podia faltar
numa obra dessa envergadura. Por isso, Deus, que é misericordioso, lembrou-se de
nós, poetas, e chamou Léon Denis para completar essa vertente. Pode haver uma
escrita mais suave, envolvente, encantadora e dulcificante que a de Denis? Como
você notou muito bem, eu dediquei o Capítulo 4 a esse notável apóstolo e dei-lhe
o título de “Kardec e Denis – a Razão e o Coração”. Denis amava as grandes
solidões da Natureza, em cujo silêncio se internava para ouvir a voz de Deus. E
daí voltava para os grandes púlpitos do mundo, a fim de falar do Espiritismo:
essa Obra inefável destinada por Deus à Humanidade. E num desses congressos na
Europa ele representou a própria FEB! Como vê, estamos todos em ótima
companhia...
Aqueles que já conhecem sua biografia e seus demais livros sabem de sua vertente
poética e têm a impressão de que você sempre encontra poesia em tudo que
escreve. Como surgiu essa vertente?
Isso vem de meus tempos escolares. Na condição de menino pobre do interior
paulista, eu ganhava gizes de várias cores de minhas professoras, que nós, como
alunos, utilizávamos na classe, e com eles fazia desenhos e escrevia versos no
piso cimentado e rústico de nossa casa. Alguns anos depois, ainda jovem, o
suplemento literário do jornal Diário da Região, de São José do Rio Preto,
publicou um longo poema que escrevi sobre meus sonhos da juventude. Poesia, para
mim, é a essência da vida, a túnica da alma, os lírios do pensamento e do
coração. Escrever poesia, porém, é uma coisa, publicar livros de poesia e outra.
Nessa área, é preciso ter o empuxo de um rinoceronte para seguir em frente,
porque a repercussão é zero. Sempre que reclamo disso à minha esposa, que é
irritantemente prática, ela sentencia: “Semeia e passa!”. E ainda dizem que é
mole ser poeta... Mas, em contrapartida, encontro muito conforto neste
pensamento do poeta e escritor estadunidense Don Marquis: “Publicar um livro de
poesia é como atirar uma pétala no Grand Canyon e esperar pelo eco”.
De suas lembranças, o que gostaria de apresentar ao leitor, nessa experiência de
refletir e compor poemas e livros?
Quem escreve está conversando com a Humanidade. Quem compõe poemas está
repartindo o coração com o povo. Quem elabora um livro está proclamando que tem
algo a dizer ao mundo e, se é uma consciência desperta, deverá dizê-lo da
maneira mais adequada possível, ou seja, de forma verdadeira, amável e útil.
Verdadeira, para não induzir seus semelhantes a equívocos. Amável, para
pacificar os corações, já tão atochados de problemas reencarnatórios. E útil,
para instrumentalizá-los com as ferramentas de que necessitam para sua evolução
rumo ao Infinito. Como o reino deste mundo ainda não é do Cristo, é preciso
semear com cautela, perseverança e suavidade, a fim de que a semente não venha a
morrer no sulco. Porque a sabedoria consiste em falar a cada plateia em seu
próprio nível, sem visar a grandes surtos evolutivos, visto que, como é
consabido, a Natureza não dá saltos.
Você colocou igualmente no livro um capítulo dedicado à família e outro
específico para as crianças especiais. Que sentimento lhe domina a personalidade
na vinculação com essas duas situações?
Sofro muito quando vejo uma família se desfazendo como um tecido que se esgarça,
ou uma criança especial deperecendo à míngua de recursos adequados. Sinto um
grande pesar na alma quando leio sobre esses crimes que ocorrem entre pais e
filhos. Penso, talvez ingenuamente, que poderiam ser evitados se eu tivesse
feito chegar antes, até essas criaturas, uma dessas páginas espíritas que tanto
nos confortam a alma. Minha vontade era voar pelo mundo e espalhar sobre a
Humanidade O evangelho segundo o espiritismo, despetalado em milhões de páginas
de luz. Era o que alguns países faziam no tempo da guerra, quando sobrevoavam as
populações inimigas onde havia indústrias militares e lançavam milhares de
folhetos avisando para se esconderem porque iam chover bombas de fogo em
seguida. No nosso caso, é óbvio que seriam bombas de paz. Mas como de boas
intenções está calçado o inferno, e como ainda por cima somos acrófobo, vamos
publicando na medida do possível poemas e mensagens de edificação espiritual,
por meio de livros, vídeos na Internet e artigos na imprensa. E, sempre que
possível, bem ao rés do chão...
O Brasil também é destaque na obra, com grande sensibilidade. O que lhe ocorre
dizer sobre nosso país nesse momento tão tumultuado da história humana?
Escreveu um poeta, na década de 1940: “O Brasil tem vivido horas amargas / De
Deodoro até Getúlio Vargas”. Podemos ampliar essa reflexão da seguinte forma: “O
Brasil tem vivido ingloriamente / Da Descoberta até o tempo presente”. Nosso
país tem tudo para dar certo: a localização privilegiada, a extensão
transbordante, o solo farturoso e a exuberância do oceano. Tem o melhor povo
miscigenado do planeta, em processo depurativo no cadinho da evolução. Tem o
mais salutar alimento da alma, que é a Doutrina do Consolador, a qual seu povo
vai assimilando espontaneamente. Então, por que tem vivido “horas amargas” e tão
“ingloriamente”? A nosso ver, é apenas uma estratégia do Alto para que, nessa
hora de efervescências nacionais, o Brasil não desperte a cobiça das nações mais
poderosas. Quem vai se interessar por um país inçado de problemas? Mas quando
soar a hora no relógio da Eternidade, o Brasil lançará fora os andrajos e
envergará ante o mundo seus paramentos reais de Arauto da Nova Era. E aí haverá
intervenção cósmica no planeta para um recomeço sublime, uma Era Nova de
Regeneração e Paz. É o que dizem as profecias.
Como não poderia deixar de ser, Jesus e seus ensinos ocupam lugar saliente nos
últimos capítulos da obra, assim como nas demais de sua autoria. Fale-nos como
percebe Jesus em seu coração.
De acordo com definição exarada na Doutrina Espírita, Jesus é cocriador com Deus
do planeta Terra e seu Supremo Governante. Aí começa a incomensurável distância
que nos separa de sua Sabedoria, embora seu Amor tenha o condão de eliminar essa
distância. Seu Amor pode ser encontrado principalmente no Evangelho, e sua
Sabedoria, no Apocalipse. Por outro lado, como suas obras o comprovam, Kardec
foi neste mundo o homem que mais se aproximou de Jesus em termos de conhecimento
espiritual. No Capítulo 3 de meu livro eu localizo o Codificador no Apocalipse,
bem como a Doutrina Espírita com seus cinco livros fundamentais, todos bem
caracterizados nos versos desse livro profético. E por que essa localização é
tão importante? Porque prova que a luz do Espiritismo já está concedendo aos
homens vislumbres de um Poder que só o Cristo possui: o de conhecer o futuro.
Ele disse que Jerusalém seria destruída, e foi. Ele disse que enviaria um novo
Consolador à Terra, e enviou. Ele disse que os judeus voltariam à Palestina, e
voltaram. Ele disse que viria uma Era de Paz Sem Fim sobre o mundo, e virá.
Essas e outras profecias, quando devidamente prospectadas, podem revelar fatos
incríveis ao ser humano. Mas esse Poder de Jesus, de profetizar e realizar o que
profetiza, me deixa muito atemorizado. Seu Amor, porém, logo me asserena, ao
insuflar com doçura que o Comandante está na ponte e que de tudo isso resultará
um mundo de Paz, povoado por um só Rebanho para um só Pastor, que é Ele mesmo.
Algo mais que gostaria de acrescentar?
Como “elogio em boca própria é vitupério”, peço licença para encerrar este
agradável diálogo, apresentando, em síntese, alguns tópicos do que escreveram os
pareceristas da FEB, quando indicaram meu livro à publicação: “Diante de
Hippolyte Léon Denizard Rivail todas as bibliografias seriam escassas. Porém,
Kardec: uma dádiva de Deus à Humanidade não se trata de mais um livro sobre sua
vida. Em vez de mergulhar sua sonda investigativa sobre a admirável biografia do
Codificador do Espiritismo, Mário Frigéri revela Allan Kardec a partir dos
numerosos e magistrais textos por ele produzidos, para apresentar a relação
existente entre Jesus e o missionário, em uma pesquisa abrangente e profunda,
consistente e encantadora. Sob lentes cintilantes e poéticas, este trabalho
oferece ao leitor lições práticas e proveitosas para aplicação em sua vida
diária, ao desvelar a alma do homem que encarnou o espírito do Cristianismo e,
sem personalismos, expressou a própria Doutrina por ele organizada. A obra está
em perfeita concordância com os princípios fundamentais da Doutrina Espírita,
sendo uma efetiva contribuição para o estudo, prática e divulgação do
Espiritismo. Aborda temas, alguns já explorados por outros autores, mas com
originalidade e riqueza de vocabulário e de interpretação. O autor demonstra
seguro conhecimento da Doutrina Espírita e ampla cultura nos campos da
filosofia, literatura e religião”.
Suas palavras finais.
Minha gratidão é imensa pela oportunidade de divulgação desse livro, que é o
oitavo de minha produção, o qual apresenta todas as características de um canto
de cisne. Não que eu pretenda pendurar as chuteiras, agora que já estou às
portas de minha deliciosa octogésima volta em torno do Sol. Longe disso. Mas
estou atualmente mais harmonizado com minha produção no YouTube e Facebook, onde
tenho mais de 800 vídeos voltados para a educação e iluminação integrais do ser
humano, como filho de Deus que é. Assim, deixo aqui meu abraço fraterno a todos
os amigos leitores, reiterando por fim que nosso livro é uma poderosa ferramenta
de incentivo ao estudo da Doutrina do Consolador. Porque, como advertia Kardec
na Revista Espírita, o Espiritismo não é uma ciência que se aprende brincando ou
por osmose. Um médico leva 18 anos de estudo e prática para se formar. A
Doutrina Espírita, porém, pode ser estudada e praticada a vida inteira e o
estudante chegar ao fim da existência muito beneficiado, mas, como eu, sem colar
grau.
Nota do Entrevistador:
Contato com o autor: frigerimario@gmail.com
Autor: Mário Ribeiro Frigéri
Todo esse material provém dos sites: CVDEE - Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo e da Revista Eletrônica O Consolador.
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