O psiquismo humano e a mediunidade

--- Questão [#001]
Existe relação entre as pessoas que possuem DDA (Distúrbio do Déficit de
Atenção) e a Mediunidade?

Resposta: O Transtorno de Déficit de Atenção (TDA) com ou sem Hiper-atividade
(TDAH) não está relacionado com a mediunidade. O sintoma principal, em ambos os
casos, é a dificuldade em se concentrar ou focar um objeto específico na
atenção. A consciência se volta para um novo objeto quando cessa o interesse
pelo anterior. Há uma alternância de interesses, prejudicando o grau de
concentração do indivíduo. Com hiper-atividade, aparece outro sintoma que é a
aceleração psicomotora, denunciando ainda mais a dificuldade de concentração. O
transtorno costuma aparecer na infância, dificultando a aprendizagem e a
sociabilidade. No adulto, dentre outros prejuízos, dificulta seu interesse e
definição profissional. A dificuldade de concentração com alterações
psicomotoras também podem ser observada na depressão sem serem TDAH ou
provocadas pela mediunidade. A mediunidade é uma faculdade que proporciona ao
indivíduo um grau maior de interação com o espiritual, não promovendo
diretamente e necessariamente qualquer sintoma que se assemelhe a um transtorno
psíquico. Por vezes, a obsessão espiritual pode, em casos específicos, promover
alterações na personalidade do indivíduo, dificultando a concentração e
provocando aceleração motora, típicas do TDAH. A diferença estará em outros
sintomas associados à obsessão que não deixam dúvidas, tais como: alterações no
sono, confusão mental, irritabilidade, etc.

--- Questão [#002]
O que realmente significa psiquismo e qual sua relação com a mediunidade
ostensiva?

Resposta: O termo psiquismo significa mente ou aparelho psíquico. É uma
designação comum em psicologia que se refere ao conjunto das funções psíquicas,
englobando tudo que se refere à subjetividade e a motivação. Em termos
espíritas, é um órgão funcional do perispírito que possui, além de outras, a
função de ordenar as emoções, pensamentos e idéias. Desempenha importantes
funções ligadas à cognição e ao comando da vida relacional. A mediunidade é o
meio de comunicação interdimensional de que se servem os espíritos encarnados e
desencarnados. Quando ostensiva, apresenta inequívocas demonstrações de
veracidade no que apresenta. A mediunidade necessariamente decorre da
existência do psiquismo, pois, é através da mente que os fenômenos mediúnicos
se dão. Mentes distintas operam fluidos para a ocorrência da comunicação
mediúnica. O psiquismo, ou mente, é imprescindível à ocorrência do fenômeno
mediúnico. Quando digo mente, não me refiro exclusivamente à do desencarnado. O
conhecimento adequado do funcionamento da mente humano proporcionará melhor
compreensão ao fenômeno mediúnico. Não existem fenômenos mediúnicos sem a
utilização da mente. Não são excludentes os fenômenos psíquicos dos mediúnicos.

--- Questão [#003]
O psiquismo pode dominar a mediunidade, mas a mediunidade pode dominar o
psiquismo?

Resposta: A mediunidade é uma faculdade e o psiquismo é um aparelho. A relação
de domínio pressupõe hierarquização. A mediunidade ocorre por via do psiquismo,
portanto não se pode falar em domínio. O domínio do fenômeno mediúnico é feito
pelo espírito, quer encarnado ou desencarnado. Pode-se falar em domínio do
fenômeno pelo eu, que é uma função psíquica. Mesmo assim, muitas vezes, ocorre
de forma inconsciente, portanto, à revelia do eu. O psiquismo não é uma
personalidade autônoma, sendo apenas um aparelho de comunicação entre o
Espírito, princípio inteligente, e o mundo externo.

--- Questão [#004]
Seria o psiquismo a base para que o fenômeno mediúnico se exteriorize (tome
forma) no mundo físico?

Resposta: Creio que sim. O psiquismo do espírito favorece a ocorrência do
fenômeno mediúnico. Sua mente, aliada a outra mente, por via dos fluidos,
proporciona os fenômenos mediúnicos.

--- Questão [#005]
A mediunidade pode contribuir para evoluir ou aprimorar nosso psiquismo?

Resposta: Defendo a tese de que o psiquismo se aprimora para melhor servir ao
Espírito. Esse aprimoramento é automático, de acordo com a evolução do eu e com
uma certa ressonância coletiva. O exercício da mediunidade permite a
flexibilidade desse mesmo psiquismo. Ele se torna mais flexível e melhor
aprimorado para a exteriorização das capacidades do Espírito. A mediunidade,
institucional ou não, é uma aquisição evolutiva e sua utilização é uma dos
vetores que impulsionam o desenvolvimento psíquico humano.

--- Questão [#006]
Doentes mentais que assim estão devido a obsessões, estariam com o psiquismo em
desarmonia consigo mesmos e incompatibilidade com a mediunidade do doente?

Resposta: A doença mental apresenta um espectro muito variado de causas e de
manifestações. Existem aquelas que, mesmo provocadas por obsessão espiritual,
contém sua psicogênese no psiquismo do encarnado. Nos casos em que a
interferência espiritual é causa ou conseqüência, a mediunidade estará sendo um
meio facilitador. O psiquismo em desarmonia significa o espírito em
desequilíbrio, portanto a causa estará sempre na personalidade e não
necessariamente no aparelho psíquico. A desarmonia do aparelho psíquico é
conseqüência e não causa. A mediunidade, na doença mental, pode ser
prejudicial, pois tende a facilitar o acesso ao inconsciente. Em muitos casos,
melhor seria bloqueá-la, até que haja equilíbrio psíquico para educá-la.

--- Questão [#007]
Como podemos harmonizar o nosso psiquismo com a nossa mediunidade?

Resposta: A harmonização psíquica é importante aquisição da pessoa, pois nada
mais salutar do que a paz íntima. A mediunidade é uma faculdade muito antiga no
ser humano, porém pouco ou só recentemente estudada. O Espiritismo colocou a
mediunidade como objeto de estudo científico e a dignificou com seu uso voltado
para a caridade. A mediunidade é parte de nossa atividade psíquica, pois, via
de regra, estamos pensando com espíritos desencarnados, embora acreditando que
estamos sozinhos. Seria oportuno que estudássemos mais e praticássemos mais a
mediunidade. Ela pode ser muito útil na vida cotidiana. Seu uso institucional,
no Centro Espírita, é um avanço, mas também pode ser utilizada na vida prática.
Considerar-se em contato constante com outras mentes, de encarnados e de
desencarnados, sem se sentir por isso pressionado, pode ser útil ao ser humano.
A mediunidade é um poderoso mecanismo de comunicação com o universo espiritual
a nossa volta. Usá-la em benefício da própria evolução e no auxílio a
terceiros, é a melhor maneira de contribuir para a harmonia interior.

--- Questão [#008]
É a mediunidade que se torna incompatível ao psiquismo ou é o psiquismo que se
torna incompatível à mediunidade?

Resposta: A mediunidade é uma faculdade psíquica. Não há incompatibilidade
entre a mediunidade e o psiquismo. O que pode ser incompatível é a comunicação
entre seres distintos, por conta das afinidades e de condições vibratórias
inadequadas. Um espírito desencarnado poderá se comunicar com determinado
médium encarnado por conta de ambos terem aparelhos psíquicos capazes para tal.
A comunicação poderá não se dar por estarem em distintas vibrações, mesmo tendo
aparelhos psíquicos que lhes permitiriam isso. O estado psíquico e não o
aparelho psíquico é que determinará a possibilidade da comunicação. O estado
psíquico é resultante das condições íntimas do Espírito e de seu nível de
evolução.

--- Questão [#009]
Como entender a questão do animismo e ter a convicção de que em uma mensagem
recebida tem de fato o conteúdo do espírito desencarnado?

Resposta: O animismo está sempre presente no fenômeno mediúnico de efeitos
inteligentes. O processo de exteriorização conta sempre com conteúdos psíquicos
do médium. Impossível a não utilização da mente do médium na comunicação. Os
conteúdos dos espíritos desencarnados são formatados no aparelho psíquico do
médium, apresentando construções típicas dele. O ineditismo da mensagem, a
precisão de informações confirmáveis por quem conhecia o encarnado, a linguagem
característica do espírito comunicante quando encarnado, o tipo de interesse do
médium, além dos objetivos da mensagem, podem dar pistas a quem queira
comprovações. As mensagens de elevado teor moral não servem de comprovação para
tal, pois tanto podem ser provenientes do encarnado quanto de desencarnados.
Melhor sempre, em casos que se deseje comprovação, duvidar.

--- Questão [#010]
O inconsciente, que o padre Quevedo prega, tem o poder que ele prega de captar
tudo 200 anos no passado e no futuro, e com isso negar a mediunidade?

Resposta: As teorias sobre o inconsciente não negam a mediunidade. Não se pode,
por outro lado, tudo creditar a influência os espíritos. A mente humana é pouco
conhecida e só percebida pelos seus efeitos. Não se pode também desprezar as
comunicações telepáticas ou que ocorrem na mesma freqüência vibratória. Acresce
ainda a possibilidade de que, os conteúdos de comunicações ditas mediúnicas,
serem trazidas pelo próprio indivíduo que a viveu no passado e, hoje, é o
próprio médium que assim acredita sê-lo. Isso não invalida a existência da
mediunidade e da imortalidade do espírito. Dá-se excessivo valor a quem nega a
mediunidade, em detrimento dos estudos que afirmam o contrário. As teorias
psicológicas a respeito do inconsciente são muito robustas e não se preocupam
em negar a mediunidade, mas em afirmar como funciona o aparelho psíquico.

--- Questão [#011]
Por que, para a maioria das pessoas, é tão difícil (e mesmo impossível) colocar
em prática na existência terrena aquilo que foi programado por ela mesma no
plano espiritual? Conheço médiuns que estão fracassando e mesmo recusando-se a
cumprir a sua tarefa mediúnica - semelhante ao narrado por André Luiz no livro
de sua autoria "Os Mensageiros" psicografado por Chico Xavier. Essas pessoas
estão sendo avisadas pela espiritualidade, têm consciência de que estão agindo
contra a sua programação e, mesmo assim, persistem no erro. Um desses médiuns
que conheço é médico, tem PhD, criado em uma família espírita e sofre de
Transtorno de Personalidade Narcisista em grau bem elevado. Ele tem plena
consciência do que ocorre com ele, bem como das conseqüências presentes e
futuras de suas ações. Recusa-se terminantemente a se tratar e gosta da vida
fútil, mesquinha, superficial, mentirosa, imoral, pervertida e devassa - cheia
de ódio e inveja - que leva. Como ficará (provavelmente) a situação dessa
criatura após o desencarne, se o fim inexorável do narcisista é a auto
destruição? O que ainda pode ser feito aqui no plano terreno por ela?

Resposta: O planejamento reencarnatório é um eficiente instrumento de auxílio
ao espírito em sua jornada evolutiva. Serve-lhe de baliza e de lembrança de um
planejamento que lhe poderá ser útil, cuja obediência aumentará suas chances
para o sucesso que pretende alcançar. O planejamento não deve se visto como um
determinismo. É uma possibilidade, isto é, uma estratégia dentre muitas. O
livre arbítrio é soberano ao espírito. Cumprir ou não cumprir responsabilidades
implica em escolhas, cujas conseqüências resultantes deverão ser analisadas de
forma ponderada. A consciência do indivíduo não estará sujeita uma instância de
julgamento que o culpe pelas escolhas diferentes da que se planejou. Ele
próprio é seu juiz, de acordo com as leis de Deus. A pessoa citada, cujas
escolhas parecem equivocadas, poderá ter um destino promissor, dependendo do
significado que atribui ao que faz hoje. Os atos externos podem não espelhar a
realidade do ser que assim age. Cito o exemplo de Buda e Francisco de Assis,
cujas atitudes antes das conversões, da mesma forma que Paulo de Tarso, eram
condenáveis sob todos os aspectos. Talvez o narcisismo dele necessite ser
esgotado, para que tenha uma melhor visão do ser espiritual que ele próprio é.
Devemos buscar ter um olhar amoroso sobre o mal do outro. O melhor a fazer por
essa pessoa é amá-la, escutá-la e oferecer a nossa paciência.

--- Questão [#012]
Possuo problemas para me comunicar. Às vezes, converso normalmente com as
pessoas. Mas, outras vezes parece que meus pensamentos fogem e não sinto
vontade de falar com ninguém. Sinto-me muito mal por causa disso. Já estive
pensando que pode ser da minha criação, pois não há diálogo na minha casa.
Sinto-me fraca. Por que está acontecendo isso, você tem uma sugestão para o meu
problema? Já pensei em fazer regressão. Tenho 16 anos, nasci dia 30 de Outubro.

Resposta: A adolescência é uma fase que se caracteriza por mudanças nas várias
dimensões da vida. É também durante essa fase que o processo reencarnatório se
consolida. O espírito reencarnante assume de vez sua nova personalidade. Agora,
em novo ambiente, enfrentará os desafios naturais da jornada que iniciou. Terá
dúvidas, medos e indecisões, mas terá capacidades que desconhece, a fim de
fazer face aos novos desafios. Parece-me que o que se passa com você se
assemelha à timidez dos indecisos e inseguros. Não creio que isso se deva
apenas à sua criação. Você também é responsável por essa forma de ser. Reaja e
perca o medo de enfrentar aquilo que você desconhece ou teme. Saia do casulo e
enfrente as críticas externas. Não creio que haja necessidade de fazer
regressão de memória. Na sua idade é preciso olhar para o presente e para o
futuro. Não queira olhar para o passado.

--- Questão [#013]
Em termos práticos, o que acontece à psique humana quando da eclosão da
mediunidade? Como deve o ser se dirigir para distinguir positivamente as
impressões causadas pelos irmãos desencarnados?

Resposta: Quando a mediunidade se torna mais ostensiva e seus sintomas assumem
a consciência, pois o inconsciente se abre de forma mais intensa. A psiquê
inconsciente parece cooptar a consciente. O indivíduo se torna mais suscetível
às influências diretas do próprio inconsciente. Há uma espécie de alquimia
entre os conteúdos conscientes e os inconscientes, promovendo certa confusão
mental. O estado de perturbação é compreensível, merecendo atenção do
encarnado. Excetuando-se os casos patológicos e quando a eclosão se dá pela
ação obsessiva de desencarnados, costuma provocar uma certa excitação
agradável. Parece ao encarnado que ele está possuído por uma força interior que
o anima e o estimula com idéias diferentes e inusitadas. A distinção entre os
pensamentos e idéias próprias daquelas oriundas de outras mentes, dá-se na
medida em que a pessoa se conhece e percebe a ocorrência. São idéias
intrusivas, inusitadas e, por vezes, anacrônicas, que surgem como um relâmpago
em sua consciência. Inicialmente a distinção é difícil, mas, com a freqüência
da ocorrência e a atenção voltada para o fenômeno, torna-se mais fácil. O
estudo da mediunidade será de extrema importância e utilidade para que a
distinção possa ser feita.

--- Questão [#014]
Até que ponto, um médium tido como equilibrado, interfere em uma comunicação?
No caso específico o médium tinha consciência dos fatos, conhecia o espírito
comunicante quando vivo. Ocorre que o médium "ficou" inconsciente durante o
comunicado. Daí a dúvida quanto ao direcionamento que a mente pode ou não
conduzir. Teria a espiritualidade o total domínio da situação para que o
comunicado fosse o mais fiel possível?

Resposta: A interferência na comunicação mediúnica pode ocorrer pela intenção
do médium ou não. Quando há intenção do médium chamamos de fraude. Quando não
há intenção do médium, chamamos de animismo. Esta última modalidade é parte
integrante do fenômeno mediúnico. Então não o médium que deseja interferir, mas
seu inconsciente é acionado para produção dos conteúdos de suas comunicações.
Essa interferência se apresenta sobre distintos graus e matizes, desde a
simples interferência na formulação das idéias até na construção de fatos
pertencentes ao seu próprio inconsciente. Isso não invalida a existência do
fenômeno mediúnico, apenas o torna menos autêntico. Quando se diz que o médium
está inconsciente durante a produção do fenômeno, não quer dizer que seu
inconsciente dele não participe. A inconsciência é do ego e não há bloqueio dos
conteúdos inconscientes. O fato do médium ter conhecido o espírito comunicante
facilita a produção de idéias e fatos. Isso interfere na autenticidade da
comunicação. Seria melhor que o espírito comunicante, nesses casos,
apresentasse informações de total desconhecimento do médium para melhor
autenticar sua mensagem. A “espiritualidade” não possui esse domínio, tendo em
vista a intimidade do fenômeno e o livre arbítrio dos envolvidos.

--- Questão [#015]
O que fazer quando a mediunidade eclode em nosso ser, e temos necessidade de
compartilhar com algum médium mais experiente nossas impressões a respeito? E
quando não há este médium, esta pessoa a qual possamos trocar tais impressões,
em nossa Casa Espírita, por "N" motivos?

Resposta: É salutar o compartilhamento de impressões mediúnicas, mesmo
considerando que o fenômeno ocorre de forma singular para cada pessoa. O estudo
em grupo, mesmo entre iniciantes favorecerá a compreensão do que se passa com
cada um. O melhor a fazer, nos casos em que não haja alguém mais experiente e,
mesmo nessa condição, é estudar com determinação as obras de Allan Kardec,
sobretudo O Livro dos Médiuns. A orientação vinda de uma única pessoa na Casa
Espírita, embora possa ser salutar, enviesará o conhecimento do grupo. Todos
devem estudar e buscar a universalidade do ensino, aprendendo de fontes
distintas a respeito da mediunidade.

--- Questão [#016]
O equilíbrio humano está diretamente ligado a seu conceito de felicidade e esta
percepção de valor de felicidade é um atributo puramente individual.
Considerando que em nosso estágio evolutivo, é praticamente impossível se
alcançar o estado de felicidade absoluta e o sofrimento meio imprescindível de
crescimento, não seria um fator de desequilíbrio a constatação de que o ser
humano só é capaz de usufruir de estados de felicidade relativa?

Resposta: A felicidade é um conceito abstrato que atrai todos em sua direção.
Ela pertence às instâncias superiores da psiquê que apontam para o divino. O
Espírito a almeja de forma singular, de acordo com suas experiências e com o
meio em que se situa. A felicidade não é um fim em si, mas um estado, portanto
alcançável a todos. Não é factível que se alcance a felicidade absoluta, pois
esta última é uma espécie de sofisma. Nada é absoluto a não ser Deus, portanto
não há felicidade absoluta. A afirmação de que o sofrimento é o “meio
imprescindível de crescimento” é um grande equívoco indutor de atraso
espiritual e fomentador de culpa. Não é o sofrimento que eleva o espírito, mas
o sacrifício (sacrifício = sacro ofício = trabalho). O sofrimento pode trazer
revolta e paralisia ao espírito. Não há felicidade absoluta, portanto toda
felicidade é relativa. Ou melhor, toda felicidade é felicidade. A felicidade
deve ser buscada como estado e não como fim. Os meios devem também proporcionar
crescimento ao espírito, não agredindo a ninguém, nem escravizando a alma.
Pequenas conquistas materiais, com administração competente do que se tem,
proporcionarão felicidade ao indivíduo, não merecendo condenação. Outras
conquistas morais também trarão idêntico estado de felicidade quando não
induzem o indivíduo ao isolamento de seus semelhantes.

--- Questão [#017]
Como neutralizar o animismo nas comunicações mediúnicas recebidas? Mesmo sendo
médium psicógrafo ou psicofônico, estamos envolvidos em fluidos deletérios, por
estarmos inseridos em um mundo de provas e expiações, sabendo que o estudo e o
trabalho na seara espírita ajuda e muito nesta neutralização, dias há que
estamos sobrecarregados com os problemas corriqueiros, pessoais, etc. Como
fazer para que as manifestações de nosso espírito, não comprometa as
comunicações?

Resposta: Muito embora o animismo faça parte das comunicações mediúnicas, sua
incidência pode ser minorada na medida em que o médium se dedique ao estudo da
mediunidade, ao processo de autoconhecimento e à disciplina em seu exercício
mediúnico. Por outro lado, seria importante que os médiuns fomentassem nas
casas espíritas em que laboram, a instalação de grupos de ajuda mútua,
conduzido por pessoas experientes, com o intuito de tratar de questões suas, na
tentativa de reduzir influências de seus problemas pessoais sobre o trabalho
mediúnico. O trabalhador espírita não pode prescindir de solucionar seus
conflitos íntimos para que eles não interfiram em sua produção mediúnica. Não é
apenas o exercício mediúnico que eleva a criatura, mas sua apropriação e
internalização pelo médium.

--- Questão [#018]
Qual o tipo de mediunidade de Joanna D´arc?

Resposta: Joanna D`Arc revelava ser portadora, principalmente, da mediunidade
de audiência, pois, ao que me consta, ouvia vozes que lhe revelavam informações
sobre o destino da França. Geralmente a mediunidade não vem resumida a um único
tipo. Frequentemente, o médium, quando resolve dedicar-se ao exercício da
mediunidade vai descobrindo ser portador de outras possibilidades de
transmissão do que vem do mundo espiritual. A mediunidade é uma faculdade
perispiritual que apresenta um variado espectro de possibilidades que vão se
apresentando na medida em que é exercitada.

--- Questão [#019]
Até que ponto os registros do passado no psiquismo humano influenciam em nossas
atitudes sem que possamos tomar conhecimento, cometendo erros?

Resposta: As experiências pregressas, gravadas no perispírito, interferem
subliminarmente nas emoções, pensamentos e atos humanos. Os erros cometidos
interferem tanto quanto os acertos. Não são os erros do passado que provocam
novos erros. Novos erros são cometidos por conta da ignorância em que ainda nos
encontramos. A educação na presente encarnação, os exemplos percebidos, o
trabalho em favor do bem pessoal e coletivo, a busca pelo aprimoramento e
crescimento pessoal, são fatores que contribuem para que não cometamos mais
erros. Todo passado humano é revestido de ignorância e esta não deve conduzir à
culpa. Devemos ressignificar aquilo que temos consciência que fizemos de
errado, perdoando-nos e não fazendo mais.

--- Questão [#020]
O inconsciente coletivo de Jung soluciona todos os enigmas da mediunidade, como
querem os materialistas ou adversários do Espiritismo?

Resposta: O Inconsciente Coletivo é uma instância psíquica que contém os
vetores do comportamento humano, que ensejam tendências comuns. Jung coloca que
o inconsciente coletivo contém os arquétipos, que são estruturas psíquicas
determinantes do comportamento humano. Não soluciona nenhum enigma, nem é um
reservatório que tudo explica. Quem assim pensa ou fala não conhece a
Psicologia Analítica de Jung. A mediunidade é uma faculdade pouco conhecida e
pouco estuda no espiritismo. Muito se fala, mas pouco se pesquisa. Muitas
mensagens e escritos sobre a mediunidade são quase que transcrições dos
clássicos livros de Allan Kardec. É preciso avançar mais sobre a mediunidade.
Não se deve preocupar com os detratores do espiritismo. Eles vão e voltam.
Alimentam-se da nossa ignorância quanto ao que condenam. A Psicologia é a
ciência do comportamento humano, cujo objeto de estudo é muito bem definido.
Ela não se ocupa em estudar a mediunidade. Esta é objeto de estudo do
espiritismo. Ao invés de responder aos detratores cuidemos de investigar a
mediunidade como a faculdade mais nobre do ser humano.

--- Questão [#021]
A telepatia se dá em quais níveis? Inconsciente ou consciente? Ou os dois? O
telepata "pega" informações do inconsciente?

Resposta: A consciência da ocorrência de um fenômeno é algo relativo.
Consciência, enquanto instância psíquica, contém aquilo que o ego coloca luz.
Inconsciente, outra instância psíquica, possui conteúdos que não tem energia
suficiente para assumir a consciência. A comunicação entre mentes se dá em
níveis não conscientes, pois se dá de perispírito a perispírito. Quando duas
mentes vibram na mesma freqüência é possível a passagem de conteúdos entre
elas. A telepatia ocorre, por esse motivo, no nível inconsciente.

--- Questão [#022]
O Super-esp, uma mistura de telepatia, clarividência e precognição, que
cientistas americanos acreditam, respondem realmente todos os fenômenos
mediúnicos, como meros fenômenos materiais?

Resposta: As pesquisas de Joseph B. Rhine em torno da Percepção Extra Sensorial
(ESP) revelaram que a mente humana, através do cérebro, é capaz de absorver
informações fora do domínio da consciência, portanto do tempo e do espaço. As
pesquisas não avançaram para o terreno da mediunidade, permanecendo nas
capacidades psíquicas anímicas. Através da mente, pode-se, de acordo com as
pesquisas de Rhine, apreender informações rudimentares sobre eventos passados e
futuros. Tais pesquisas não respondem tudo e nada descortinou a respeito da
mediunidade. Não se pode explicar pelas vias sensoriais o que é do domínio do
espírito.

--- Questão [#023]
Há alguma relação entre epífise, psiquê e mediunidade? Quais?

Resposta: A epífise é uma pequena estrutura cerebral, cujas funções são pouco
conhecidas da medicina. Recentes descobertas estão associando-a a funções de
natureza psíquica. Afirma-se que a comunicação entre o cérebro e a mente,
enquanto função do perispírito, se dá através da epífise ou pineal. Já a
mediunidade é a faculdade que permite seres de dimensões distintas se
comunicarem através do perispírito. Epífise é uma estrutura cerebral, pouco
conhecida em suas funções; psiquê é uma estrutura perispiritual de que se serve
o Espírito para atuar no mundo material e espiritual; e mediunidade é a
faculdade que permite ao espírito comunicar-se com seres de outras dimensões
existenciais.

--- Questão [#024]
Léon Denis, no livro "Cristianismo e Espiritismo", página 186, diz: "(...) o
inconsciente não é mais que uma forma da memória, um despertar em nós de
lembranças, de faculdades, de capacidades adormecidas.". Com isso, inconsciente
não tem nada com a precognição ou ele não pode também dar uma qualidade para um
semi-analfabeto escrever como Castro Alves, como os parapsicólogos acreditam?
Este pensamento está correto?

Resposta: Leon Denis, no trecho acima escrito, cita afirmação de Charles
Richet, provavelmente feita no final do século XIX ou início do XX. A essa
época pouco se sabia a respeito do inconsciente, enquanto instância psíquica.
Quem não entendia de espiritismo, creditava tudo ao inconsciente, o qual também
não era suficientemente conhecido. As teorias sobre o inconsciente,
principalmente a de C. G. Jung não visam atingir a mediunidade ou a
precognição. As teorias a respeito do inconsciente não se contrapõem ao
espiritismo. A precognição é explicável pelas potencialidades atribuídas à
psiquê, isto é, ao Aparelho Psíquico como um todo. Um semi-analfabeto pode
escrever tão bem ou melhor que Castro Alves e isso poderá ter explicação no
inconsciente perispiritual, isto é, ele poderá ter aquela competência em
experiências de vidas passadas, adquiridas nas várias encarnações e gravadas no
inconsciente. O mesmo resultado poderá ser obtido de forma mediúnica, caso a
competência do próprio Castro Alves, em espírito, poderá vir a ser utilizada
através de um médium. Embora não tenha sido semi-analfabeto, Chico Xavier
psicografou divinamente Castro Alves. O inconsciente não é explicação para os
fenômenos, muito embora dele participe, nem é tampouco apenas uma forma de
memória de experiências pregressas. É também uma instância da personalidade
humana.

--- Questão [#025]
Qual é a visão espírita da "síndrome de Jerusalém", aquela em que pessoas ao
chegarem nesta cidade passam a pensar que são o messias ou um dos profetas?
Obsessão coletiva? Formas-pensamentos? Mediunidade distorcida? Ou apenas doença
mental?

Resposta: Não conhecia tal síndrome. Quando pessoas se identificam com
personagens do passado, sem realmente serem suas encarnações, ocorre um
processo de “assunção da persona”. A persona é um arquétipo que possibilita a
psiquê se moldar a um tipo de apresentação no mundo. As pessoas pensam ter sido
aquele determinado personagem se condicionam pelo local, pelo motivo pelo qual
ali estão e pela fé. Entram numa espécie de transe não mediúnico. Não se trata
portanto de obsessão espiritual nem doença mental, mas de um fenômeno anímico.
Não se pode descartar, em certos casos, a possibilidade de obsessão por
fascinação quando outros sintomas estiverem presentes.

--- Questão [#026]
A depressão e a loucura podem estar ligadas a uma mediunidade que não é
trabalhada ou cuidada? Como distinguir se é um processo mediúnico ou psíquico?

Resposta: A depressão e a loucura não podem ser colocadas como se fossem a
mesma coisa. Depressão é falta de vontade de enfrentar a própria vida. Loucura
é um termo genérico, em desuso, para classificar portadores de doença mental
grave. A depressão não guarda relação direta com mediunidade. Certos
transtornos psíquicos, principalmente as psicoses, guardam estreita relação com
a mediunidade pela ocorrência da obsessão. A mediunidade não é causa de
afecções psíquicas, mas pode ser um meio pelo qual a obsessão poderá ocorrer.
Os processos mediúnicos estão intimamente ligados aos psíquicos, pois a
mediunidade ocorre através do aparelho psíquico humano. Quando a mediunidade
não é devidamente educada pela pessoa, poderá lhe trazer problemas psicológicos
por causa da ignorância de seu portador.

--- Questão [#027]
Qual a relação entre sonhos, mediunidade e psiquê humana?

Resposta: Os sonhos ocorrem quando o ego se encontra ausente, isto é, num
estado de consciência adormecida. Eles vêm do inconsciente. Tratam de processos
daquele que deles se lembra. Todas as pessoas sonham, porém nem sempre lembram
de seus sonhos. Muitas vezes eles refletem ocorrências do espírito durante o
sono, outras são resultantes de processos psicológicos inconscientes. Os sonhos
ocorrem graças a um mecanismo automático da psiquê que tenta compensar as
tensões entre a consciência e o inconsciente. A mediunidade é uma faculdade
perispiritual que permite a comunicação entre espíritos que se encontram em
dimensões diferentes. Sonhar constantemente com mortos é um tipo de mediunidade.

--- Questão [#028]
Muito se tem falado ultimamente nas casas espíritas do interior do estado de SP
sobre o desdobramento perispiritual através das técnicas da Apometria e a
possibilidade do tratamento psíquico. Teria muito animismo nessa abordagem?
Como o Sr. entende essa questão?

Resposta: Animismo ou não a apometria traz benefícios para quem a ela se
submete. Ela é utilizada no tratamento das obsessões, utilizando-se do
desdobramento espiritual. É mais uma das formas de se tratar a obsessão. A
técnica deve ser melhor estudada e aplicada nas casas espíritas. Devemos
entender que a apometria não se sobrepõe a outras técnicas. O mais importante é
o objetivo da cura.

--- Questão [#029]
No caso de obsessão, qual e influência dos remédios alopáticos na cura do
paciente?

Resposta: Remédios para tratamento de afecções psíquicas de causas psicogênicas
ou de causas espirituais, não curam. Em muitos causos os remédios alopáticos
são imprescindíveis, dependendo do estado geral do paciente. Nos casos das
psicoses, esquizofrenias e ansiedade, eles são indispensáveis. Sempre que o
sofrimento do paciente possa ser aliviado pela medicação, ela deve ser
prescrita. Nos casos de tendências suicidas eles funcionam como redutores da
excitação para aquela ação. Nas obsessões por fascinação e subjugação os
remédios alopáticos são importantes para permitir o tratamento psicológico e
espiritual do paciente. Eles não devem ser combatidos, pois são prescritos
visando o alívio e não a cura. Processos obsessivos não se curam com medicação,
mas com transformação do encarnado e do desencarnado.

--- Questão [#030]
Como vermos a questão da afinidade e sintonia mediúnica na visão psicológica? O
médium e o espírito comunicante devem possuir os mesmos sentimentos e emoções
para dar certo?

Resposta: Os mesmos sentimentos e as mesmas emoções são extremamente difíceis.
A mediunidade requer sintonia entre mentes que se encontram em dimensões
diferentes. Esta sintonia significa idêntica freqüência vibratória, portanto
está relacionado a fluidos. Um espírito poderá se comunicar através de um
médium cujas emoções estejam em descompasso com as dele. A ocorrência da
mediunidade está relacionada com o perispírito e não com o estado psíquico do
indivíduo. O estado psíquico interferirá na qualidade da produção mediúnica.

--- Questão [#031]
Gostaria de saber se os sonhos têm alguma relação com a mediunidade.

Resposta: Os sonhos com mortos estão relacionados com mediunidade. Eles
apresentam, de forma simbólica, um recorte da psiquê, visando compensar tensões
inconscientes. Mesmo quando refletem as ocupações do espírito durante o sono,
apresentam aspectos simbólicos. A mediunidade é uma faculdade perispiritual que
permite a conexão entre mentes que se encontram em dimensões distintas.

--- Questão [#032]
Dos livros de Ramatis, há muita influência do médium? Como saber se Ramatis é
uma criação do médium ou se o espírito é quem diz ser? Há algum estudo sobre
isso?

Resposta: Não conheço estudos sobre Ramatis. Em todas as comunicações
mediúnicas há influências da mente do médium. Tais influências nem sempre
decorrem da intenção do médium, pois o espírito, à sua revelia, utilizará de
conteúdos anímicos para a produção intelectual que pretende. O fenômeno anímico
anda lado a lado com o mediúnico de efeitos intelectuais..

--- Questão [#033]
Gostaríamos de saber o que é psiquismo, considerando-se os postulados e
ensinamentos da revelação espírita. Existe diferença entre psiquismo e mente?

Resposta: Psiquismo, mente e psiquê são a mesma coisa. São distintos nomes para
o aparelho psíquico, órgão funcional do perispírito para as diversas funções do
Espírito. O psiquismo é um veículo de manifestação do espírita, que se presta a
aquisição dos paradigmas das leis de Deus. Através do psiquismo, que evolui com
o Espírito, ele vive as experiências na carne a fora dela.

Autor: Adenáuer Novaes

Todo esse material provém dos sites: CVDEE - Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo e da Revista Eletrônica O Consolador.

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