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Frida sempre havia sonhado com um casamento de contos de fadas.

Planejara como seria o vestido, o véu, o buquê, o penteado, o sapato, os vestidos das madrinhas.

Selecionou as músicas da cerimônia, da entrada até a saída, e especificou como seriam as lembrancinhas, o bolo, os doces.

Preparou tudo com cuidadoso zelo.

Mas se esqueceu de levar em conta a parte principal, aquela que faria a diferença na adaptação do casamento: a realidade da vida a dois.

Ficara tão absorvida na cerimônia que deixara de lado a essência e o significado profundo desse ato.

O dia da celebração foi maravilhoso. Os convidados se encantaram com a decoração dos salões, os aromas das flores, os sons dos violinos e os sabores dos pratos.

Frida estava orgulhosa de si mesma. Havia se esmerado e agora se sentia realizada.

O noivo a tudo assistia com resignada alegria. Ficava feliz ao vê-la radiante.

Para ele, bastaria uma cerimônia simples, com os amigos íntimos e os familiares, mas ela queria uma festa digna de rainha.

Por conta desse desejo, casaram-se endividados.

Casamento é uma vez só, justificara Frida, a cada novo gasto inesperado.

E assim foram avançando em compromissos financeiros. Tudo em nome do sonho da mimada noiva.

Uma amiga alertou: Você não acha que está exagerando? Foi afastada do convívio e tratada com polida indiferença.

A noiva não queria ninguém lançando energias negativas em seu casamento.

Terminada a cerimônia, o casal rumou para uma breve lua de mel, em uma cidade de veraneio.

Quando voltaram, Frida não conseguia se adaptar à rotina de casada. Irritava-se, reclamando das tarefas diárias.

As dívidas chegavam impiedosas e o casal acabava discutindo por causa da eterna insatisfação de Frida.

Meses depois, ela decidiu voltar para a casa dos pais. Acusava o marido de não lhe dar atenção, de trabalhar muitas horas, deixá-la sozinha e não ajudá-la nos trabalhos da casa.

Ele realmente trabalhava horas a mais para pagar as onerosas contas. E, ultimamente, não fazia questão de retornar mais cedo.

Não se sentia à vontade em casa, onde a esposa o aguardava sempre com queixumes.

O casamento acabou antes mesmo do casal terminar de pagar todas as prestações assumidas.

Aquela amiga que havia sido afastada, um dia encontrou Frida e, ao ouvi-la reclamar sem parar, nem a deixou terminar.

Você estava tão focada em concretizar o seu sonho, tão voltada para si mesma e para a parte material do casamento, que ignorou o fato de que nossa felicidade está intimamente associada à felicidade dos que nos cercam.

O que você fez para que as pessoas que a cercam também tivessem seus sonhos realizados?

Frida emudeceu. Não havia pensado nos sonhos de mais ninguém. Apenas nos seus.

Naquele momento, um clarão iluminou sua mente. Ela percebeu, em choque, o quanto havia sido egoísta e imatura.

Voltou para casa cabisbaixa, pensando no quê, de fato, havia significado o casamento para ela.

E lamentou ter desperdiçado tanto tempo e recursos numa ilusão.

Desde então, Frida mudou sua forma de ser e estar no mundo, buscando primeiro a essência das coisas, e não suas manifestações exteriores.


Por: Momento Espírita, Redação do Momento Espírita, do site: http://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=4791&stat=0


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