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Quando Anastácio, o diretor da reunião mediúnica, encaminhava as tarefas da noite para a fase terminal, comunicou-se o Irmão Silvério para as instruções do costume.

Apontamento vai, apontamento vem, e Anastácio, o doutrinador, desfechou curiosa pergunta ao amigo desencarnado:

- Irmão Silvério, com o devido respeito, desejávamos colher a sua opinião em torno de grave assunto que admitimos seja problema não somente para nós, nesta casa, mas para a maioria dos grupos semelhantes ao nosso...

- Diga o que há...

- Referimo-nos aos médiuns, depois de iniciados na tarefa espírita. Porque tanta dificuldade para conservá-los em ação? Quantas vezes temos visto companheiros de excelente começo, e outros, até mesmo com o merecimento de obras consolidadas, abandonarem o serviço, de momento para outro?!... Uns foram curados de aflitivas obsessões, outros abraçaram o apostolado, em plenitude de madureza do raciocínio... Esposam benditas responsabilidades, de coração jubiloso, e principiam a trabalhar, corajosos e felizes... Surge, porém, um dia em que tudo ou quase tudo largam, de quanto prossigam credores de nossa maior consideração pela vida respeitável e digna de que dão testemunho, seja no lar ou na profissão. Como explicar semelhante fenômeno?

O mensageiro anotou, através do médium:

- Meu irmão, estamos em combate espiritual, o combate da luz contra as trevas. Muitos de nossos aliados sofrem pesada ofensiva por parte das forças que nos são contrárias, e é razoável que deixem a posição, quando já não mais suportem o assédio... somos, então, obrigados a compreendê-los e a favorecer-lhes a retirada, embora lhes valorizemos a colaboração, com as nossas melhores reservas afetivas.

- Sim, entendo – acentuou o inquieto companheiro do plano físico -, entendo que os agentes da sombra nos espiam e nos hostilizam, no intuito de arrasar-nos... Mas, porque essa perseguição? Não estamos nós do lado da luz? Não somos chamados a confiar em Deus? Acaso, não nos achamos vinculados aos princípios do Bem Eterno? Não nos situamos, porventura, sob a vigilânica de nossos Instrutores da Vida mais Alta?

O Espírito amigo sorriu e replicou, paciente:

- Anastácio, ontem à noite estive em serviço de socorro às vítimas de alguns malfeitores encarnados, numa casa de entretenimentos públicos. Os nossos infelizes irmãos, para atenderem aos baixos intentos de que se viam possuídos, fixaram-se, antes de tudo, no propósito de apagarem a luz no recinto, a fim de operarem sob regime de perturbação, no clima das trevas. Avançaram para as lâmpadas vigorosas que alumiavam a casa e, para logo, inutilizaram-lhes a capacidade de serviço, tumultuando aquele ambiente. Depois de darem muito trabalho aos policiais, estes, finalmente, restabeleceram a normalidade. Como você pode avaliar, o apoio elétrico não se modificou na retarguada, não impedindo que as lâmpadas fôssem substituídas para que se recuperasse a iluminação. Assim também, meu caro, em nossas realizações espíritas. Os elementos da sombra, interessados em vampirizar a Humanidade, visam, sobretudo, a anular os médiuns que iluminam e, notadamente, os de maior responsabilidade, de maneira que possam dominar com os inferiores desígnios que lhes caracterizam as lamentáveis disputas. Depois de formarem o tumulto e a treva de espírito, reclamam grande esforço dos Emissários de Jesus para que a harmonia se refaça no serviço regular de nossa Doutrina Renovadora. Apesar de tudo isso, porém, é preciso reconhecer que a ordem se reconstitui sempre para a vitória do bem de todos. Entende você?

- Sim... – reticenciou o doutrinador, e aduziu: - mas, que fazer para melhorar a situação?

E Irmão Silvério rematou com serenidade e otimismo:

- Paciência e serviço, meu caro, paciência e serviço cada vez mais. Assim como, em qualquer desastre da iluminação comum, a usina, os técnicos e a eletricidade prosseguem inalteráveis, também nos acidentes do intercâmbio espiritual, Deus, os Bons Espíritos e as Leis Divinas são invariavelmente os mesmos... Quanto às lâmpadas, é imperioso substituí-las, toda vez que não mais se ajustam à tomada de força, até que o progresso nos ofereça material de valor fixo... Compreendeu?

Anastácio sorriu por sua vez, demonstrando haver compreendido, e encerrou a sessão.


Por: Irmão X, Médium: Francisco Cândido Xavier


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