Em Apenas 3 Trechos, por Orson Carrara
Benefícios da Pandemia
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Ao lado dos desastres causados na saúde e na economia (aí incluídos os
empregos, naturalmente), pela pandemia do COVID 19, com todos os desdobramentos
já conhecidos e aqueles que ainda nem imaginamos e que surgirão pela frente,
considerando também os aspectos psicológicos e mentais na vida de muitas
famílias – seja pelas dolorosas circunstâncias de morte e sepultamentos ou os
impactos emocionais daí decorrentes – há que se buscar também os efeitos
positivos da complexa ocorrência:
a) O vírus nos igualou. Já não é a cultura, nem a posição social, nem a
inteligência ou o poder que determina os desdobramentos. Todos a ele estamos
sujeitos, se não nos precavermos. Isso disciplina uma nova mentalidade no
comportamento social, embora a teimosia de muitos em assimilar tais lições;
b) Embora aparentemente um paradoxo, nos aproximamos mais, apesar de fisicamente
distantes. Fizemos descobertas incríveis com a tecnologia já disponível, embora
não a houvéssemos valorizado antes em seu aproveitamento agora largamente
utilizado;
c) Alcançamos mais exata noção de nossa fragilidade e pequenez diante dos
poderes que verdadeiramente governam a vida;
d) Apesar de insistentes e ainda presentes, o vírus concentrou atenções e
cuidados, deixando em segundo plano – pelo menos na mídia – os absurdos da
corrupção e da criminalidade;
e) Pais e filhos passaram a conviver mais diretamente, com as lições em casa e
convivência mais amiúde;
f) Casais e profissionais de todas as categorias tiveram que se reinventar suas
rotinas, até por questão de sobrevivência.
g) Largas adaptações em todos os segmentos sinalizam um novo tempo e uma nova
forma de conduzir o cotidiano.
Claro que mais itens podem ser acrescidos e as preocupações não se centralizam
em tais benefícios, antes buscamos as questões de sobrevivência principalmente e
sentimos falta, por ser natural, imensa falta, da convivência social mais
intensa, como habituados que estávamos.
A realidade, contudo, apresentou-se, exigindo adaptações. E essa nova realidade
pode suscitar uma grande pergunta, entre tantas outras: “Qual nossa tarefa,
nossa missão, daqueles que estamos e continuamos, homens e mulheres, em empresas
e instituições, considerando a continuidade da vida social, ainda que adaptada?”
Breve reflexão indica que nosso compromisso comum pode ser dividido em três
principais itens: a) Instruir (isso cabe em todos os segmentos) = quem tem mais
experiência deve preparar pessoas e transferir conhecimentos e experiências para
quem está chegando e vai continuar, já que todos somos gradativamente e
continuamente substituídos na sequencia natural da vida humana; b) Auxiliar o
progresso = Nosso dever maior é fazer o que precisa ser feito, portanto,
oferecer nosso esforço e trabalho em favor do progresso geral de todos; c)
Melhorar as instituições = A evolução da mentalidade humana produziu muitos
conhecimentos que se distribuíram em variados segmentos das artes, da cultura,
do esporte, da educação, da indústria, etc. E todo esforço de melhora em todos
os segmentos deve ser permanente meta a ser perseguida, visando o bem da
coletividade, aperfeiçoando métodos e práticas que resultem sempre na melhoria
contínua da vida social.
Há um encadeamento natural na vida e seus segmentos. E todos podemos ser úteis
de alguma forma, não havendo missão ou tarefa menor ou maior. Todas são
importantes.
Mas estávamos excessivamente dominados pelo egoísmo (que ainda teima), iludidos
por paixões variadas, seduzidos por posses e posições temporárias, envaidecidos
muitas vezes por sonhos impraticáveis e mesmo cegos em situações variadas,
gerando aflições e tumultos que nem percebíamos.
A pandemia chacoalhou a vida social, fazendo refletir. Estamos realmente
conseguindo retirar lições da finalidade de sua vinda ou será preciso outra? O
tempo dirá.
Por: Orson Carrara, Texto enviado pelo autor
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