O Regresso de Simão Pedro, por Maria Dolores
Desserviço ao Espiritismo
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Quem estuda e conhece os fundamentos da Doutrina Espírita sabe seu
significado e importância em favor da Humanidade. Isso gera uma consciência
enorme de responsabilidade, convidando-nos a posturas de retidão, humildade e
principalmente comprometimento com a causa espírita. Não é preciso alongar-se
nesse parágrafo, de vez que as orientações são claras, estão definidas e
precisamos vive-las. Eis o desafio constante do cotidiano.
Corre-se, entretanto, o risco de perder-se essa noção, face às fragilidades
pessoais que todos trazemos. É quando prestamos um desserviço ao Espiritismo,
prejudicando a nobre causa, em situações ainda tão comuns entre nós:
a) Quando nos colocamos no pedestal da condição de infalíveis, orientadores
sábios ou solucionadores de todas as dificuldades, esquecidos de nossa própria
fragilidade;
b) Quando nos isolamos da convivência com outros grupos e nos fechamos na
pretensa posição de quem tudo sabe, esquecidos do tanto que ainda precisamos
aprender;
c) Quando fugimos da humildade e permitimos que a vaidade nos conduza o
comportamento, assumindo posições de pretensa superioridade que é incompatível
com nossa própria realidade de mendigos espirituais;
d) Quando criamos ou estimulamos seguidores para nós, condicionando-os às nossas
ideias, sempre limitadas, como bem próprio da condição humana, e pior, impedimos
que cresçam por si mesmos, criando enormes responsabilidades para o futuro;
e) Quando somos pródigos como médiuns, para impressionar, em dar informações
sobre o passado ou futuro das pessoas que nos procuram em busca de conforto,
esquecidos igualmente de nossa cegueira e limitação no alcance das realidades
espirituais;
f) Quando igualmente fornecemos detalhes de supostas perseguições espirituais de
pessoas enfermas ou perturbadas, que precisam antes de alguém que apenas as
ouça, distorcendo o nobre papel de dor'>consolador que o Espiritismo para todas as
criaturas;
g) Quando tentamos adaptar o Espiritismo ao nosso acanhado e limitado ponto de
vista, introduzindo práticas incompatíveis com a lógica e serenidade da prática
espírita, desconhecendo a dinâmica da própria vida e suas leis;
h) Quando nos fanatizamos, desejando converter pessoas ou impondo nossos
equivocados conceitos, esquecidos da liberdade de todos que devemos respeitar;
i) Quando deixamos de estudar e opinamos conforme nosso estado emocional, sem
refletir naquilo que estamos dizendo, agredindo e machucando pessoas e pondo a
perder iniciativas que levaram décadas para se solidificarem;
j) Quando nos apegamos a cargos, quando desejamos ser simplesmente obedecidos ou
quando achamos que somente nós sabemos e aí nos perdermos em subestimar esforços
alheios, esquecidos da potencialidade que está em todos os seres;
k) Quando caímos na crítica contumaz a tudo e a todos, como se fossemos donos da
verdade, esquecidos do respeito que nos devemos mutuamente;
l) Quando exploramos, procuramos tirar vantagens, enganamos, manipulamos,
distorcemos para fazer valer nosso ponto de vista...
A lista não termina aí. Se ficarmos penando, acharemos mais, claro. É bem
próprio de nossa condição ainda de aprendizes da ciência de viver. Com uma
doutrina maravilhosa à nossa disposição, vençamos essa tendência movida pelo
orgulho que ainda nos caracteriza.
Atendamos antes aos apelos da fraternidade.
Dada à nossa condição de aprendizes, estamos todos sujeitos a falhas e
equívocos. O próprio articulista aqui escreve antes para si mesmo, procurando em
si mesmo vacinas de atenção para não cair nessas armadilhas tão comuns, tão
diárias de todos nós, que, em tese'>síntese, prestam antes um desserviço ao
Espiritismo, nobre e extraordinária Doutrina enviada ao planeta para que seus
habitantes conheçamos a sabedoria das Leis Divinas, onde o amor é a essência,
onde só encontraremos a felicidade e paz autênticas, quando nos respeitarmos...
Por: Orson Carrara, Texto enviado pelo autor
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