O Regresso de Simão Pedro, por Maria Dolores
Dias Difíceis
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Há dias que parecem não ter sido feitos para ti.
Amontoam-se tantas dificuldades, inúmeras frustrações e incontáveis
aborrecimentos, que chegas a pensar que conduzes o globo do mundo sobre os
ombros dilacerados.
Desde cedo, ao te ergueres do leito, pela manhã, encontras a indisposição moral
do companheiro ou da companheira, que te arremessa todos os espinhos que o mau
humor conseguiu acumular ao longo da noite.
Sentes o travo do fel despejado em tua alma, mas crês que tudo se modificará nos
momentos seguintes.
Sais à rua, para atender a esse ou àquele compromisso cotidiano, e te defrontas
com a agrestia de muitos que manejam veículos nas vias públicas e que os
convertem em armas contra os outros; constatas o azedume do funcionário ou do
balconista que te atende mal, ou vês o cinismo de negociantes que anseiam por te
entregar produtos de má qualidade a preços exorbitantes, supondo-te imbecil.
Mesmo assim, admites que, logo, tudo se alterará, melhorando as situações em
torno.
Encontras-te com familiares ou pessoas amigas que te derramam sobre a mente todo
o quadro dos problemas e tragédias que vivenciam, numa enxurrada de tormentos,
perturbando a tua harmonia ainda frágil, embora não te permitam desabafar as
tuas angústias, teus dramas ou tuas mágoas represadas na alma. Em tais
circunstâncias, pensas que deves aguardar que essas pessoas se resolvam com a
vida até um novo encontro.
São esses os dias em que as palavras que dizes recebem negativa interpretação, o
carinho que ofereces é mal visto, tua simpatia parece mero interesse, tuas
reservas são vistas como soberba ou má vontade. Se falas, ou se calas,
desagradas.
Em dias assim, ainda quando te esforces por entender tudo e a todos, sofres
muito e a costumeira tendência, nessas ocasiões, é a da vitimação automática,
quando se passa a desenvolver sentimentos de autopiedade.
No entanto, esses dias infelizes pedem-nos vigilância e prece fervorosa, para
que não nos percamos nesses cipoais de pensamentos, de sentimentos e de atitudes
perturbadores.
São dias de avaliação, de testes impostos pelas regentes leis da vida terrena,
desejosas de que te observes e verifiques tuas ações e reações à frente das mais
diversas situações da existência.
Quando perceberes que muita coisa à tua volta passa a emitir um som desarmônico
aos teus ouvidos; se notares que escolhendo direito ou esquerdo não escapas da
ácida crítica, o teu dever será o de te ajustares ao bom senso. Instrui-te com
as situações e acumula o aprendizado das horas, passando a observar bem melhor
as circunstâncias que te cercam, para que melhor entendas, para que, enfim,
evoluas.
Não te olvides de que ouvimos a voz do Mestre Nazareno, há distanciados dois
milênios, a dizer-nos: No mundo só tereis aflições...
Conhecedores dessa realidade, abrindo a alma para compreender que a cada dia
basta o seu mal..., tratarás de te recompor, caso tenhas te deixado ferir por
tantos petardos, quando o ideal teria sido agir como o bambuzal diante da
ventania. Curvar-se, deixar passar o vendaval, a fim de te reergueres com
tranqüilidade, passado o momento difícil.
Há, de fato, dias difíceis, duros, caracterizando o teu estádio de provações
indispensáveis ao teu processo de evolução. A ti, porém, caberá erguer a fronte
buscando o rumo das estrelas formosas, que ao longe brilham, e agradecer a Deus
por poderes afrontar tantos e difíceis desafios, mantendo-te firme, mesmo assim.
Nos dias difíceis da tua existência, procura não te entregares ao pessimismo,
nem ao lodo do derrotismo, evitando alimentar todo e qualquer sentimento de
culpa, que te inspirariam o abandono dos teus compromissos, o que seria teu
gesto mais infeliz.
Põe-te de pé, perante quaisquer obstáculos, e sê fiel aos teus labores, aos
deveres de aprender, servir e crescer, que te trouxeram novamente ao mundo
terrestre.
Se lograres a superação suspirada, nesses dias sombrios para ti, terás vencido
mais um embate no rol dos muitos combates que compõem a pauta da guerra em que a
Terra se encontra engolfada.
Confia na ação e no poder da luz, que o Cristo representa, e segue com
entusiasmo para a conquista de ti mesmo, guardando-te em equilíbrio, seja qual
for ou como for cada um dos teus dias.
Sentes o travo do fel despejado em tua alma, mas crês que tudo se modificará nos
momentos seguintes.
Por: Camilo, Psicografada pelo médium J. Raul Teixeira, em 31/12/2002, na Sociedade Espírita Fraternidade, em Niterói – RJ
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