O Regresso de Simão Pedro, por Maria Dolores
A Cruz e a Dignidade
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Em uma passagem evangélica, Jesus disse que quem quisesse ir após ele,
deveria tomar sua cruz, renunciar a si mesmo e segui-lO.
Esse convite sinaliza que o processo de sublimação do próprio ser é trabalhoso.
A conquista da dignidade espiritual pressupõe o abandono de antigos vícios e a
conquista de variadas virtudes.
Também implica a quitação de velhas contas, oriundas de crimes cometidos contra
as leis cósmicas.
O Espírito em evolução precisa aprender a renunciar a seus hábitos tristes e a
suas concepções equivocadas de vida, para se tornar puro e fraterno.
A vida lhe propicia todas as condições para que se erga rumo ao seu destino
glorioso.
As penosas injunções da existência material são uma bênção.
No lento processo de vivenciar e se desiludir das coisas do mundo, a alma passa
a prestar atenção no que realmente importa.
Compreende que a aparência física é muito transitória.
Que o dinheiro muda rapidamente de mãos.
Que a saúde oscila e se fragiliza com o passar dos anos.
Que os amores mais caros vão para longe ou desencarnam.
Lentamente, ela compreende a transitoriedade de tudo o que a rodeia.
E entende que o primordial reside em seu íntimo.
Que a paz da consciência, fruto de um viver digno, é o que de bom a acompanhará
para sempre.
Esse processo é lento e doloroso.
Ele representa a cruz a ser levada.
Ocorre que, em um mundo amplamente materializado como a Terra, todos sofrem.
Não há ninguém que deixe de adoecer ou de morrer.
Todos passam pela experiência da desencarnação de seres amados.
Certamente não está a seguir o Cristo quem se revolta por tudo e por nada.
Conclui-se que não basta levar a própria cruz.
É preciso levá-la com dignidade, talvez até com alguma elegância.
Há quem espalhe pelo mundo o rancor por suas dores.
Com suas reclamações, inferniza a vida dos outros.
Acha que todos têm o dever de ajudá-lo e exige que o façam.
Porque enfrenta dificuldades, trata mal o semelhante.
Justifica seu comportamento infeliz com as dores que vivencia.
Entretanto, todos sofrem, em maior ou menor grau.
Apenas alguns o fazem com mais elegância.
Têm o cuidado de não infelicitar o próximo e praticam a caridade da paz.
Entendem que a cruz é deles, não da coletividade.
Quando necessário e possível, buscam e aceitam auxílio.
Mas sem imposições, reclamações ou rebeldia.
Assim, reflita que as injunções penosas de sua vida têm um propósito superior.
Elas se destinam a promover sua pacificação interior e efetivamente o fazem, se
bem suportadas.
Mas de pouco adiantarão se você se desequilibrar e se tornar causa de angústia
na vida do semelhante.
Para que a experiência seja válida, é preciso vivê-la com dignidade.
Por: Momento Espírita, Redação do Momento Espírita. Do site: http://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=4958&stat=0
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