O Regresso de Simão Pedro, por Maria Dolores
E a Paz Chegou
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O carro da guerra passou esmagador em desvario, deixando as marcas
inapagáveis da desolação e da morte em toda parte. Uma nuvem de sofrimento
cobriu o sol da esperança, enquanto as vozes em desespero misturavam-se ao
murmúrio aflitivo das litanias.
A aldeia era uma pequena clareira na floresta do mundo ambicioso e temporal.
Os seus moradores nada sabiam da política perversa dos estranhos dominadores dos
seus destinos.
A poeira que descia sobre as carnes trêmulas dos vencidos transformava-se em
lama ensanguentada.
As crianças esmagadas não tiveram tempo de fugir, nem os seus pais atônitos de
poder salvá-las ou salvar-se, e nem mesmo as virgens que se refugiaram no templo
o conseguiram.
Somente dominava o crime com o terror que vencia tudo e todos.
Na turbulência alucinada pelo desespero, alguém arrancou a música aprisionada na
garganta e suplicou em angústia por socorro e misericórdia:
Oh! Doce amor dos desgraçados!
Desce a Tua ternura até nós e recolhe as nossas aflições na concha sublime das
Tuas luminosas mãos.
Faze suavizar o peso em nossos ombros, carregados de opróbrio e de humilhação,
com o bálsamo das doces esperanças da Imortalidade.
Toma nossas infinitas aflições e transforma-as em sorrisos como flores de
incomparável delicadeza, ornando a Terra infeliz onde jazemos semimortos, de
forma que se transforme num jardim de bênçãos para o futuro.
E silenciou, arquejante.
Somente se ouviam entre os gemidos, as onomatopeias da Natureza compadecida.
Krishna escutou-a e enfrentou Indra, o invejoso e temerário, que fugiu
envergonhado para além das nuvens dos céus, permitindo que flechas de luz
descessem sobre a aldeia vencida e triste, vestindo-a de claridade.
A partir daquele momento, todas as dores da Terra foram se transformando em
rosais e festões de primavera eterna, a fim de que um Rei, que é o maior de
todos os reis, um Deus que supera todos os outros deuses, aplacasse a crueldade
onde surgisse e uma doce esperança nunca abandonasse aqueles que amam e confiam,
deixando de ser desventurados.
O monstro da guerra, surpreendido, tentou fugir, ressurgindo, aqui e ali,
todavia, a partir de então, a aldeia dos corações humanos ficou em harmonia,
instalando-se um reino diferente que nunca mais desaparecerá do mundo.
Esse Rei Triunfante deu a Sua vida por todas as vidas, e o Seu canto de perdão
elevou a humanidade aos Cimos anelados, superando reinos e principados, por
entender-se para sempre o infinito da Imortalidade.
Ei-lO novamente cantando o sermão da paz e da renovação da vida, quando parecia
estar esquecido!
Por: Rabindranath Tagore, Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na manhã de 2 de agosto de 2013, durante o 5º Congresso Espírita de Mato Grosso, em Cuiabá, MT. Do site: http://divaldofranco.com.br/mensagens.php?not=330
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