O Regresso de Simão Pedro, por Maria Dolores
Dor e Felicidade
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Convido o leitor a um passeio pelos panoramas da vida humana:
reprodução, liberdade, conservação, igualdade, adoração, destruição, trabalho,
progresso... Percebe-se, com clareza, que constituem as leis que nos regem.
Basta pensar. Algumas óbvias demais, como a reprodução, a conservação, o
trabalho. Outras ainda se debatem em resistências colocadas pelos próprios seres
humanos para serem cumpridas, como a igualdade, a liberdade, nem sempre
respeitadas; outras nos assustam, como a destruição (inevitável em construções e
situações temporárias, por exemplo). A adoração é interpretada por diferentes
procedimentos e o progresso inevitável. Mas todas são leis que nos regulam a
vida e visam trazer tranqüilidade e felicidade, apesar de ainda não inteiramente
compreendidas.
Se citarmos, então, a justiça, o amor, a perfeição moral (ainda que relativa), a
caridade... Aí então vemos a distância que nos encontramos.
Dessa imposição, não como castigo mas entendida como lei comum para todos,
alguns instrumentos desenvolveram-se, justamente pela criatividade e
originalidade da vida humana, pela lei de liberdade principalmente, trazendo-nos
por exemplo a cultura desenvolvida através dos milênios de história, a música,
as artes em geral, expressando inspiração e captação das fontes maiores que
dirigem a sustentam a vida.
Nessa luta, todavia, da convivência e das diferentes experiências (em todos os
sentidos, inclusive racial, social, sexual, etc), surgiram a dor e a felicidade.
Dor tanto física (das enfermidades, acidentes e deformidades físicas ou mentais)
como morais (remorsos, arrependimentos, aflições, mágoas, etc), com seus
conseqüentes desdobramentos. A felicidade também, por sua vez, tanto material
(na aquisição de bens e no conforto que o dinheiro pode proporcionar) e moral
(nas imensas e variadas satisfações que o dinheiro não pode comprar), igualmente
com seus desdobramentos.
Cabe-nos optar pela dor ou pela felicidade. Opção exclusiva de cada um.
Experimentemos recordar o que sentimos quando asilamos inveja e ciúme, orgulho
ferido, raiva, ódio e egoísmo no coração: imediato e constante mal estar,
sensação desagradável que destrói a felicidade, tira-nos o sono,
intranqüiliza-nos.
Ao contrário, experimentemos recordar as sensações advindas da admiração real e
sincera por alguém; do sentimento de gratidão por qualquer pessoa que tenha nos
proporcionado algo bom; do desejo de ajudar, etc. É imediato bem estar,
felicidade interior, sensação de dignidade e auto-estima abundante.
O Natal desdobra todas essas reflexões outra vez. Em dezembro, deixamo-nos
envolver por esta euforia da solidariedade; em janeiro voltamos à rotina da
indiferença. O que tem o Natal de tão especial, apesar de trocarmos o
aniversariante pelo Papai Noel?
É que a simples lembrança do nascimento do Mestre e Senhor, do maior Amigo da
Humanidade, sintonizam-nos com Sua Grandeza e presença amorosa entre nós.
Apesar das agressões individuais ou coletivas, como o vergonhoso aumento pelos
deputados nos próprios salários numa afronta aos graves problemas nacionais (não
é preciso relacionar, não é mesmo?), sempre podemos optar pela tolerância, pela
compreensão, pelo afeto, pelo perdão, como desejou Jesus de Nazaré...
A opção cristã é pelo amor, apesar de tudo. É preciso prosseguir mesmo que tudo
que você construiu em décadas seja destruído num instante, como afirmou Teresa
de Calcutá. Afinal, o exemplo arrasta... Nenhuma dedicação para o bem será
perdida...
Por isso, desejando um Feliz Natal e um Ano Novo mais sereno para todos nós,
permita-nos dizer: Escuta-nos, Senhor e Mestre: ajuda-nos a vencer a nós mesmos;
orienta-nos a acertar os passos no caminho da retidão e da bondade; segura-nos
as mãos para conseguirmos acender a luz da tolerância e da compreensão dentro do
coração e clareia nosso caminho, Divino Amigo, para não nos perdermos tanto em
tantas tolices... Nossa sofrida Humanidade debate-se em desafios enormes, frutos
a maioria deles de nosso egoísmo pessoal e coletivo. Ajuda-nos, Jesus, a
estamparmos no rosto a expressão da esperança e nos transformarmos também em
mãos que ajudam, trabalham, cooperam e prosseguem confiantes na construção da
felicidade para todos.
Por: Orson Carrara, Texto enviado pelo próprio autor para publicação em nosso site
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