Perante a Ciência, por André Luiz
A Parentela Corporal e a Parentela Espiritual
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Os laços do sangue não criam forçosamente os liames entre os
Espíritos. O corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito,
porquanto o Espírito já existia antes da formação do corpo. Não é o pai quem
cria o Espírito de seu filho; ele mais não faz do que lhe fornecer o invólucro
corpóreo, cumprindo-lhe, no entanto, auxiliar o desenvolvimento intelectual e
moral do filho, para fazê-lo progredir.
Os que encarnam numa família, sobretudo como parentes próximos, são, as mais das
vezes, Espíritos simpáticos, ligados por anteriores relações, que se expressam
por uma afeição recíproca na vida terrena. Mas, também pode acontecer sejam
completamente estranhos uns aos outros esses Espíritos, afastados entre si por
antipatias igualmente anteriores, que se traduzem na Terra por um mútuo
antagonismo, que aí lhes serve de provação. Não são os da consangüinidade os
verdadeiros laços de família e sim os da simpatia e da comunhão de idéias, os
quais prendem os Espíritos antes, durante e depois de suas encarnações. Segue-se
que dois seres nascidos de pais diferentes podem ser mais irmãos pelo Espírito,
do que se o fossem pelo sangue. Podem então atrair-se, buscar-se, sentir prazer
quando juntos, ao passo que dois irmãos consangüíneos podem repelir-se, conforme
se observa todos os dias: problema moral que só o Espiritismo podia resolver
pela pluralidade das existências (Capitulo IV, no.13).
Há, pois, duas espécies de famílias: as famílias pelos laços espirituais e as
famílias pelos laços corporais. Duráveis, as primeiras se fortalecem pela
purificação e se perpetuam no mundo dos Espíritos, através das várias migrações
da alma; as segundas, frágeis como a matéria, se extinguem com o tempo e muitas
vezes se dissolvem moralmente, já na existência atual. Foi o que Jesus quis
tornar compreensível, dizendo de seus discípulos: Aqui estão minha mãe e meus
irmãos, isto é, minha família pelos laços do Espírito, pois todo aquele que faz
a vontade de meu Pai que está nos céus é meu irmão, minha irmã e minha mãe.
A hostilidade que lhe moviam seus irmãos se acha claramente expressa em a
narração de São Marcos, que diz terem eles o propósito de se apoderarem do
Mestre, sob o pretexto de que este perdera o espírito. Informado da chegada
deles, conhecendo os sentimentos que nutriam a seu respeito, era natural que
Jesus dissesse, referindo-se a seus discípulos, do ponto de vista espiritual:
"Eis aqui meus verdadeiros irmãos." Embora na companhia daqueles estivesse sua
mãe, ele generaliza o ensino que de maneira alguma implica haja pretendido
declarar que sua mãe segundo o corpo nada lhe era como Espírito, que só
indiferença lhe merecia. Provou suficientemente o contrário em várias outras
circunstâncias.
Por: Allan Kardec, Caso tenha ou possua, envie-nos a referência desse texto.
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