Amor à Primeira Vista
1- Existe o amor à primeira vista?
Salvo em circunstâncias especiais, de almas afins, que se reencontram para
gloriosas experiências em comum, o amor não é uma aquisição "à vista". Melhor
que seja uma realização "a prazo", desenvolvido e sustentado em longos anos de
experiência em comum.
2- Mas não é freqüente as pessoas dizerem que logo no primeiro contato
encontraram o homem ou a mulher de suas vidas?
É possível, mas também muitos viram o parceiro de sua vida transformar-se em
tormento dela, culminando com a separação.
3- Estavam equivocados?
Talvez existisse uma ligação efetiva, fruto de experiências em comum no
pretérito. Vieram para consolidá-la, mas a relação deteriorou-se com o tempo.
4- Por isso costuma-se dizer que com o amor passamos o tempo e com o tempo passa
o amor?
O que passa é a paixão, o amor-desejo, o amor-deslumbramento. Alguns quilos de
sal consumidos em comum e as pessoas começam a sentir que o parceiro não é tão
desejável e nada deslumbrante.
5- O que seria, então, o verdadeiro amor?
Lembro-me da série famosa de publicações ilustradas, sob o título "Amar é...",
envolvendo manifestações de afeto recíprocas. Do homem para a mulher: Amar é
conversar com ela; amar é entender seus momentos difíceis; amar é lembrar de seu
aniversário; amar é acompanhá-la ao médico; amar é dar-lhe um descanso na
cozinha... São incontáveis as situações em que se enfatiza algo que o amante faz
pela amada ou vice-versa. Amar é isso - querer o bem de alguém.
6- Mesmo esse amor não se desgasta com o tempo?
Depende das pessoas. O amor é como uma planta que se não for bem cuidada morre.
Muitos casais, unidos por legítimos laços de afetividade, acabam vendo o amor
fenecer por falta de cuidado e atenção.
7- Por que isso acontece?
Porque as pessoas se envolvem muito com seus negócios, seus interesses pessoais,
suas paixões, e não deixam espaço para cultivar o amor.
8- Não são as dificuldades de relacionamento que acabam por provocar as
tormentas do amor? As pessoas se amam muito mas, de repente, descobrem que são
muito diferentes.
O homem e a mulher se completam justamente porque são diferentes. Pretender que
tenham identidade plena de interesses e aptidões seria contrariar a própria
biologia. Se o amor for bem cultivado, com os defensivos da compreensão, do
respeito e da tolerância, não haverá espaço para as ervas daninhas do
desenvolvimento, que matam o amor.
Richard Simonetti