Pergunta e Resposta

Às vezes perguntam-me: O que faço para iniciar no Espiritismo? Tenho que fazer alguma iniciação? A pergunta procede, pois quem simpatiza e verifica a lógica dos ensinamentos espíritas, também sente vontade de aproximar-se para conhecer melhor. Mas, respondendo, procuro esclarecer que não há qualquer tipo de iniciação. O caminho é estudar para conhecer...
Para tanto, o ideal é começar pelo começo mesmo. Estudando as obras de Allan Kardec, iniciando pelo "O Livro dos Espíritos", "O Livro dos Médiuns"e "O Evangelho Segundo o Espiritismo". Depois de formada a base, aí sim virão as obras complementares e outras leituras mais amenas, informativas, e até os famosos romances.
Mas, se o leitor tiver dificuldade em estudar sozinho, procure um grupo sério que realmente estude o Espiritismo. Não se iluda com centros que se denominam de espíritas e adotam posturas místicas que são práticas distantes do Espiritismo. Também não siga líderes. Forme sua própria consciência espírita, através do estudo ponderado, refletido, continuado, perseverante. Ao mesmo tempo, procure ouvir palestras (elas são constantes na maioria dos centros), para tirar suas próprias conclusões com o estudo que vem fazendo. E, se possível, participe de eventos que são realizados, para você ir percebendo a riqueza do conhecimento espírita. Mas também engaje-se em alguma atividade de auxílio ao próximo, pois isto tem grande validade para seu amadurecimento perante as questões doutrinárias do Espiritismo.
E para sua informação, saiba também que:
a) O passe não é obrigatório para ninguém. Recebe-o quem desejar; b) Ser espírita não significa necessariamente ter que desenvolver a mediunidade. Esta é uma faculdade humana, não necessariamente desenvolvida por toda pessoa que se torna espírita; c) Médiuns e palestrantes, presidentes de centros e demais espíritas são pessoas comuns, absolutamente normais, sujeitos a erros, dificuldades e equívocos como qualquer outra pessoa, não devendo portanto receber qualquer tipo de consideração especial ou endeusamento pela atividade que exercem; d) As atividades espíritas são gratuitas, exceto os livros, jornais, revistas ou CDs, que são comercializados em virtude do próprio custo de confecção. Ao mesmo tempo são atividades distantes de qualquer promessa de cura, distantes do misticismo ou uso de gestos, velas, hierarquia, roupas especiais, etc.; e) Você inclusive pode continuar na religião que está. O Espiritismo veio para esclarecer, jamais para arrebanhar adeptos. Coloca o conhecimento à disposição, mas respeita profundamente todas as crenças. Você pode apenas conhecer, sem ter que mudar de religião; f) O Espiritismo recebe a todos com atenção e também diz que se a pessoa estiver feliz com a religião que professa, que continue com ela. Todas são importantes e devem ser respeitadas; g) Os espíritos são as pessoas fora do corpo. Portanto, são diferentes em moralidade, bondade e saber, assim como as próprias pessoas. Isto equivale dizer que nem tudo o que vem dos espíritos é correto e por esse motivo para ser aceito, deve estar dentro do bom senso, da lógica e do bem geral para as criaturas; h) Para aceitar as informações vindas de um médium, você deve conhecê-lo, para poder confiar em sua integridade moral. Do contrário, ninguém é obrigado a aceitar nada. Tudo que ultrapassar o bom senso e a lógica, bem como o bem geral das criaturas, deve ser rejeitado; i) O Espiritismo espera questionamento de seus temas para ser compreendido pelo raciocínio. A aceitação cega está longe de seus princípios. Para ser aceito, deseja ser estudado e pesquisado em profundidade.
Talvez o leitor esteja perguntando a si mesmo: em quem confiar? Como distinguir o verdadeiro do falso? A resposta é simples: analise a seriedade dos grupos e seu compromisso com o bem. Onde houver o bem e as atividades primarem pela lógica e pelo bom senso, aí estará a autêntica Doutrina Espírita. Tudo que fugir desses parâmetros, esqueça. Não é Doutrina Espírita... Fanatismo, vaidades, imposições, disputas ou misticismo são fatores distantes do Espiritismo.
Portanto, caro leitor, seja bem-vindo aos livros, se o desejar.


Orson Carrara