Recusamos Admitir Sejam Da Mesma Fonte
A diversidade das comunicações – em forma e fundo –, nos tempos primeiros dos
fenômenos produzidos pelos espíritos, levou à conclusão que não poderiam ter a
mesma origem. Referido critério é totalmente válido também para os dias atuais
no processo das comunicações mediúnicas.
Escreveu o Codificador na Introdução – quase no final do item V daquele texto –
de O Livro dos Espíritos, que:
“(...) Em certos casos, as respostas revelam tal cunho de sabedoria, de
profundeza e de oportunidade; exprimem pensamentos tão elevados, tão sublimes,
que não podem emanar senão de uma inteligência superior, impregnada da mais pura
moralidade. Doutras vezes, são tão levianas, tão frívolas, tão triviais, que a
razão recusa admitir derivem da mesma fonte. (...)”.
Sim, e isso por uma razão muito simples que também aprendemos com o estudo da
Doutrina Espírita: os espíritos estão em diversos estágios de maturidade,
inteligência e moralidade. Isso preserva de decepções e ensina que nem tudo que
vem dos espíritos enquadra-se nos critérios de aproveitamento. Justamente porque
estamos todos aprendendo e cada um situa-se no degrau que conseguiu alcançar.
Então, por conclusão lógica, teremos comunicações banais, frívolas, e mesmo
levianas como indicou Kardec. E, por outro lado, em outras ocasiões teremos a
alegria de constatar a presença da mais pura moralidade e virtudes em
comunicações verbais ou textuais.
Assim como os homens se revelam nos relacionamentos e ações que empreendem, com
sua moralidade ou falta dela, com sua experiência ou total ausência desse
requisito ou mesmo com maturidade ou imaturidade, gerando quadros de alegria e
progresso ou desdobramentos lamentáveis com prejuízos visíveis e agressivos,
também os espíritos se revelam pela sua linguagem. Uns são sábios, prudentes,
aconselham, auxiliam. Outros são levianos, agressivos ou inconsequentes. Cada um
revelando a própria posição. As comunicações espirituais, portanto, sejam de que
forma venham, são de origens distintas, no que se refere à sabedoria e bondade
ou falta delas.
Aliás, será de muita validade reler a Introdução de O Livro dos Espíritos,
riquíssima fonte condensada de informações, que facilita a compreensão deste e
de outros detalhes para bem entender os espíritos e sua relação conosco. O
precioso documento está composto de 17 itens e não pode ser dispensado para bom
entendimento da estrutura doutrinária do Espiritismo.
Voltando ao título da presente abordagem, alguém perguntaria as razões dessa
diversidade. É que o progresso, sendo lei natural, incentiva todos a
progredirem, mas o aproveitamento das oportunidades é diferente, a depender do
esforço ou da negligência de cada um.
Assim como entre nós, os encarnados, nossa maneira de ser nos diferencia, também
os espíritos se interessam ou não pelo próprio progresso e pelas oportunidades
de aprendizado.
Assim, a negligência ou a indiferença, a omissão, ou o esforço, a dedicação, a
busca incessante de aprendizados está nos dois lados da vida. Vai depender da
vontade e inciativa de cada um.
Não se assuste, pois, com comunicações agressivas, fraudulentas, maliciosas ou
com tentativas dominadoras. Se existem bons espíritos, existem também aqueles
que ainda não descobriram os benefícios de melhorar a si mesmos, e permanecem –
ainda que temporariamente – estacionados no desinteresse e na preguiça. Enquanto
outros avançam pelo esforço continuado de aprende e se melhorar.
Nada mais natural. São, pois, fontes diferentes de informações, que podem ou não
serem aproveitadas O critério do bom senso e do discernimento nos ensina o que
podemos ou não devemos aproveitar e utilizar.
Nada como o tempo e a experiência para nos ensinar.
Orson Carrara