Nem Dúvidas, Nem Dívidas

Chamejam labaredas frementes de desesperação nos olhares?
Estampa a luz da serenidade na própria face.

Estalam coriscos de discórdia sobre multidões de cabeças?
Derrama harmonia em torno, qual se carreasses a paz do luar em noite lívida.

Alinham-se emboscadas por surpresas terrificantes nas curvas do caminho?
Arregimenta em ti mesmo a cidadela do bem que vence todo mal.

Explodem bombas de cólera, formadas ao contacto da injustiça?
Articula a frase que balsamiza e recompõe.

Repontam incidentes opressivos nos momentos de dor?
Traça novas diretrizes à paciência que assegure a esperança.

Emergem aqui e ali semblantes embuçados de trevas?
Esparze o sol interior do otimismo e do bom-senso.

Brincam passos desprevenidos às bordas do abismo?
Espelha a prudência e a cautela sem pretensão.

Avultam sombras espectrais nas telas do pensamento?
Fixa os pés na rocha da disciplina.

Descem rescaldos de lágrimas nos cílios em derredor?
Planta flores de alegria e de amor sobre as ruínas sedimentadas pela ilusão.

Não permitas se te afrouxe a voz da consciência .
Evita errar por omissão.

Auxilia com brandura, sem desprezar a firmeza.
Ampara com carinho, sem esquecer o discernimento .

Deixa às águas volantes das horas todos os detritos da experiência.
Não alimentes nem dúvidas nem dívidas.

Serve e segue.

Cada dia espera que o Senhor lhe dissipe o nevoeiro da retaguarda.

Prossegue, pois, adiante, na convicção invariável de que só o bem ficará contigo.


Aura Celeste