Fazer do Dever um Prazer
Tesouro inconspurcável que o homem pode trazer por dentro reside na confiança
integral depositada por ele na Força Maior que rege a vida.
Quem transporta consigo semelhante riqueza iluminou a vontade, erguendo-se
invencível nas vagas ondulantes em que se entrechocam as ilusões terrestres.
Sejam quais sejam os empeços externos, enxameiem-se ciladas por onde caminhe,
esculpe a fisionomia da vitória no pedestal da serenidade. Nos vagalhões da
luta, tem o raciocínio erecto, à feição do penedo capaz de sustentar o farol que
aponta o abismo, e mantém o sentimento qual chama de esperança a fazer-se canção
na sombra noturna para saudar o renascimento da alva.
Não conhece tempo pior, nem futuro incerto.
Em qualquer eventualidade, convence-se de que executa os desígnios da
Providência, para que melhore a si mesmo, melhorando as existências, em
derredor.
Nada tem a perder, quanto ao mundo, porque, acima de tudo, prestigia os talentos
que transcendem os valores do mundo.
Dificuldade ser-lhe-á incentivo na ação meritória; incompreensão alheia
atestar-lhe-á o devotamente; sacrifício lhe acenará sempre, qual radioso clarão
a desvendar-lhe roteiros para a esfera superior. Arrosta perigos e sofre riscos,
baseando-se na importância do esforço a que se expõe na transitoriedade de tudo
o que é humano fora de si, para exalçar a perenidade de tudo o que é espiritual,
em si.
Olha o íntimo de ti e mede a extensão de «terreno interior» que consegues
alcançar na luz da fé renovadora que pensa, analisa e conclui por si própria.
Conserva a atitude de quem está pronto a servir. Préstimo espontâneo revela
desejo de acertar.
Cada dia, cada experiência e cada circunstância te facultam multiplicadas
oportunidades para burilar a fé, de maneira a te certificares, ainda mais
entranhadamente, de que ninguém pode aposentar a própria consciência.
É assim que todo espírita viverá feliz, fazendo do dever um prazer.
Anália Franco