A Lei da Renovação

A vida não pode ser apenas alegria: há-de ter altos e baixos, situações opostas e contrastes naturais que lhe favoreçam a elevação. A planta, conquanto necessite de calor, não se desenvolve ao pé do fogo. Planeta que gravitasse rente ao Sol seria ninho fulgurante e inabitável, segundo a ideia que podemos formular em torno da vida.

Tanto é valioso o dia quanto a noite. O gelo imuniza, a fornalha acalenta. Por mais estranho pareça, a paz íntima levanta-se da luta.

Todas as situações humanas oferecem quota normal e inelutável de dificuldades, desenganos e aborrecimentos, gerando, ao mesmo tempo, outra quota muito mais significativa de galardões, facilidades e recompensas, se soubermos aceitar a lei da renovação e aproveitá-la para fazer o melhor.

As árvores sobrevivem alijando folhas mortas, o sangue que entretém as funções orgânicas pede constante refazimento. Seguir adiante e escolher o caminho - eis a condição do progresso.

Se aguardarmos o pior, o pior nos trará decadência; se esperamos o melhor, o melhor construir-nos-á o triunfo. Acharemos o que buscarmos.

Jamais o espírita pode considerar-se desmobilizado. Idade física é anotação secundária na oficina do bem. Mais vale um dia de trabalho que um milênio de inércia.

Há muitos vivos que morrem antes da morte à vista de se colarem sistematicamente ao passado, cortando todos os laços com o presente.

No mosaico do destino, existem trechos que brados ou danificados à espera de restauração ou acabamento. São as obrigações retardadas ou as obras menos fáceis que a pessoa ainda não se dispôs a enfrentar, os trabalhos não terminados ou negligenciados pela consciência. As realizações em suspenso e débitos não pagos trazem inquietação e insegurança, representando para nós desafios que não foram aceitos, chamamentos a que não demos ouvidos. Reunir essas zonas nevrálgicas é conquistar o próprio equilíbrio.

Roteiros edificantes não nos faltam. Escasseia-nos comumente a disposição de fazer e obedecer.

Meditemos na alavanca da vontade.

Entre a usina e a iluminação doméstica prevalece a tomada de força. A usina encerrará potenciais inavaliáveis de energia e a instalação figurar-se-á obra-prima. Onde a tomada não funcione, técnica e poder efetivamente não valem.

Quem não domina a si mesmo, vive sujeito ao jugo das circunstâncias.


Antonio da Silva Neto