Protocolo de Segurança
A expressão que uso como título foi muito utilizada nos últimos tempos,
especialmente considerando a área de saúde, indicando procedimentos em favor da
segurança da população nas situações de riscos. Claro que não exclusivo à saúde,
mas estendendo-se a outras circunstâncias da vida coletiva.
A palavra protocolo também está ligada a questões de organização e mesmo
providências administrativas, ainda que muitas vezes burocráticas, face à
necessidade compreensível de ordem nos diversos segmentos da vida humana,
inclusive com registros e andamento de documentos e processos variados.
A palavra segurança, também sempre buscada e enfatizada, indica caminhos e
roteiros de firmeza e estabilidade, cabível igualmente em todas as
circunstâncias da vida e do relacionamento humano, burocráticas ou não,
afetivas, de saúde, de patrimônio e proteção individual e coletiva.
A expressão título da presente abordagem cabe também na prática espírita. A
fonte segura de informações está na Codificação Espírita. Ela é roteiro luminoso
para se agir com segurança, com decisão, iniciativa e ações que valorizem seus
propósitos, exatamente pelo conhecimento de seu conteúdo.
Com o conhecimento espírita estamos de posse de um verdadeiro protocolo de
segurança, indicando como agir diante dos desafios diários do cotidiano, de como
lidar com os fenômenos produzidos pelos espíritos e sua constante influência
sobre a vida humana. Inclusive a compreender sobre nossa origem, natureza e
destinação, a entender quem são e por que existem os médiuns, prevenindo-nos das
ilusões e seduções do fanatismo, do radicalismo e mesmo de pretensões vãs ou
inserções distorcidas nas atividades a que nos dedicamos, movidos pelo ideal
espírita.
As distorções, enganos, decepções, frustrações e todo tipo de incoerência,
tantas vezes verificada, se deve ao fato do não conhecimento ou do conhecimento
não aplicado, não observado. Os princípios doutrinários, tão claramente
expressos por Kardec em toda sua obra, precisam ser devidamente conhecidos,
divulgados e sempre comentados em explicações claras, objetivas, para a
compreensão geral. Entre eles está a questão do intercâmbio com os espíritos,
gerador – justamente pela falta de conhecimento e aplicação do discernimento –
de fantasias e distorções de todo tipo.
A Doutrina Espírita é uma doutrina racional, lógica, de embasamento científico,
desdobramentos filosóficos e consequências morais. Nada impõe. Apenas pede ser
conhecida. Por isso o estudo doutrinário é fundamental. A reflexão continuada
sobre seus conteúdos, as explanações claras e objetivas nas reuniões públicas
das instituições e, claro, a aplicação coerente nas atividades movidas pelo
ideal espírita.
Conhecer o Espiritismo, em sua fonte original – as Obras Básicas de Kardec –
constitui-se em verdadeiro Protocolo e Segurança, que evita ilusões, fantasias,
fanatismo ou radicalismo. Claro, porém, que mesmo conhecendo, podemos ser
atraídos e seduzidos por esses caminhos equivocados, por isso ao lado do estudo,
sempre a reflexão em torno do bom senso e do discernimento. Cabem algumas
perguntas que todos podemos fazer, seja como individuo, seja como instituição.
O que estou fazendo é coerente com a prática espírita?
Por outro lado, sou coerente com o que já sei?
Meu proceder indica personalismo ou desejo mesmo atuar com o propósito de
servir?
Ouvi uma referência desastrosa um dia desses. Disse um dirigente espírita:
“Entre Kardec e meu guia, fico com meu guia.” Olha a incoerência! Muitas vezes
médium e suposto guia são mais equivocados do que se imagina e o chamado guia é
um desguiado...
Daí a prudência, o cuidado, para não cairmos na fascinação, de desdobramentos
lamentáveis.
Melhor estar sempre atento ao Protocolo de segurança do devido conhecimento
espírita.
Com Kardec no raciocínio e Jesus no sentimento, não tem erro. Aí não erraremos.
Orson Carrara