Soneto

Não te entregues na Terra à indiferença.
Cheio de amor e fé, trabalha e espera;
Nos domínios do mal, nada há que vença
A alma boa, a alma pura, a alma sincera.

No pensamento nobre persevera
De servir, sempre alheio à recompensa;
O desejo do Bem dilata a esfera
Das luzes sacratíssimas da Crença.

Vive nas rutilantes almenaras
Dos castelos do Amor de essências raras,
Aspirando os olores da Pureza!...

Terás na Terra, então, a vida calma...
E a morte não será, para a tua alma,
Jamais medonha e trágica surpresa.


Raul de Leoni