A Palestra do Instrutor
Ao nos retirarmos do educandário, o Instrutor Gúbio, pousando sobre Elói, o
nosso companheiro, e sobre mim os olhos lúcidos, acentuou:
– Para muitas criaturas, é difícil compreender a arregimentação inteligente dos
espíritos perversos. Entretanto, é lógica e natural. Se ainda nos situamos
distantes da santidade, não obstante os propósitos superiores que já nos
orientam, que dizer dos irmãos infelizes que se deixaram prender, sem
resistência, às teias da ignorância e da maldade? Não conhecem região mais
elevada que a esfera carnal, a que ainda se ajustam por laços vigorosos.
Enleados em forças de baixo padrão vibratório, não apreendem a beleza da vida
superior e, enquanto mentalidades frágeis e enfermiças se dobram humilhadas, os
gênios da impiedade lhes traçam diretrizes, enfileirando-as em comunidades
extensas e dirigindo-as em bases escuras de ódio aviltante e desespero
silencioso.
Organizam, assim, verdadeiras cidades, em que se refugiam falanges compactas de
almas que fogem, envergonhadas de si mesmas, ante quaisquer manifestações da
divina luz. Filhos da revolta e da treva aí se aglomeram, buscando preservar-se
e escorando-se, aos milhares, uns nos outros...
Auscultando-nos a surpresa manifesta, o instrutor prosseguiu, respondendo-nos às
argüições íntimas:
– Tais colônias perturbadoras devem ter começado com as primeiras inteligências
terrestres entregues à insubmissão e à indisciplina, ante os ditames da
Paternidade Celestial. A alma caída em vibrações desarmônicas, pelo abuso da
liberdade que lhe foi confiada, precisa tecer os fios do reajustamento próprio e
milhões de irmãos nossos se recusam a semelhante esforço, ociosos e
impenitentes, alongando o labirinto em que muitas vezes se perdem por séculos.
inabilitados para a jornada imediata, rumo ao Céu, em virtude das paixões
devastadoras que os magnetizam, arrebanham-se de conformidade com as tendências
inferiores em que se afinam, ao redor da Crosta Terrestre, de cujas emanações e
vidas inferiores ainda se nutrem, qual ocorre aos próprios homens encarnados. O
objetivo essencial de tais exércitos sombrios é a conservação do primitivismo
mental da criatura humana, a fim de que o Planeta permaneça, tanto quanto
possível, sob seu jugo tirânico.
André Luiz