Esboços Imperfeitos
As lições saltam aos olhos. A cada leitura mais atenta, descobrem-se as
pérolas das Obras da Codificação Espírita de Allan Kardec.
A expressão acima está capítulo XVII – Sede Perfeitos, de O Evangelho Segundo o
Espiritismo. Exatamente na conhecida e preciosa mensagem O Dever (assinada por
Lázaro, item 7 do citado capítulo e já no subtítulo Instruções dos Espíritos).
Referida apreciação de Lázaro é muito profunda, valiosíssima, abrindo enorme
perspectiva de estudos, reflexões, abordagens, entrevistas e artigos. Mesmo um
livro (ou vários) seria possível escrever a partir do expressivo texto. Eu mesmo
já proferi palestra várias vezes, valendo-me unicamente dos dois primeiros
parágrafos, sem explorá-los totalmente do que eles por si só já permitem. Muitos
outros amigos já se valeram do mesmo texto em entrevistas e outras abordagens,
textuais ou virtuais.
A expressão título desta abordagem é encontrada, todavia, no último parágrafo.
Reproduzo ao leitor para comentar na sequência:
“(...) Jamais cessa a obrigação moral da criatura para com Deus. Tem esta de
refletir as virtudes do Eterno, que não aceita esboços imperfeitos, porque quer
que a beleza da sua obra resplandeça a seus próprios olhos.”
O destaque em negrito é de minha autoria. Mas vejam os amigos leitores que
afirmação notável. Deus, em outras palavras, considera o autor, determina que as
criaturas devem refletir sua grandeza, não aceitando esboços imperfeitos. O que
significa também, em outras palavras, e que já sabemos, determinou que todos
deveremos alcançar a perfeição – ainda que relativa – para que a grandeza e
beleza de sua Obra, esteja em nós, as criaturas.
Daí todo aprendizado, longo, muitas vezes penoso, mas com uma finalidade
didática educativa, muito abrangente. Esse emaranhado de experiências
continuadas tem essa finalidade: aprimorar continuamente a alma. Lição
belíssima!
Assim, como humanos, muitos de nós guardam cuidados nos detalhes, exigindo
muitas vezes de nós mesmos esboços que se aprimorem continuamente nos diversos
segmentos das artes, das profissões, dos esportes, da cultura em geral – ainda
que trazendo imperfeições –, o que não dizer do Criador. Deus não criou para o
sofrimento, para a infelicidade, para a imperfeição.
Não! Criou para a beleza, para a grandeza, para a perfeição, repita-se, ainda
que relativa.
É uma questão lógica de justiça, de bondade! É um caminho que todos deveremos
trilhar. Deus é sábio e bom.
Alcançaremos, no tempo e no espaço, a perfeição, a beleza, refletindo a grandeza
do Criador. Note-se que Jesus já alcançou essa condição de co-Criador. Conosco
não será diferente.
Isso é altamente expressivo. Nada, pois, de desânimo. Mas coragem sempre! Esse
“desenho” ou “quadro” de nós mesmos está se aprimorando gradativamente. O
processo é longo, mas o resultado final será de felicidade plena. Facilitemos
isso com nossa boa disposição e muita confiança na Grandeza de Deus.
Lembremo-nos da citação de Lázaro: Deus não aceita esboços imperfeitos... Aqui
em outras palavras, mas refletindo a sábia didática da Inteligência Suprema do
Universo.
Deus, que criou o Universo, as criaturas, estabeleceu as Leis, sendo a Perfeição
Absoluta, não poderia – convenhamos – criar a imperfeição... O que vemos de
imperfeição é fruto do estágio em que transitam aqueles que ainda não atingiram
o objetivo. E isso é um processo contínuo, sem cessar. Fabuloso pensar tudo
isso...
Orson Carrara