A Felicidade do Amigo
Amizade é uma virtude muito louvada. Desde o livro bíblico Eclesiastes se
afirma que quem encontrou um amigo encontrou um tesouro.
Jesus chamou amigos aos apóstolos, compartilhando com eles tudo o que o Pai lhe
confiara.
Ante o gesto de Maria de Betânia, exalta a manifestação pura da amizade. Aquela
amizade que vê além do superficial e oferta ao amigo o que possui de mais
precioso.
Enquanto todos estavam preocupados com as regras judaicas, com se servir do
melhor no banquete, ela percebeu que o Mestre se despedia.
Eram Seus derradeiros dias sobre a Terra. O coração amigo tudo sentiu e por isso
ofereceu o que tinha de mais valioso: o perfume de nardo, guardado para a sua
noite de núpcias.
Quantos de nós temos amigos assim? Amigos que veem o de que necessitamos sem que
nada digamos.
Esse nos observa a repetir, seguidamente, as mesmas vestimentas e nos
providencia melhores vestes. Chegam-nos como presentes.
Aqueloutro se dá conta de que vivemos só e nos prepara uma festa surpresa, com
os amigos mais íntimos, para comemorar nosso aniversário.
Outro ainda percebe a sombra da tristeza que se abate em nossas preces, quando
as proferimos no grupo de estudos, os comentários quase melancólicos na
explanação do Evangelho e descobre as dificuldades que nos abraçam.
Então, providencia alimentos para nosso lar, recebe-nos na Casa Espírita com um
pequeno lanche, numa sacolinha discreta.
Amigos. Quem pode viver feliz na Terra, sem eles?
Nossa memória nos remete a um fato que envolve dois amigos.
Eram um menino e uma menina. Desde os primeiros dias, ainda no jardim de
infância, haviam criado esse laço afetivo.
Ano após ano seguiam nas mesmas turmas. Ambos alunos brilhantes. Em certa
oportunidade, disputaram a mesma vaga, num concurso literário de grande
relevância.
Haviam se esforçado muito na redação dos textos, dedicado à tarefa dias e dias
de concentração e análise.
Aguardavam ansiosos pela seleção que a escola faria da produção finalista, que
seria remetida à etapa estadual. Grande conquista a quem fosse escolhido!
Naquela semana, contavam as horas.
Quando, enfim, foi anunciado o resultado, a menina, que fora a vencedora, ficou
imóvel e muda.
Era o que havia aguardado. Acreditava-se merecedora. Porém, a sua vitória
significava a derrota do amigo.
Ele se sentiria magoado?
Foi quando o menino interrompeu o constrangimento do quadro silencioso, na
condição assumida de concorrente não contemplado.
Levantou-se, foi até onde estava a vencedora, cumprimentando-a, com muita
sinceridade.
Naquele olhar, ela somente viu a mais terna alegria. Era demonstração de
felicidade real, pela sua vitória.
Nada além disso: nem mágoa, nem despeito, nem revolta.
Apenas o reconhecimento honesto, pela vitória momentânea de outra pessoa.
Dessa maneira, ela pôde comemorar o seu êxito.
Seguiram amigos. Outros concursos vieram.
Em alguns, ela se sagrou vencedora. Em outros, não. Mas, a partir daquela
atitude de verdadeira amizade, jamais se esqueceu de que a felicidade do amigo
deve nos felicitar o coração.
Momento Espírita