Porque a Caridade?
Os que conhecem o Espiritismo sabem que seu lema é Fora da
caridade não há salvação. Esta definição de rumos tem orientado a prática
espírita em todo lugar, inspirando a fundação e funcionamento de hospitais,
asilos, orfanatos, creches e mesmo a distribuição de cestas de alimentos,
atendimento médico e odontológico gratuitos e outras atividades de atendimento e
promoção humanas.
A abrangência da expressão, todavia, indicou também iniciativas educativas,
desde a alfabetização de adultos, recuperação escolar, cursos
profissionalizantes fundação de escolas, até atividades de caráter artístico que
visem elevar o padrão mental/intelectual e emocional dos seres humanos. Óbvio,
pois tudo isso constitui educação.
E por que vincular educação com caridade? Por que o sentido da caridade, segundo
o pensamento de Jesus e apresentado pelo Espiritismo, está além da mera
satisfação da necessidade física ou material. O perdão das ofensas, a
indulgência para com os defeitos alheios e a benevolência para com todos
constitui a máxima expressão da caridade. E isto estimula as ações citadas nos
primeiros parágrafos deste texto, ao mesmo tempo em que educa através do exemplo
e do exercício.
Mas e a questão da salvação? É que quem se educa, salva-se da ignorância, causa
das precipitações humanas nos desvarios morais que se estendem diariamente. E
quem educa, quem atende às necessidades morais, materiais, emocionais ou
educacionais, salva-se a si mesmo. Mas, afinal, salva-se de quê? Dos efeitos
desastrosos trazidos pelo egoísmo, pelo orgulho, pela ambição, pela vaidade,
responsáveis todos pelos sofrimentos que se verificam no planeta. Portanto,
salva-se de sofrimentos futuros advindos desses defeitos morais. Todo bem que se
direciona ao próximo retorna em bênçãos no futuro, muitas vezes nas horas
seguintes. Isto não é jogo de interesses, mas conseqüência natural das leis
divinas. É, portanto, de nosso próprio interesse, da nossa própria felicidade,
viver o bem e fazer o bem possível ao alcance de nosso tempo, de nossas mãos,
das habilidades que possuímos. Com um benefício imediato: o bem que fazemos
livra-nos, ou salva-nos, dos dissabores trazidos pela indiferença pessoal
perante as dificuldades alheias.
Não é por outra razão que Jesus recomendou: faça aos outros o que queres que te
façam.
Orson Carrara