No Silêncio da Prece
Em ti, no silêncio da prece mental, sem que tenhas necessidade de ver ou
perceber, em sentido direto, o coração bate sem cessar na cadência admirável da
vida.
Movimenta-se o sangue, por mil canalículos diversos.
Intestinos trabalham independentes de tua vontade sustentando-te a nutrição.
Pulmões arfam revolvendo o ar que te envolve.
Impulsos nervosos eletrizam-te a imensa população celular do cérebro.
Miríades e miríades de unidades de vida microscópica na concha da boca.
Em torno de ti, no silêncio de tua prece, os átomos se agitam em vórtices
intermináveis na estrutura material da roupa que te veste e dos sapatos que te
calçam.
A eletricidade vibra esfuziante por quilômetros e quilômetros de fios,
transformando-se, não longe de ti, em força, luz e calor.
Milhares de criaturas humanas num perímetro de algumas léguas em derredor,
falam, cantam e choram sem que ouças.
Outros milhões de vozes em dezenas de idiomas, nas ondas hertzianas,
entrecruzam-se à tua volta sem que as registres.
Raios sem conta chovem sobre ti sem que lhes assinales a presença.
Inúmeros fenômenos meteorológicos se sucedem em toda parte, sem que consigas
relacioná-los.
O planeta faz giros velozes carregando-te, em paz e segurança, sem que tomes
qualquer conhecimento disso.
Igualmente, no silêncio de tua prece, acionas vasto mecanismo de auxílio e
socorro na atmosfera que te rodeia, comparável a imenso laboratório invisível.
O teu influxo emocional dirige-se além de teus sentidos para onde te sintonizes,
através de insondáveis elementos dinâmicos.
Não descreias da oração por não lhe marcares fisicamente os resultados
imediatos.
O firmamento não é impassível porque te pareça mudo.
No silêncio de tua prece mental, podes expressar até mesmo com mais veemência do
que num discurso de mil palavras, o hino vibrante do amor puro, a ecoar pelo
infinito, assimilando no âmago do ser a Divina Luz, que te sublimará todos os
anseios e esperanças, na renovação do destino.
André Luiz