Não te Afastes
“Mas livra-nos do mal.” - Jesus. (Mateus, 6:13.)
A superfície do mundo é, indiscutivelmente, a grande escola dos espíritos
encarnados.
Impossível recolher o ensinamento, fugindo à lição.
Ninguém sabe, sem aprender.
Grande número de discípulos do Evangelho, em descortinando alguns raios de luz
espiritual, afirmam-se declarados inimigos da experiência terrestre. Furtam-se,
desde então, aos mais nobres testemunhos. Defendem-se contra os homens, como se
estes lhes não fossem irmãos no caminho evolutivo. Enxergam espinhos, onde a
flor desabrocha, e feridas venenosas, onde há riso inocente. E, condenando a
paisagem a que foram conduzidos pelo Senhor, para serviço metódico no bem,
retraem-se, de olhos baixos, recuando do esforço de santificação.
Declaram-se, no entanto, desejosos de união com o Cristo, esquecendo-se de que o
Mestre não desampara a Humanidade. Estimam, sobretudo, a oração, mas, repetindo
as sublimes palavras da prece dominical, olvidam que Jesus rogou ao Senhor
Supremo nos liberte do mal, mas não pediu o afastamento da luta.
Aliás, a sabedoria do Cristianismo não consiste em insular o aprendiz na
santidade artificialista e, sim, em fazê-lo ao mar largo do concurso ativo de
transformação do mal em bem, da treva em luz e da dor em bênção.
O Mestre não fugiu aos discípulos; estes é que fugiram dEle no extremo
testemunho. O Divino Servidor não se afastou dos homens; estes é que o
expulsaram pela crucificação dolorosa.
A fidelidade até ao fim não significa adoração perpétua em sentido literal;
traduz, igualmente, espírito de serviço até ao último dia de força utilizável no
mecanismo fisiológico.
Se desejas, pois, servir com o Senhor Jesus, pede a Ele te liberte do mal, mas
que não te afaste dos lugares de luta, a fim de que aprendas, em companhia dEle,
a cooperar na execução da Vontade Celeste, quando, como e onde for necessário.
Emmanuel