Migalha e Multidão
“E tendo mandado que a multidão se assentasse sobre a relva, tomou os cinco
pães e os dois peixes e, erguendo os olhos ao céu, os abençoou e, partindo os
pães, deu-os aos discípulos, e os discípulos à multidão.” - (Mateus, 14:19.)
Ante o quadro da legião de famintos, qualquer homem experimentaria invencível
desânimo, considerando a migalha de cinco pães e dois peixes. Mas Jesus emprega
o imenso poder da bondade e consegue alimentar a todos, sobejamente.
Observemos, contudo, que para isso toma os discípulos por intermediários.
O ensinamento do Mestre, nesse passo do Evangelho, é altamente simbólico.
Quem identifica a aluvião de males criados por nós mesmos, pelos desvios da
vontade, na sucessão de nossas existências sobre a Terra, custa a crer na
migalha de bem que possuímos em nós próprios.
Aqui, corrói a enfermidade, além, surge o fracasso, acolá, manifestam-se
expressões múltiplas do crime.
Como atender às necessidades complexas?
Muitos aprendizes recuam ante a extensão da tarefa.
Entretanto, se o servidor fiel caminha para o Senhor, a migalha de suas luzes é
imediatamente suprida pelo milagre da multiplicação, de vez que Jesus,
considerando a oferta espontânea, abençoar-lhe-á o patrimônio pequenino,
permitindo-lhe nutrir verdadeiras multidões de necessitados.
A massa de nossas imperfeições ainda é inaquilatável.
Em toda parte, há moléstias, deficiências, ruínas...
É imprescindível, no entanto, não duvidar de nossas possibilidades mínimas no
bem.
Nossas migalhas de boa-vontade na disposição de servir santamente, quando
conduzidas ao Cristo, valem mais que toda a multidão de males do mundo.
Emmanuel