Esquecimento e Reencarnação
Examinando o esquecimento temporário do pretérito, no campo físico, importa
considerar cada existência por estágio de serviço em que a alma readquire, no
mundo, o aprendizado que lhe compete.
Surgindo semelhante período, entre o berço que lhe configura o início e o túmulo
que lhe demarca a cessação, é justo aceitar-lhe o caráter acidental, não
obstante se lhe reconheça a vinculação à vida eterna.
É forçoso, então, ponderar o impositivo de recurso e aproveitamento, tanto
quanto, nas aplicações da força elétrica, é preciso atender ao problema de carga
e condução.
Encetando uma nova existência corpórea, para determinado efeito, a criatura
recebe, desse modo, implementos cerebrais completamente novos, no domínio das
energias físicas, e, para que se lhe adormeça a memória, funciona a hipnose
natural como recurso básico, de vez que, em muitas ocasiões, dorme em pesada
letargia, muito tempo antes de acolher-se ao abrigo materno. Na melhor das
hipóteses, quando desfruta grande atividade mental nas esferas superiores, só é
compelida ao sono, relativamente profundo, enquanto perdure a vida fetal. Em
ambos os casos, há prostração psíquica nos primeiros sete anos de tenra
instrumentação fisiológica dos encarnados, tempo em que se lhes reaviva a
experiência terrestre.
Temos, assim, mais ou menos três mil dias de sono induzido ou hipnose
terapêutica, a estabelecerem enormes alterações nos veículos de exteriorização
do Espírito, as quais, acrescidas às conseqüências dos fenômenos naturais de
restringimento do corpo espiritual, no refúgio uterino, motivam o entorpecimento
das recordações do passado, para que se alivie a mente na direção de novas
conquistas. E, como todo esse tempo é ocupado em prover-se a criança de novos
conceitos e pensamentos acerca de si própria, é compreensível que toda criatura
sobrenade na adolescência, como alguém que fosse longamente hipnotizado para
fins edificantes, acordando, gradativamente, na situação transformada em que a
vida lhe propõe a continuidade do serviço devido à regeneração ou à evolução
clara e simples.
E isso, na essência, é o que verdadeiramente acontece, porque, pouco a pouco, o
Espírito reencarnado retoma a herança de si mesmo, na estrutura psicológica do
destino, reavendo o patrimônio das realizações e das dívidas que acumulou, a se
lhe regravarem no ser, em forma de tendências inatas, e reencontrando as pessoas
e as circunstâncias, as simpatias e as aversões, as vantagens e as dificuldades,
com as quais se ache afinizado ou comprometido.
Transfigurou-se, então, a ribalta, mas a peça continua.
A moldura social ou doméstica, muitas vezes, é diferente, mas, no quadro do
trabalho e da luta, a consciência é a mesma, com a obrigação de aprimorar-se,
ante a bênção de Deus, para a luz da imortalidade.
Emmanuel