Orvalho Lamacento e Leite Azedo
Imagine uma gota de orvalho numa folha qualquer, refletindo o brilho. É uma
imagem linda. Se estiver, todavia, numa superfície empoeirada, perderá sua
beleza, ficando lamacenta.
Ao mesmo tempo imagine também uma quantidade de leite colocada num recipiente
que não foi limpo. Isso vai azedar o leite, inviabilizando seu consumo.
As duas comparações foram feitas por Jesus na conversa com Sara, que lhe indagou
como iniciar a construção do Reino de Deus dentro de nós, dada sua dificuldade
em perdoar, nos apegos a que se sentia algemada e os domínios de ciúme e inveja
que ainda se prendia.
Jesus então responde fazendo as duas comparações acima. A beleza ímpar do texto
integral merece leitura atenta, que recomendo ao leitor. Aqui apenas uma síntese
motivadora.
Destaco, todavia, pequeno e valioso trecho:
“(...) Se não purificarmos o vaso da alma, o conhecimento, não obstante
superior, se confunde com as sujidades de nosso íntimo, como que as degenerando,
reduzindo a proporção dos bens que poderíamos recolher. (...) É por isto que os
nossos contemporâneos são justos e injustos, crentes e incrédulos, bons e maus
ao mesmo tempo. O leite puro dos esclarecimentos elevados penetra o coração como
alimento novo, mas aí se mistura com a ferrugem do egoísmo velho (...)”.
Que clareza! Por isso indico o leitor buscar a íntegra do capítulo. É o de
número 3- Explicações do Mestre, constante do livro Jesus no Lar, de Neio Lúcio.
Basta não esquecer, diante das ocorrências todas do cotidiano, o último
parágrafo da lição:
O orvalho num lírio alvo é diamante celeste, mas, na poeira da estrada, é gota
lamacenta. Não te esqueças desta verdade simples e clara da natureza.
Orson Carrara