Coração e Cérebro
Imaginemos um castelo de prodigiosa beleza, no cimo da montanha, talhado em
ouro maciço, ostentando torres de cristal, ameias incrustadas de pérolas e
pátios pavimentados de brilhantes, entre ogivas refulgentes, mas sem água que
lhe garanta a habitabilidade e alegria.
Ao clarão diurno, faísca de cintilações e, à noite, assemelha-se a santuário
sublime vestido de prateada luz.
Entretanto, na aridez em que se encrava, reduz-se a solitário retiro, no qual
somente as aranhas e as serpes da sombra se amontoam, rebeldes e envenenadas.
Eis, porém, que surge um dia em que de fonte oculta aflora no palácio um fio
dágua humilde.
E onde havia abandono aparece o pouso agasalhante, cercado de jardins,
substituindo a secura que se enfeitava de pó.
Escorpiões e víboras fogem apressados, ante os hinos do trabalho e as vozes das
crianças.
Temos nesses símbolos o cérebro supermentalizado e o coração regenerador.
O raciocínio erguido às culminâncias da cultura, mas sem a compreensão e sem a
bondade que fluem do entendimento fraterno, pode ser um espetáculo de grandeza,
mas estará distante do progresso e povoado pelos monstros das indagações
esterilizantes ou inúteis.
Enriqueçamo-lo, porém, com o manancial do sentimento puro e a inteligência
converter-se-á, para nós e para os outros, num templo de sublimação e paz,
consolo e esperança.
Cultivemos o cérebro sem olvidar o coração.
Sentir, para saber com amor; e saber, para sentir com sabedoria, porque o amor e
a sabedoria são as asas dos anjos que já comungam a glória de Deus.
Meimei