Libertar Obsedados e a Mediunidade de Cura

Sempre oportuno estudar, trazer à reflexão, a lucidez de Kardec. Sua perspicácia, sua ponderação nas análises, o raciocínio claro, são sempre admiráveis. Do artigo Considerações sobre a propagação da mediunidade curadora, constante da edição de novembro de 1866 da valiosa REVISTA ESPÍRITA, extraímos magnífico trecho nem sempre pensado por estudiosos do Espiritismo. Dada a relativa extensão e importância do texto na íntegra – com valiosas considerações como indica o título da matéria –, aqui destacamos pequeno trecho: (os grifos são de nossa seleção)

“(...) É assim que os médiuns curadores podem ter especialidades: este curará as dores ou endireitará um membro, mas não dará a vista a um cego, e vice-versa. Só a experiência pode dar a conhecer a especialidade e a extensão da aptidão, mas, em princípio, pode-se dizer que não há médiuns curadores universais, pela simples razão que não há homens perfeitos na Terra, e cujo poder seja ilimitado.
A ação é completamente diferente na obsessão, e a faculdade de curar não implica a de libertar os obsedados. O fluido curador age, de certo modo, materialmente sobre os órgãos afetados, ao passo que na obsessão é preciso agir moralmente sobre o Espírito obsessor; é preciso ter autoridade sobre ele para fazê-lo largar a presa. São, pois, duas aptidões distintas, que nem sempre se encontram na mesma pessoa. O concurso do fluido curador torna-se necessário quando, o que é bastante frequente, a obsessão se complica com afecções orgânicas. Portanto, pode haver médiuns curadores impotentes para a obsessão, e vice-versa. (...)”

O assunto é muito vasto e abre enormes desdobramentos, que requerem observação, estudo, pesquisa, acompanhamento, para não cairmos na leviandade das opiniões precipitadas diante dos atendimentos ou práticas mediúnicas que estejamos envolvidos. A análise vai muito além das aparências... Estudemos Kardec!


Orson Carrara