Felicidade
A busca da felicidade tem sido a aspiração maior do ser humano desde os
primórdios do seu desenvolvimento intelecto-moral.
Não conseguindo ainda discernir, buscava superar as sensações dolorosas e
desagradáveis, recolhendo-se na furna ou na floresta onde pudesse viver sem
assaltos.
À medida que as sensações se tornavam mais delicadas, passou a buscar aquelas
que melhor prazer proporcionavam, iniciando-se o desenvolvimento ético do
pensamento.
Desde aquele de natureza primitiva ao racional, e desse ao cósmico, surgiram
necessidades éticas e emocionais que deveriam ser trabalhadas, a fim de que
predominassem aquelas que plenificam os sentimentos.
Foi o período em que o pensamento mitológico deu lugar à percepção mental dos
valores que proporcionam renovação interior.
Surgiram as escolas da lógica e da razão, bem como as diretrizes para
alcançar-se determinadas experiências agradáveis e compensadoras, tais como
Licurgo, que estabelecia ser a felicidade como resultado do poder e do ter. Logo
depois, em contraposição, apareceu Diógenes de Sinope, com a proposta cínica,
tentando demonstrar que a posse é impedimento à felicidade pelo medo que se tem
de a perder. Quase que concomitantemente surgiu o estoicismo de Zenão de Citio,
renascendo com vigor as ideias de Sócrates, mediante a visão de si mesmo, o
olhar para dentro, o autoconhecimento...
A partir de então, multiplicaram-se as escolas de pensamento, e nos tempos
atuais, graças às ideias perturbadoras que ganharam a sociedade, com as suas
demandas políticas, religiosas e ateístas, o pensamento desvairou e a felicidade
recebeu chacota dos cínicos e nadaístas.
No século passado, o poeta brasileiro Vicente de Carvalho, entre outros
conceitos sobre o tema informou: A felicidade é como um pomo, que nunca o pomos
onde nós estamos, e nunca estamos onde nós o pomos.
O Espiritismo, confirmando a excelência do pensamento de Jesus, esclarece que a
felicidade consiste em fazer o próximo feliz, isto é, amar a todos com o mesmo
vigor com que se ama a si mesmo.
Esse desafio constitui a nobre conquista da plenitude, que se é feliz pelo que a
todos se proporciona em bem-estar e alegria de viver.
Quando a criatura humana dê-se conta de que o próximo é o caminho que a leva à
paz, em razão das bênçãos que se lhe podem proporcionar, o equilíbrio emocional
estabelecerá na Terra o primado do amor, portanto, da felicidade.
Se desejas realmente ser feliz, utiliza-te deste momento de desconforto geral e
evita a crítica, passando à ação do bem, e verás surgir uma nova primavera rica
de bênçãos.
Sê, pois, tu, aquele que constrói a felicidade onde te encontras, facultando-a a
todos. Assim, a felicidade de outrem será tua também.
Divaldo Franco