O Velho Problema das Drogas
Recentemente a Rádio Bandeirantes levou ao ar uma série de
reportagens sobre o velho problema das drogas.
Vários profissionais da área foram ouvidos e, infelizmente, pelas considerações
feitas, ficou entendido que grande parte da responsabilidade pelo uso de drogas
na adolescência, recai sobre os ombros dos pais.
O que geralmente acontece, é que os pais não observam algumas noções básicas
para se formar um indivíduo consciente das suas responsabilidades e resistente
ao apelo das drogas.
Pensando em fazer o melhor, os pais começam por isentar os filhos de qualquer
obrigação.
Para poupá-los, executam as tarefas que lhes dizem respeito.
Quando os filhos são pequenos os pais se desdobram para fazer tudo, providenciar
tudo para que nada lhes falte e para que não tenham que enfrentar frustrações
nem quaisquer dificuldades.
Se pudessem, os pais os poupariam até mesmo das enfermidades, dos pequenos
tombos, das dores, dos arranhões...
Quando a criança começa sua jornada na escola, os pais as acompanham e carregam
a sua mochila e, alguns, até fazem as lições de casa para poupar possíveis
reprimendas de seus mestres.
E assim a criança vai crescendo num mundo de ilusões, pois essa não é a
realidade que terão que enfrentar logo mais, quando tiverem que caminhar com as
próprias pernas.
Imaginemos alguém que nunca teve oportunidade de dar alguns passos, que sempre
foi carregado no colo, que forças terá para se manter de pé?
É evidente que essa criança, quando chegar na adolescência, não terá estrutura
nenhuma.
Diante da primeira dificuldade ficará vulnerável como uma flor de estufa aos
primeiros golpes do vento.
Ela não aprendeu a suportar frustrações, pois os pais as evitaram o quanto
puderam. Ela nunca teve nenhuma responsabilidade a lhe pesar sobre os ombros.
Jamais sofreu uma decepção e sempre teve a razão a seu favor, até mesmo nas
pequenas rixas com os amiguinhos da infância.
Crianças criadas assim, não estão preparadas para pensar, nem para sair de
dificuldades, nem para resolver problemas. Sempre esperam que alguém resolva
tudo por elas, pois essa foi a lição que receberam dos pais ou responsáveis.
Mas, afinal de contas, quem é que pode passar pelo mundo isento de dificuldades?
Isso é impossível, em se tratando do nosso mundo.
E o problema está justamente quando a criança, agora adolescente, sofre seu
primeiro solavanco, que pode até não ser tão grave, mas é suficiente para abalar
sua estrutura frágil, agora longe do olhar vigilante dos pais.
Psicólogos e psiquiatras, entre outros profissionais que se pronunciaram na
referida reportagem, aconselham que os pais evitem que seus filhos venham a usar
drogas, dando-lhes uma educação consciente, que prepara o indivíduo para viver
no mundo real e não num mundo ilusório por eles idealizado.
É preciso que os pais repensem essa forma de amor sem raciocínio, esse amor
permissivo, bajulador e sem consistência. É preciso permitir que os filhos andem
com as próprias pernas, amparando-os sempre, mas deixando-os fortalecer os
próprios "músculos".
É preciso deixá-los enfrentar pequenas frustrações, como não ganhar o brinquedo
igual ao do filho do vizinho, por exemplo.
Como não ganhar o álbum de figurinhas que todos os colegas da escola têm.
Educar é a arte de formar os caracteres do educando, e não de deformar.
Assim, se você é pai ou mãe e tem interesse em manter seu filho longe das
drogas, pense com carinho a respeito das recomendações que lhe chegam.
E, acima de tudo, doe muito amor e atenção aos seus pequenos, pois quem ama,
verdadeiramente, ensina a viver e não faz sombra para impedir o crescimento dos
seus amores.
Se você quer que seu filho tenha os pés no chão, coloque responsabilidades sobre
seus ombros.
Se você quer que seu filho resista aos vendavais da existência e ao convite
mortal das drogas, permita que ele firme suas raízes bem fundo, mesmo que para
isso tenha que se dobrar de vez em quando, como faz a pequena árvore enquanto
seu tronco está em formação.
Pense nisso, mas, pense agora!
Momento Espírita