A Árvore Útil
Vão e voltam viajores. Sucedem-se os dias ininterruptos.
A árvore útil permanece, à margem do caminho, atendendo, generosamente, aos que
passam.
Mergulhando as raízes na terra, protege a fonte próxima, alentando os seres
inferiores, que se arrastam no solo. Recolhendo o orvalho celeste, na fronde
alta, atende aos pássaros felizes que cortam os céus.
Costuma descansar em seus braços a serpente venenosa. Na folhagem, as aves
pacíficas tecem o ninho. A andorinha errante e exausta ganha força nova em seus
galhos, enquanto o filhote mirrado ensaia o primeiro vôo.
O viajante repousa à sua sombra.
O botânico submete-a a estudos demorados e experiências laboriosas.
A agricultura apossa-se-lhe das sementes.
Pede o doente a substância medicamentosa. O faminto exige-lhe frutos.
Os jovens arrebatam-lhe as flores.
O podador reclama-lhe o fogo de inverno.
Não raro, seus ramos são conduzidos às câmaras mortuárias, onde chovem as
lágrimas de dor ou aos adornos de praças festivas, onde vibram gargalhadas de
ironia da multidão.
Em seu tronco respeitável, muitos servos do campo experimentam o gume afiado da
foice ao deixar o rebolo.
Na ausência do homem, os animais grosseiros buscam-lhe os benefícios. A lesma
percorre-lhe os galhos, o lobo goza-lhe o refúgio.
Seu trabalho, porém, não se circunscreve ao plano visível. Movimentando todas as
suas possibilidades, o vegetal precioso esforça-se e respira, para que as
criaturas respirem melhor, em atmosfera mais pura.
O mordomo da terra, no entanto, quase nunca vê o serviço integral, não lhe
conhece os sacrifícios silenciosos e jamais relaciona a totalidade das dádivas
recebidas.
Raramente, dá-lhes um punhado de adubo e nunca se informa, respeito à invasão
dos vermes para defendê-la, convenientemente.
Conhecendo-lhe apenas o machado destruidor, se a colheita dos benefícios
tangíveis oferece expressão menos abundante.
A árvore generosa, porém, continua produzindo e alimentando, servindo e
espalhando o bem, nada esperando dos homens, mas confiando na garantia eterna de
Deus.
Médiuns dedicados a Jesus, fixai a árvore útil como símbolo de vossas vidas!...
Dilacerados e perseguidos, incompreendidos e humilhados, alimentando vermes e
pássaros, auxiliando viajores felizes e infelizes, continuai em vosso ministério
sublime de amor não obstante a indiferença do ingrato e o escárnio da foice,
convencidos de que enquanto o machado do mundo vos ameaça, sustenta-vos na
batalha do bem, o invisível manancial da Providência Divina.
Emmanuel