Males que são Necessários
“(...) A ignorância das leis universais faz-nos ter aversão aos nossos males.
Se compreendêssemos quanto esses males são necessários ao nosso adiantamento, se
soubéssemos saboreá-los em seu amargor, não mais nos pareceriam um fardo. Porém,
todos odiamos a dor e só apreciamos a sua utilidade quando deixamos o mundo onde
se exerce o seu império. Ela faz jorrar de nós tesouros de piedade, de carinho e
afeição. Esses que não a têm conhecido estão sem méritos; sua alma foi preparada
muito superficialmente. Nesses, coisa alguma está enraizada: nem o sentimento
nem a razão. Visto não terem passado pelo sofrimento, permanecem indiferentes,
Insensíveis aos males alheios. Em nossa cegueira, estamos quase sempre prontos a
amaldiçoar as nossas vidas obscuras, monótonas e dolorosas; mas, quando elevamos
nossa vista acima dos horizontes limitados da Terra, quando discernimos o
verdadeiro motivo das existências, compreendemos que todas elas são preciosas,
indispensáveis para domar os espíritos orgulhosos, para nos submeter a essa
disciplina moral, sem o que não há progresso algum. (...) comprimidos pelo
sofrimento, em existências humildes, habituamo-nos à paciência, ao raciocínio,
adquirimos essa calma de pensamento indispensável àquele que quiser ouvir a voz
da razão. (...)”.
O precioso trecho é de Léon Denis, no livro Depois da Morte (edição CELD),
constante no capítulo 50 – Resignação na Adversidade (Quinta Parte – O Caminho
Reto). Parece-nos dispensável qualquer acréscimo de comentário, exceto o de
motivar o leitor à leitura integral do capítulo.
Orson Carrara