Tormentos da Mediunidade

A faculdade mediúnica, embora seja de natureza orgânica, tem as suas raízes profundas no ser espiritual, como tudo que constitui a criatura humana.

Sendo uma expressão do sexto sentido, os valores ético-morais de cada Espírito respondem pelas ocorrências nessa delicada área que lhe faculta o desenvolvimento intelecto-moral. Não é, pois, de se estranhar, que a sua eclosão em qualquer período da existência humana se caracterize por alguns naturais distúrbios, tanto de natureza física, emocional, como psíquica.

Apresentando-se como oportunidade redentora do ser em dívidas perante os Divinos Códigos, pode expressar-se em caráter múltiplo de expiação, quando portadora de possessão, ou de provação, abençoado campo de experiências iluminativas. Igualmente, quando bem educada à luz do Espiritismo, o que podemos denominar como mediunidade com Jesus a serviço do bem, ergue o ser às culminâncias da alegria, da plenitude, ao mediunato, que o não exime de experimentar sofrimentos e perseguições dos Espíritos inferiores, que transforma em bênçãos de inestimável significado.

Não raro, apresenta-se como distúrbio de natureza variada, desde as manifestações de diversidade de humor, até, quase que simultaneamente, como alteração profunda de comportamento.

Invariavelmente expressa-se como enfermidades complexas, de natureza diversificada e sem facilidade de diagnóstico, em razão das alterações em que se apresenta. Entretanto, o seu vigor é mais angustiante nos fenômenos psicológicos, como consequência dos neuropeptídios acionados pelas suas energias desconexas...

Os comportamentos infelizes de existências passadas mesclam-se com as necessidades evolutivas do presente e dão lugar a conflitos diversos, em razão dos conteúdos morais de que se fazem portadores os Espíritos que são atraídos mediante as aspirações de cada qual.

Instabilidade emocional, personificações múltiplas, anelos frustrados, incertezas acerca das próprias necessidades são o cotidiano dos iniciantes no exercício mediúnico ou naqueles que somente lhes sofrem as imposições e lhes desconhecem a existência.

Sempre a mediunidade esteve cercada de superstições e práticas não compatíveis com o seu significado.

Mesmo na atualidade, em que os fenômenos paranormais têm merecido estudos e considerações de diversas doutrinas científicas, constatando-lhes a possibilidade, em razão dos complementos morais que exige, tem sido vista pelos indivíduos comuns como castigo de Deus ou desequilíbrio psiquiátrico.

À semelhança da inteligência e da memória, assim como de todas outras faculdades humanas, aguarda cuidados especiais, para bem atender a finalidade para a qual é destinada.

Exercício meticuloso e sério, reflexão constante, análise cuidadosa das suas manifestações, estudo pessoal do sistema nervoso e das reações emocionais constituem métodos eficazes para o seu êxito.

Simultaneamente, o ideal de servir que deve caracterizar o médium, conforme as diretrizes estabelecidas por Allan Kardec, é fundamental para o seu mister, quais sejam: a abnegação, a ausência de estrelismo, a gratuidade e a doçura do coração, tornando-se ímãs de atração aos Espíritos bons, que passarão a administrar as suas manifestações.

Se desejas candidatar-te ao exercício da mediunidade com Jesus, não te permitas as vacuidades humanas nem as suas perturbadoras concessões.

Considera o alto grau de responsabilidade que te é concedido e alegra-te, pela oportunidade feliz de servir.

Informações destituídas de significado tornaram a mediunidade algo dependente de superstições, mitos quando não de graves danos para aquele que a pratica.

Grandioso portal para demonstrar a imortalidade do Espírito é veículo de incomparáveis alegrias, dando sentido e significado à existência física.

Graças aos seus valiosos recursos faculta a vivência espiritual de maneira incomun, por favorecer a compreensão de todas as ocorrências que aturdem ou felicitam o ser humano.

Ademais dos benefícios proporcionados aos seus portadores, que devem sempre aceitar para si os conteúdos de que se reveste, enseja a iluminação das consciências obnubiladas que atravessaram os portais da desencarnação em profundo estado de perturbação, tendo prolongadas suas dores mesmo após a decomposição das estruturas orgânicas.

À medida que se expandam as informações corretas a respeito da mediunidade e a sua prática se torne habitual, desaparecerão os tormentos, pois que, afinal, nenhuma responsabilidade tem a percepção encarregada de exteriorizar as captações de que se faz objeto.

Em razão dessa sensibilidade, as obsessões tornam-se comuns naqueles que são iniciantes no exercício da faculdade ou não a praticam pelo fato de gerar sintonia com os Espíritos que transitam em idêntico padrão vibratório.

Essa ocorrência é observada igualmente em outras funções existenciais, como o comportamento, as aspirações e necessidades.

A cuidadosa observação das ocorrências mediúnicas e da conduta psicológica faculta o discernimento necessário para a educação tanto das emoções como dos fenômenos.

O espiritismo nela encontrou o veículo hábil e fiel para estabelecer os seus alicerces, confirmando a especial fenomenologia apresentada por Jesus, demitizando-a do miraculoso e fantasista, ao mesmo tempo permitindo que todo aquele que se integre ao espírito do bem, logre realizações equivalentes.

Quem se lhe dedique honestamente, não teme os sofrimentos que somente ocorrem por fazerem parte da ficha evolutiva, para superar os testemunhos do conhecimento e o estímulo à caridade a que se pode dedicar.

Convidando sempre à vigilância, eis que rutila como uma estrela na alma devotada ao amor, sendo portal que faculta penetrar na senda que leva a Jesus.

Resguarda, portanto, as tuas forças mediúnicas da vileza dos Espíritos insensatos e perversos, tornando-te instrumento do amor de Deus a todos e a tudo. Mesmo assaltado, uma vez que outra, pelos ardilosos e infelizes adversários da Luz, recupera-te, recobrando a alegria, agradecido pela oportunidade de socorrer e autoiluminar-te.

Abençoa a tua mediunidade com o respeito e a dedicação que merece de todos que anelam pela plenitude da existência.


Manoel Philomeno de Miranda