A Caridade
Nestes dias tempestuosos, com a repetição de desastres e calamidades de todos
os tipos, a Caridade é convidada a visitar-nos em regime de emergência.
O Apóstolo Paulo denominou-a como a maior das virtudes, especialmente em
referência à Fé e à Esperança, isto porque a Caridade as engloba em seu sublime
desiderato.
Quando falham os sentimentos conhecidos no comportamento dos seres humanos, o
Evangelho de Jesus nos convoca à prática da Caridade para com eles, ampliando o
seu valor a tudo quanto existe.
Dessa forma, a Caridade abarca o amor na sua mais elevada expressão. Não se
trata de uma fundamentação religiosa, mas conquista de uma excelente virtude de
integração da criatura na Criação.
Confunde-se, invariavelmente, a Caridade com a esmola, o doar de valores e
coisas que já não servem e mantêm aqueles que a recebem em situação deplorável
de necessidade.
O verdadeiro objetivo da Caridade é o de dignificar aquele que é beneficiado,
assim como se engrandece no silêncio e no anonimato daqueloutro que a exerce.
Em razão disso, a Caridade pode ser material e espiritual, no seu aspecto
enobrecedor de natureza moral. Bem orientada, socorre a fome, a sede, a nudez, a
enfermidade, mas também ilumina o desconforto moral, o abandono afetivo, a
loucura das paixões dissolventes, as situações de abandono, sem olvidar a
iluminação das consciências.
Nunca se perverte, nem depende de nada, exceto de ser vivenciada com
naturalidade, arrancando o necessitado da situação em que padece, concedendo-lhe
recursos morais para levantar-se da queda e recomeçar a avançar na jornada mil
vezes.
Quando as criaturas compreendermos que somos interdependentes umas das outras, e
que a solidão, a distância entre os seres humanos são estados patológicos ou
filhos rebeldes da ignorância assim como do orgulho vão, desaparecerão as
diferenças de classes, as presunçosas manifestações do preconceito de qualquer
natureza, porque todos serão vistos como irmãos em estágios diferentes da
evolução, todos trabalhando para a sua ascensão moral e construção do mundo de
legítima fraternidade.
A evolução do pensamento nas suas manifestações éticas, culturais, científicas,
civilizatórias tem como alvo a união de todas as criaturas, mesmo animais e
vegetais em harmonia, que se pode considerar sinfônica, pois que, cada qual,
como se fosse um instrumento musical, é indispensável, portador de importância
igual a todos demais.
Qualquer expressão restritiva na conduta humana em relação ao seu próximo é
atraso moral que a Caridade corrige.
Nesta hora de pandemia virótica, em que predomina a pandemia da miséria moral de
mulheres e homens mesquinhos, eles nos merecem o espírito de Caridade, para
serem menos infelizes.
Divaldo Franco