Gentilezas Salvadoras
Aquele cuja afabilidade e doçura não são fingidas nunca se
desmente: é o mesmo, tanto em sociedade, como na intimidade.
(Alan Kardec. E.S.E.Cap. IX. Item 6.)
Quando você afasta do piso uma casca de fruta deixada pela negligência de
alguém, não pratica apenas um ato de gentileza. Evita que algum desavisado
escorregue, sofrendo tombo violento.
Ao ceder o lugar no transporte coletivo a um ancião, você não realiza um gesto
de cortesia somente. Atende a um corpo cansado, poupando as energias de quem
poderia ser seu genitor.
Se você oferece braço moço à condução de um volume, poupando aquele que o
carrega, não pratica unicamente uma delicadeza. Contribui fraternalmente para o
júbilo de alguém que, raras vezes, encontra ajuda.
Portando a boa palavra em qualquer situação, você não atende exclusivamente à
finura do trato. Realiza entre os ouvintes o culto do verbo são, donde fluem
proveitosos e salutares ensinamentos.
Silenciando uma afronta em público, você não atesta apenas o refinamento social.
Poupa-se à dialogação violenta, que dá margem a ódios irremediáveis.
Se você oferece agasalho a algum desnudo, não só atende à delicadeza humana, por
filantropia. Amplia a cultura da caridade pura e simples.
Ao sorrir, discretamente, dando ensejo a um desafeto de refazer a amizade, você
não age tão-somente em tributo à educação. Apaga mágoas e ressentimentos,
enquanto "está no caminho com ele".
Procurando ajudar um enfermo cansado a galgar e vencer dificuldades, você não
procede imbuído apenas de gentileza. Coopera para que a vida se dilate no
debilitado, propiciando-lhe ensejos evolutivos.
Atendendo impertinente criança que o molesta, num grupo de amigos, você não se
situa só na formosura da conduta externa. Liberta um homem futuro de uma
decepção presente.
No exercício da gentileza, a alma dilata recursos evangélicos e vive o precioso
ensino do Mestre ao enfático doutor da lei, com afabilidade e doçura, quando Ele
afirmou: "Vai e faze o mesmo!".
Marco Prisco