Tropeços e Desgostos
Beneficência raramente observada: poupar aos outros a participação nos
tropeços ou desgostos que nos afetem a vida.
Pensa na inquietação que experimentas quando familiares e amigos te comunicam um
problema pessoal, que não consegues resolver, e, tanto quanto possas, procura
dissipar, por ti mesmo, as nuvens de aflição que, porventura, te ensombrem o
campo íntimo. Para isso, entrega-te às tarefas novas, cuja execução se te faça
compatível com as próprias forças e nas quais te reconheças útil aos demais. Se
não poder efetuar, de imediato, semelhante esforço, desloca-te, pouco a pouco,
do mundo mental menos ajustado ao encontro de atividades diferentes das
obrigações rotineiras, suscetíveis de propiciar-te refazimento ou renovação.
A leitura de um livro edificante . . . Uma visita construtiva . . . O passo na
direção daqueles que atravessam dificuldades maiores, no objetivo de auxiliá-los
O aprendizado de técnicas que enriqueçam a personalidade . . . Tudo o que deves
esquecer, tanto aquilo que te compete lembrar, é de suma importância, não
somente em socorro da restauração própria, como também no apoio à essa
beneficência genuína, em que o teu silêncio é valioso fator de imunização da
paz, naqueles que te rodeiam, principalmente naqueles a quem mais amas.
Se a criatura a quem confias no capítulo da perturbação ou da enfermidade não
dispõe de recursos suficientes para melhorar-te a situação, a queixa em que
extravasas é tão-somente um processo de amargurar os entes amados ou um meio de
expulsá-los de teu convívio.
Guarda o teu sofrimento e mostra-o unicamente àqueles amigos que te possam
medicar com segurança, para não destruíres o apoio e a colaboração daqueles
sobre os quais te sustentas. Basta que o desejes e a vida te revelará múltiplos
caminhos de reajuste e libertação.
Sai de ti mesmo, carregando a tua dor, ao encontro de dores maiores que nos
cercam, em todas as direções, a fim de minorá-las e regressarás, cada dia, a ti
mesmo, trazendo uma partícula nova a mais de compreensão, - da bendita
compreensão de que todos somos irmãos, sob a paternidade de Deus, - com dever
claro e simples de auxiliar-nos uns aos outros, a fórmula mais alta de
assegurar-nos o equilíbrio constante ou o reequilíbrio integral.
Emmanuel